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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Uma viagem de comboio em 1990 (I)

De Lisboa à Mata,  a propósito de Barca D’Alva!

Aldeia. Foto Original. 2021.12.22.jpg

Nos próximos postais publicarei um texto que escrevi sobre uma viagem de comboio entre Lisboa e a minha Aldeia, ocorrida em Janeiro de 1990. E as respetivas peripécias. (“Aos anos que isso já vai!”… Dirá o/a Caro/a Leitor/a e com muita razão.)

(Os postais anteriores sobre o “Comboio de Barca D’Alva” suscitaram-me essa lembrança. Postais, por sua vez suscitados pela Amoreira dessa mesma Localidade.)

Esse acontecimento ocorreu numa fase em que se verificavam desinvestimentos nos comboios, que se traduziam, entre outros aspetos, em avarias, atrasos, etc. E já várias linhas haviam sido desativadas, na segunda metade da década anterior. E outras destivações estavam planeadas.

Enviei esse texto, manifestando a minha opinião sobre o ocorrido, com considerações várias, a diversas Entidades públicas e privadas, alertando para a situação.

Com a publicação desse texto exteriorizo a minha faceta de intervenção cívica e cumpro um dos objetivos para que criei este blogue, em 2014. Publicar online textos antigos que escrevi. Tanto de prosa como de poesia, o que tem sido feito, embora de uma forma descontinuada. Porque tenho dado prioridade a “produções” recentes, que vou divulgando, à medida que vão surgindo.

 

Vamos então à primeira parte do texto. 

«Chover no molhado! 

Todos sabemos como Portugal tem seguido um desenvolvimento desarmonioso no que respeita às mais diversas condições, nomeadamente as geográficas. No que se refere a este aspecto, concentram-se as principais actividades económicas e o investimento nos dois ou três grandes centros urbanos, especialmente Lisboa e Porto. Também conhecemos as consequências de tal política, nomeadamente na explosão urbanística da Grande Cidade. Os erros sucessivamente acumulados provocam a falta duma qualidade mínima de vida condigna, para a grande maioria dos habitantes das grandes cidades, incluindo os que afluem do Interior, atraídos pela miragem da vida na Grande Cidade e falta de perspectivas no dia-a-dia do Campo.

Parecia lógico inverter tal situação procurando criar pólos de desenvolvimento no Interior, de forma a fixar aí as populações e, condição indispensável para qualquer investimento, construir boas vias de comunicação. Mas não! Esta conversa tão propalada periodicamente é rapidamente esquecida e, sublinho, constantemente contrariada na prática, como no caso que passarei a relatar.

No dia 27/01/90 desloquei-me, de comboio, à minha terra natal (Aldeia da Mata), situada na Linha do Leste, entre Torre das Vargens e Portalegre.

Às zero horas desse dia, terminara uma greve de maquinistas. Por tal motivo, de véspera, telefonei para as Informações da CP, a saber se haveria comboios no dia 27. Uma funcionária respondeu-me, simpática e convincentemente, que a partir das zero horas de 27/1 haveria todos os comboios.

De facto, segui no comboio que parte de Sta Apolónia às 11h 35’, em direcção ao Porto e que, no Entroncamento, dá ligação para a Linha do Leste, tendo como hora de chegada, à Mata, às 15h 22’. (O que já de si se pode considerar demorado para a distância de 195Km.) Mas nem a essa hora chegámos. Simplesmente a chegada verificou-se às 18h 10’, quase 3h. depois.

Até ao Entroncamento tudo decorreu normalmente. Chegou-se sensivelmente à hora habitual, havendo que fazer transbordo para o comboio do Leste, como é costume. Este deveria partir do Entroncamento às 13h 30’. Só que não partiu a essa hora, mas 1h e 10’ depois. E porquê? Porque na Linha do Norte avariou uma composição impedindo a chegada dum comboio que, vindo dessa Linha, trazia passageiros para o Leste. Compreende-se que se esperasse. Estes passageiros também pagaram o seu bilhete, também têm direito a chegar… pelo menos, em segurança ao seu destino.

Mas chegarão?! Chegaremos?!...»

*******

Caro/a Leitor/a, terminamos a 1ª parte.

Os sublinhados foram feitos no presente, A tecnologia de escrita, em 1990, não tinha as facilidades da atual, nos computadores. Era uma velhinha máquina de escrever mecânica. A ortografia era a que vigorava à data.

Obrigado pela sua atenção.

 

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