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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

"Modus / A Teia" – Série Sueca

Temporada 2

RTP2

 

Modus Temporada 2  in. www.cineytele.com

 

Neste final de Dezembro, a RTP2 apresentou a segunda temporada desta Série Sueca.

 

O tempo da narrativa reporta-se à atualidade.

(Tão atual, que, inclusivamente, esta segunda temporada foi estreada este ano e, pelos vistos, a RTP2 conseguiu transmiti-la quase ao mesmo tempo que no país de origem. Também neste ano a findar haviam transmitido a primeira temporada.)

 

Interessante que esta 2ª temporada se desenrole em torno do desaparecimento de uma suposta Presidente dos EUA. (Opção quase concretizável recentemente e que muitos analistas reportam como possível a breve trecho. Hillary não conseguiu. Há quem refira como provável, futuramente, Michelle.)

Como teoria dominante dos investigadores americanos para a causa desse desaparecimento é apontado o Daesh, excluída a Rússia ou outros países…

 

A ação decorre maioritariamente em Estocolmo, durante uma breve visita, de fim-de-semana, a caminho da Alemanha, da Presidente dos Estados Unidos da América, que vivera na capital da Suécia, há quase vinte anos, quando o marido fora leitor na Universidade de Estocolmo.

Aí também teria sido concebida a filha de ambos…

Pressupostos para uma breve visita idílica, de sonhos cor-de-rosa, a serem devidamente explorados pelas revistas da especialidade…

 

Só que o enredo é de todo menos colorido. E os sonhos foram pesadelos.

E porquê?

Porque a presidente esconde um passado traumático, e algumas dessas situações perturbantes ocorreram precisamente na cidade de Estocolmo.

E é a exploração desse passado escondido da Presidente que terá sido o imbróglio primordial para o seu desaparecimento, apesar das teorias de conspiração dos organismos oficiais apontarem para as “Forças do Mal” habituais da atualidade, como já mencionado.

 

Alguns dos momentos chaves da ação ocorrem numa antiga fábrica de cimento, situada numa zona de florestas, já desativada e em vias de ser implodida. Espaços sombrios, pós-industriais, degradados…

 

Particularidades “modernas” desta série: a personagem principal, o núcleo primordial da narrativa, a centralização do enredo, situam-se e giram à volta de mulheres.

Mulheres com poder!

Mulheres que agem e controlam esse poder que possuem, tal qual os homens: com a mesma força, igual determinação e persistência, focalização nos objetivos…  também, por vezes, não olhando a meios para atingirem os fins. E tanto para o bem, como para o mal. Carne da mesma carne!

A personagem principal, Inger Johanne, já com duas filhas, de um casamento anterior, psicóloga comportamental, gravidíssima, do seu companheiro atual de vida e de profissão: Ingvar Nyman.

Inger trabalhou nos EUA, integrando o FBI como colaboradora.

Para este caso complicado, foi novamente chamada para trabalhar com a polícia de investigação sueca, tal como na 1ª temporada, para ajudar na descoberta do paradeiro da Presidente dos EUA, Helen Tyler, que de forma surpreendente desapareceu do “alojamento” onde estava super guardada, no Almirantado sueco, junto ao porto.

E este é o móbil da trama: descobrir, localizar a presidente, que, supostamente de livre vontade, conseguiu escapulir-se do Almirantado, sem ser detetada, através de um túnel desconhecido, disfarçado atrás de uma porta falsa, incrustada numa pintura de uma antiga princesa sueca.

Nessa busca agem os serviços policiais da Suécia, Polícia Nacional, e dos EUA, FBI, relativamente em convergência, também de forma paralela, e até em rivalidade e algum ressabiamento, dado o típico complexo de superioridade do poderio americano.

Em ambos os serviços policiais também se observam profundas divergências e conflitos de personalidades narcisistas e super egóticas.

 

Uma dessas personagens que tudo faz para alcançar os seus objetivos é Warren Schifford, atualmente assessor da presidente e que, nos EUA, supervisionara o trabalho de Inger, como seu mentor, quando esta lá estivera, quatro anos atrás. E que a destratara física e psicologicamente.

Situação que nos foi apresentada no início da temporada, ao longo da mesma e no final, quando, cara a cara, Inger lhe referiu que apresentara queixa contra ele na Suécia. De algum modo, esta atitude libertou-a do trauma vivido e que ao longo dos episódios foi sempre surgindo no desvendar do enredo e foi contaminando a investigação.

Intencional e propositadamente da parte do americano, figura execrável, apesar de muito inteligente e perspicaz.

 

Não vou, propositadamente, dizer que situação foi essa, nem como a presidente foi encontrada, nem as peripécias envolvidas.

Apenas digo que vale a pena ver a série, da qual foram passados oito episódios. Não sei se já terminou, pois ficaram muitos aspetos por desvendar. (Mas acho que terminou!)

 

O que fez a presidente sair da sua “toca”, sem que os “mastins” que a guardavam se apercebessem… percebemos. Tinha a ver com uma mensagem manuscrita, sobre a sua própria filha, Zoe.

Mas a onde se dirigia? E para falar ou se encontrar com quem?!

Sabemos que foi um dos seus guarda-costas mais experientes, que a levou secretamente. Mas porque a colocou na fábrica de cimento à beira de ser destruída?!

E como irá reagir a filha Zoé, após saber que não é filha da mãe, Helen?!

Virá a relacionar-se com a avó?

 

(Estas e outras dúvidas ficarão para serem esclarecidas em futura temporada?!)

 

Também sabemos quem foi o mentor, o mandante à distância, dos crimes envolvendo indiretamente a Presidente e o “Primeiro Cavalheiro”!

Um árabe, vivendo em Londres, também na América, e mais americano que os americanos: Troy, como o designava Warren.

Também percebemos as suas motivações.

Também sabemos que foi ele que teceu o desaparecimento temporário da Presidente dos USA!

 

Também muito fica por contar…

 

E um convite à visualização da Série. Logo que possa.

E que haja uma 3ª Temporada.

 

(E também acrescento que na política sueca, no contexto do seriado, também uma mulher, a Ministra da Justiça, jogou no xadrez governamental com o Primeiro-Ministro, e deu-lhe xeque. Mate?! Só saberemos se houver outra temporada.

E a nível da Polícia Nacional também as mulheres teceram as urdiduras da “Teia”, para o Bem e para o Mal, conforme já frisado.)

 

Outras Séries:

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“Jordskott” - Série Sueca na RTP 2

Séries Europeias na RTP2

 

 Terminou ontem, 5ª feira, 23 de Março, 2017, esta série sueca.

 

Sueca, não de jogo, célebre de cartas, mas de origem territorial. Que soube que era esta a origem geográfica, praticamente apenas nos últimos episódios, pois pensava ser norueguesa.

 

jordskott_t117859 in. filmow.com

 

Não vi os primeiros episódios.

Acabando de ver “A Mafiosa – Le Clan”, cinco temporadas, quarenta episódios, resolvi fazer quarentena.

E não iniciei “Jordskott”.

O título também não era nada apelativo, à priori, não era significante de nada, e pensei ser identidade de pessoa ou lugar.

Também só soube o que significava, no último e décimo episódio. Um superalimento, que uma personagem, Ylva, que percorria as ruas da cidadezinha, com um carrinho de compras do supermercado, dava a um peixe para o fazer super forte, antes de o lançar no rio.

Super alimento que Harry Storm, o assassino da série, tomaria no final e que o tornaria em super monstro.

 

Quando peguei na série custei muito a entender o enredo. Mas fui sempre vendo, ficando, como curiosidade, como vontade de descobrir e desenlaçar a trama, de ir tentando compreender toda a temática. À partida, não me agradava muito parte dessa temática, mas fui-me deixando ficar, talvez até, enredar.

 

O facto de o conteúdo temático fazer apelo a mitos, lendas e narrativas tradicionais, escritas e orais, de povos nórdicos, não sei se exclusivamente suecos, se de comuns e ancestrais antepassados de povos da floresta, esse facto fez com que muitos aspetos não se compreendessem na totalidade. Porque nos reporta para ancestralidades, tradições, conhecimentos, que nos são afastados culturalmente.

Mas fui-me deixando agarrar por esse desconhecido e vontade de perceber, entender, conhecer.

 

Achei também os assuntos, os/as personagens muito sombrios/as, tristes, pouco luminosos. Angústia, medo, sombras, pouca luz, muita ansiedade. Aspetos que me repeliam e, simultaneamente, me chamavam para a visualização.

Conclui a visão da série!

 

E, tenho que realçar, que teve aspetos muito positivos no final.

Foi uma série, mini, conclusiva.

As tramas enleadas, destrançaram-se. Resolveram-se os enigmas. Não nos restaram a angústia, a incerteza e a ansiedade, com que os guionistas teimam em deixar-nos, quando jogam com a provável continuidade dos seriados. Ademais, quando lidam com crianças raptadas ou desaparecidas. Lembro “Amber.

 

Nesta, as crianças foram todas resgatadas da gruta, para onde teriam sido levadas por um Muns, que não sei que era ou quem era.

(Talvez fosse Ylva, essa personagem, que o vulgo consideraria bruxa, mas que era um dos últimos seres especiais que restavam desse povo desaparecido, que teria vivido na floresta sagrada.)

 

Esse achamento das crianças na gruta foi realizado por Tom Aronsson, polícia e investigador local, que as encontrou através da filha, Ida, criança supostamente autista, mas que se revelou dotada de extraordinários poderes, como, aliás, a maioria daqueles personagens invulgares e excêntricos. Menina que se reencontrou consigo mesma e com o pai, com quem ela queria, de facto, compartilhar a sua vida.

Libertadas as crianças e entregues aos progenitores. Resolveu-se, deste modo satisfatoriamente, um dos enigmas que entrosou todo o conteúdo temático.

 

Os “maus”, digamos assim, foram “castigados”, usemos estas expressões reducionistas.

O “assassino”, Storm, foi ele morto pelo super peixe, ou o quer que fosse o ser que se movimentava oculto nas águas.

 

Gerda Gunnarsson que, por debaixo da mesa, foi sempre congeminando o seguimento do enredo, também morreria, de causas “naturais”, falemos assim da doença que a vitimou, o cancro.

Destino a que a sua ação na fábrica e ganância especulativa não seria alheia, em termos narrativos.

 

Lembremos que outra das temáticas assentava na existência de uma empresa madeireira, “Thornblad  Cellulosa”, também fábrica de celulose (?), que destruía a floresta, como fonte de matéria-prima; libertava fumos tóxicos, expelia águas residuais contaminadas, para o rio e lago das proximidades.

Esta era a parte da estrutura narrativa que espelhava a realidade, que todos conhecemos, um pouco por todo o mundo e os consequentes problemas ambientais.

 

Pelo meio, a ganância, a cupidez dos acionistas fabris, através do conselho de administração e de Gustaf Boren, sócio maioritário, de aumentarem a produção, de alargar a sua ação até outros setores.

Sabia-se, sabiam os dirigentes, conheciam alguns do povoado, a existência de filões de prata, que nas grutas afloravam à superfície.

Esse submundo subterrâneo, onde “reinaria” um povo, fugido da floresta (?), esta foi uma das partes que não consegui entender, essas grutas, bem como a floresta eram sagradas e deveriam ser mantidas intactas.

Existia até um acordo selado, no século XVIII, entre os antepassados de Eva Thornblad, detetive e filha de Johan Thornblad, e esse povo antigo.

Acordo que o pai, Johan, recentemente falecido, a respetiva firma madeireira e os atuais dirigentes vinham desrespeitando.

Inclusive, o pai de Eva, Johan, havia lançado desfoliante na floresta, já na década de setenta do século XX, matando muitos dos seus habitantes autóctones, que ele mandou posteriormente incinerar.

 

E estes seriam alguns dos aspetos, trágica e fatalmente realistas do enredo, sempre enovelados nos assuntos lendários, mitómanos e fantásticos.

 

E nesse contexto, simultaneamente “realista” e lendário, se situava o desaparecimento, sete anos antes, da filha de Eva, Josefine.

A morte de Johan Thornbald fora o motivo imediato do regresso de Eva a “Silver Height”, “Colina da Prata”, local onde residira com o pai e de onde se ausentara na sequência do trágico desaparecimento da filha, cujo corpo nunca aparecera.

O seu regresso e subsequente envolvimento na narrativa e busca das crianças desaparecidas e da sua própria filha foram um dos leitmotiv dos vários episódios, que, como já mencionado, tiveram um desfecho conclusivo.

 

E ainda e também neste contexto e ainda no lado positivamente conclusivo da narrativa.

 

Eva conseguiu que a firma reconsiderasse a sua ação, indiretamente a suspensão da prospeção do minério de prata e recuperou, perdendo, a sua filha Josefine

 

Esta “pertenceria”, faria parte, da Natureza, não me pergunte como nem porquê, e, Eva embora tendo-a recuperado, porque a perdera há sete anos, teve que aceitar, calma e naturalmente, como algo inexorável, a sua perda.

A criança – jovem, incorporar-se-ia, no território da floresta, na própria Terra Mãe, a que pertencia, transformando-se numa planta, rocha, integrada na própria terra, como se fora, quiçá, novo elemento mineral, talvez até fazendo parte do futuro filão de prata. Não sei.

 

E porque nesta pequena série parte do tema e dos personagens eram jovens e crianças, também o personagem Nicklas, filho de Gerda e do pai de Eva, seu meio-irmão, portanto, jovem supostamente doente mental, destrambelhado, se revelou, no final, extraordinariamente adulto e capaz de assumir os seus próprios destinos autonomamente.

A defesa dos interesses do filho, como forma de o afastar da instituição / hospital psiquiátrico, onde ele era internado e mal tratado, procurando assegurar-lhe um futuro financeiro estável, era a motivação egoísta, que levava Gerda, a engendrar as mais diversas artimanhas, culminando nas detonações das grutas, na busca da prata, sem se preocupar com as crianças aí retidas.

 

Valeu a intervenção de Eva e do meio-irmão, Nicklas, que apesar do seu aparente deficit cognitivo, mas extremamente afetuoso, conseguiu ainda que a mãe suspendesse essa intervenção desastrosa.

 

E, como tal, e é bom reforçar, as crianças salvaram-se!

 

Não julgo que tenha sido uma série, que tenha conseguido cativar muito público, digo eu.

Talvez fale por mim.

Foi difícil iniciar-me nela, não entendi todo o enredo, mas se a repetissem talvez procurasse segui-la, logo de início, para posterior melhor entendimento.

Gostei do final! Foi conclusivo e positivo.

 

E faltou contar muito sobre o narrado?!

Sim. Imenso!

E não falei de dois personagens que desempenharam papéis fulcrais.

Goran Wass, investigador e da jovem Esmeralda, nome sugestivo, ambos seres especiais, dotados de poderes sobrenaturais, fundamentais no enredo, mas sobre que já não vou perorar.

Apenas realço que eram dos poucos seres restantes desse povo antigo.

E que Goran fora precisamente colocado nessa investigação ao desaparecimento das crianças, que se iniciara com Anton, filho de um dos administradores da "Cellulosa", precisamente para tentar salvar os membros remanescentes e raros desse povo.

 

Se a RTP2 voltar a transmitir a série, vou ver se consigo visualizá-la e prestar atenção ao que não assisti.

E, talvez, contar desde o início e de outro modo, mais analítico.

 

Aqui tem, caro/a leitor/a, o que me foi possível. Especialmente para si, que gosta de séries!

E, obrigado, pela sua leitura!

 

 

 

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