“Hospital Real” – 2º Episódio
Nova Série Europeia na RTP2
E desenrolou-se, ontem, 3ª feira, 1 de Setembro, o segundo episódio da supra citada nova série. Presumo que seja uma mini série, dado o tempo de duração de cada um dos episódios e a continuidade na narrativa, de modo a estruturar uma conclusão ao fim de alguns episódios.
Valeu a pena ter visto! A temática está a ser apelativa.
E quando aparece um crime para desvendar, no decurso do enredo, mais interessante se torna. Tornamo-nos um pouco “poirots”, pretensiosos, é certo!
Mas gosto da intriga que se processa, da incerteza, do jogo de probabilidades e conjeturas sobre as hipotéticas análises e descobertas.
Se são dois crimes, então!... Dose dupla de emoção policial!
Já se formou uma equipa de investigação, que se auto nomeou. O cirurgião-mor, Doutor Devesa e o herói, Dom Daniel, médico recentemente admitido no Hospital Real e a mocinha, a aprendiz de enfermeira, Olalla! Segredo absoluto, que no Hospital as paredes têm ouvidos.
Se têm!...
Para já, descobriram, graças à perspicácia do cirurgião-mor, que houve crime e não apenas um, mas dois.
E que estão interrelacionados. O modus operandi nas mortes, do fornecedor de víveres do Hospital e do capelão-mor, foi idêntico.
Logo, é o mesmo criminoso. Quem?
Na sequência da morte do Padre Damião, o criminoso tirou a máscara e pareceu uma cara conhecida. Seria?! Ou enganei-me? Julguei ser o rapaz mudo que circula silencioso pelas galerias do edifício, que é pau mandado da enfermeira-chefe, Úrsula, de nome. Seria, ou vi mal? Seria o Duarte?!
A equipa de investigação não sabe … Pssst! O segredo é a alma do negócio.
Sim, porque tudo parece indicar que há negócios por trás. O Dinheiro, sempre o Dinheiro!
Também já deduziram, isso sim, que os crimes, porque disso se trata, têm algo em comum: o Hospital Real!
Dedução também do nosso cirurgião-mor. O verdadeiro Hercule Poirot!
Interessante a sua figura física, a sua personalidade, as suas ideias, num mundo obscurantista, ainda dominado pela Inquisição. Personagem com que facilmente se simpatiza, pela sua lucidez e modo de atuação, face às barreiras que tolhem a sua ação no exercício da prática médica, num ambiente tão castrador.
Goya, in Los Caprichos, retratou muito bem essa Espanha de finais do século XVIII!
E ficamos por aqui, não vou contar a história toda.
Visualizar a série proporciona momentos emocionantes. Que não quero que percais.
Mas não vou deixar de questionar.
E quem serão os mandantes?!
Porque, de facto, a forma como todo o enredo se desenrola aponta para mandantes.
O nobre falido, Castro, sempre à procura de esquemas de sobrevivência para ganhar dinheiro sem trabalhar?! À época, Antigo Regime, os nobres não trabalhavam.
Às mulheres, senhoras, mesmo que não fossem nobres, também estava vedado o exercício de determinadas atividades. Atividades comerciais, por ex., especialmente se fossem altamente lucrativas e houvesse outro interessado no negócio, para proveito próprio e de quem o favorecesse.
Ou a irmã Úrsula, o Dragão, enfermeira-chefe e eminência parda em toda aquela instituição, movendo-se prepotente por todo o seu espaço de ação, manipulando, exercendo com crueldade e despotismo a sua autoridade sobre os mais fracos e desvalidos; fazendo pretensos favores, especialmente a poderosos, cobrando e lembrando juros futuros. Invocando, em vão, o nome de Deus, a sua pertença a uma Irmandade e Igreja, atribuindo aos seus atos, mesmo que criminosos, uma orientação divina! Denunciando… portando-se com falsa humildade perante os seus superiores.
Ou ambos: o “representante” da Nobreza e uma das “representantes” do Clero?!
E qual o papel da Inquisição em todo o processo?
Bem, para desvendarmos o enredo… basta segui-lo.