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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“Fortitude” - Série Britânica – Episódio XII

“Fortitude” - Episódio XII

3ª Feira – 06/10/2015

RTP2

todos in. fortitude.wikia.com

 

E na análise ao 12º episódio, começamos exatamente por Elena.

Hospitalizada, isolada como estiveram outros doentes. Que não sei como uma comunidade tão pequena tem recursos hospitalares tão bons! O que não têm são médicos. Se Drª Margaret morreu… E se destruíram o espaço em que ela estava isolada, onde arranjaram outro tão rápido para colocarem Elena?! Bem, não sei, não sou guionista… nem governador da ilha, nem produtor da série. Que já víramos Hildur a telefonar para o Continente a pedir recursos e reforços. Certamente terão chegado.

 

Também se viu que queimaram, tudo o que puderam, em Fortitude. Só o fogo realmente podia purificar tal ambiente. E será que conseguiram incinerar todas as vespas?

O mamute foi queimado, que Jason acabou por dizer que ele estava no armazém detrás do supermercado. Uma verdadeira estratégia política de Hildur que conseguiu convencê-lo a revelar o local.

Depois lá estava ela com os seus policiais a supervisionar a destruição do monstro, através do fogo regenerador. O barracão terá sido também um dos edifícios que foi queimado.

 

Mas voltando a Elena, hospitalizada.

No exterior do gabinete onde ela estava, encontrava-se Dan. “Penso em ti a toda a hora. Na escuridão e à luz do dia!” Temos continuação do romance para a próxima temporada.

E irá ela sobreviver? Uma vez que ela foi atacada pelo monstro que atacara os outros atacantes: Liam, Shirley, que morreu; Jason que também morreria, Ronnie de que não soubemos o destino.

E agora ela! Neste episódio fomos vendo a transfiguração facial e comportamental que foi assumindo. De que ela própria tomou consciência e, com medo dos atos que poderia vir a praticar, porque sabia o que os outros fizeram, quando possuídos dessa loucura incontrolável, ela própria se agrilhoou à cama, como lhe fizera Billy. E ela mesma atirou a chave para longe.

Mas quis o Destino, desta vez, escrever torto por linhas tortas.

Carrie, quando regressou a casa, não encontrando a sua “irmã mais velha”, por ela procurou, e achando-a naquele preparo, a libertou, ignorando que lavrara a sua sentença de morte. Morte macabra e cruel, como a que tiveram os outros assassinados pelos tresloucados, possuídos por essa estranha doença.

Nem Dan a conseguiu salvar, que Elena já a tinha esfaqueado.

E foi trágico e dramático ver Dan, primeiro ter que atirar em Elena, sua amada, e depois pegar em Carrie ao colo e levá-la por Fortidude, como se fosse uma dádiva, um sacrifício atroz, a um altar de deuses cruéis e maléficos.

Bem, ou mal, não sei, Carrie não figurará em próxima temporada. Ou será que ela não morreu?! Sempre pode ficar essa dúvida e os guionistas têm muita sabedoria…

 

Dan Carrie in popoptiq.com

 

Retomando outros personagens.

 

yuri in whatsontv.co.uk.jpg

 

Yuri e Max fizeram a perfuração no gelo do glaciar.

Mas chegou Eric. As bravatas do costume, nas coboiadas, que nalguns aspetos esta série tinha laivos desse género cinematográfico. Pistola para aqui, rifle para ali e antes já Max fugira na moto que Eric trouxera, que nem todos são heróis. Esgotadas as armas de fogo, que nem dispararam, porque o russo não carregara a dele e Eric é por demais ingénuo, envolveram-se à pancada. Murro dum lado, canelada do outro e Eric perdeu, ficando inconsciente no gelo.

Yuri preparou-se para descer pelo buraco no gelo e, de supetão, depressa chegou ao fundo.

Pensáramos que tivesse morrido, mas não. Vê-lo-íamos na base do glaciar, que no contacto com o solo se derrete e abre cavernas e simultaneamente se desloca, lenta mas inexoravelmente, erodindo as montanhas em que assenta.

Glaciar  in avclub.com

 

E como queria Hildur aí construir um hotel no gelo? Flutuante, já se vê!

Iremos ter Yuri em futura temporada?! Que este assunto das presas de mamute ainda tem pano para mangas.

Eric, passado o efeito do murro, acordaria, gritou para o buraco a saber de alguém, sem obter resposta, que Yuri ficou embasbacado com tamanha riqueza, e Eric partiu no camião que levava a broca, que como presente levou para a sua amada Hildur, estacionada no carro, a quem disse que amava, dito que ela primeiro ignorou, mas após chamá-lo com a buzina, ele para junto dela foi e foi vê-los beijando-se que nem amantes remoçados.

E temos continuação da parelha para futura época.

 

E, finalmente, vamos ao início do episódio, que já sabemos que estas narrações não respeitam a sequência da narrativa.

 

No hospital e no compartimento onde estava a Drª Margaret internada em cuidados intensivos, que isto dos médicos se tornarem pacientes, para mais numa pequena comunidade isolada, é caso de bradar aos céus!

Mas também é para alertar do perigo de contágio a que os médicos e outros profissionais de saúde estão sujeitos, que põem em risco a sua própria vida para salvarem a de outros.

E o mesmo acontece com os cientistas, como Vincent.

No mesmo compartimento, juntamente com a médica e milhares de vespas assassinas, cujo nome não consegui fixar.

No exterior, Dan e Natalie questionavam como matar todo aquele enxame, sem matar o jovem cientista.

Natalie teve a ideia de injetarem, o espaço isolado, de oxigénio e hidrogénio, que havia garrafas no laboratório e tubos e mangueiras para executar o procedimento. E foi o que fizeram. Vincent, arriscando a sua própria vida, abriu internamente as válvulas dos dois gases, que combinando-se, formam uma mistura explosiva.

E Vincent acendeu o isqueiro!

E foi uma explosão daquelas!

Vincent, que se sacrificara a bem da ciência, da medicina, de Fortitude e da Humanidade, porque se aquelas vespas se soltassem sabe-se lá, quase morreu, mas Natalie conseguiu salvá-lo!

E Vincent também ficou hospitalizado, todo queimado e picado das abelhas. Provavelmente não estará infetado, porque segundo pesquisa efetuada por Natalie, estas vespas pré históricas não tiveram tempo suficiente para atingirem a maturidade sexual. Pelo que estará apenas picado, mas não infetado pelos respetivos ovos, que elas injetam na corrente sanguínea dum hospedeiro vivo, de que se alimentam de dentro para fora. Foi o que aconteceu à médica!

Uma aberração da criação, que Darwin considerava impossível, Deus tivesse criado!

Um deus de amor não pode ter criado um ser tão maléfico!

 

“Não são as vespas que fazem duvidar da existência de Deus. Somos nós os seus filhos!”

Esta citação pertence ao professor Markus, que foi visitar Vincent.

Que também questionou se o que Frank lhe fizera não terá consequências. Se o facto de terem aberto Shirley, sem qualquer autorização, também não terá consequências. Que a atitude dela para com a mãe resultou mais do facto de ela ter sido toda a vida humilhada pela própria mãe, do que dessa teoria formulada pelos cientistas que, segundo ele, não faz qualquer sentido.

 

Fará? Não fará?

Ficaremos à espera da comprovação ou refutação na próxima temporada.

 

in fortitude.wikia.com

 

E, se nem todas as vespas tiverem sido exterminadas ?!

 

Pois exterminemo-las, por agora, que está na hora de terminar este conto! E de o publicar, tarde e a más horas!

 

“Hospital Real” – 11º Episódio

Série da RTP2

 

2ª Feira 14 / 09 / 2015

 

La familia de Carlos IV. De  GOYA. in wikipedia.jp

 

 

“Gostaria que fizesse algo por mim.” Palavras do Alcaide, para Dona Elvira.

Assim também ficámos a saber como a fidalga obteve o dinheiro para saldar a dívida e pagar a Ulloa. A carta misteriosa que ela recebera teria sido proveniente do Alcaide, não sabemos é o que ele terá andado a fazer nestes episódios em que esteve desaparecido. Dinheiro continua a ter. Também irá repor o correspondente ao desfalque que fez? Aguardemos. Mas visualizámos a sinopse do próximo episódio e tudo indica que irá ter papel importante!

 

E aqui focamos um dos subtemas que vem perpassando na série. O modo de vida da fidalguia de nome e linhagem antiga, vivendo acima das posses, desbaratando as heranças dos antepassados, enchendo-se de dívidas, usando todos os mecanismos de sobrevivência, para se manter à tona da sociedade. De que o modo de atuação de Dona Elvira serve de mote e que ela pretende continuar, assumindo o papel de Homem da Casa, a chefia da Família, já que o filho optou por outro modo de ganhar a vida, recorrendo ao Trabalho, fator e base de desenvolvimento da Nova Sociedade que se adivinha.

 

Exemplificando a queda do Antigo Regime de que a Revolução Francesa foi o motor, à data, ainda em primeira velocidade, mas de que a Guerra do Rossilhão, no início, já prenuncia a futura entrada dos exércitos napoleónicos na Península.

 

O filho, Dom/Doutor Daniel, no papel principal do enredo, em múltiplas facetas.

Enquanto fidalgo, nos princípios e valores ainda espelha a sua educação de base; mas também no papel de médico, exercendo uma profissão mediante salário, de formação académica superior, obtida em França, no início da Revolução, inovador nos métodos, na pesquisa e experimentação, perfil de investigador, aliando teoria e prática.

Enquanto herói apaixonado por uma mocinha da aldeia, do campo, Amor que pretende salvaguardar, prenúncio do Romantismo. Simultaneamente casado, segundo os cânones da Ordem Antiga, por conveniência, casamento combinado pelas famílias, e formalizado por um acaso excecional, mas que ele pretende manter, porque deu a sua palavra, selando um compromisso. Contudo, não amando a sua esposa, ainda não conseguiu consumar o matrimónio. O que se tornou tema do enredo, envolvendo a esposa, Clara, viva, que já foi morta; o Pai, Dom Andrés, confidente da filha que já não tem mãe, ou julga não ter, ou não se lembra, o que dá no mesmo. E também Dona Elvira, que, assim, fica a saber dos desaires do filho.

Mas o rapaz acaba por concretizar o ato! Numa cena filmada com o classicismo e a contenção de outros tempos, em que as ações são mais sugeridas do que explicitadas. Mais imaginadas que vistas.

De caráter exaltado não consegue controlar as pulsões viris, fácil e irrefletidamente se envolve em disputas cegas e absurdas, de que a briga na taberna foi o paradigma e cujas consequências lhe rebentaram nas mãos, quando se viu perante o paciente, que quase rebentara de pancadaria. Agora, na sala de operações, onde seria suposto Daniel, enquanto médico, salvar.

E voltam as palavras sábias do seu colega e mentor, Doutor Devesa, de que as mãos são o seu bem mais precioso, que não são para desbaratar em sessões de boxe, que não sei se já assim seria designado esse desporto briguento.

 

Doutor Devesa, papel crucial no Hospital, enquanto Cirurgião Mor e membro do Conselho Hospitalar, numa vida dedicada aos Outros, tentando salvar Vidas, mas também consciente dos fracassos sempre inerentes dessa função. Inovador quanto baste enquanto profissional, mas apoiando as pesquisas do novel médico, pragmático e sensato, que a idade tudo leva e tudo traz. Portador de um segredo, que confessou ao Capelão e certamente dedutível a partir das palavras gravadas numa carta que um seu Amigo escreveu na hora da Morte e que foi parar em endereço errado, passando das mãos da víbora Úrsula para as da cascavel Somoza. Destino trágico e cruel!

 

Dona Irene, feminista antes de tempo, ao sujeitar-se a uma operação a um pólipo no Hospital, aliviada de não ser gravidez, pode observar internamente o respetivo funcionamento. Uma vantagem para todos.

Constatando que as enfermeiras eram pouco mais que escravas na Instituição, propôs que elas recebessem um salário.

Proposta ousada na altura, sob todos os aspetos, muito para além do lado financeiro, ou eventual prejuízo para o Hospital, que ela se propôs cobrir, abdicando de alguns benefícios no seu negócio de abastecimento de víveres.

Sujeita a votação no Conselho, foi a proposta aprovada, revelando-se Dom Andrés, além de excelente administrador, também exímio estratega.

Doutor Devesa votou a favor, sendo igualmente portador do voto favorável da comerciante, que estava ainda de convalescença. O Inquisidor e a Enfermeira Mor foram, naturalmente, opositores. E aí, Dom Andrés pediu o voto do Capelão Mor, que também foi favorável, situando-se, assim, em oposição, mais uma vez, ao Inquisidor, desobedecendo-lhe. Calcule-se como este ficou a ferver por dentro, pronto a explodir, o que acontece umas linhas adiante.

Estava a proposta aprovada, mesmo sem sequer ser precisa a votação do Administrador.

Mas sendo este interpelado pelo Inquisidor para que o fizesse, foi também a sua opinião no sentido de aprovar um salário para as Enfermeiras.

E, assim, definiu também os papéis de cada um no Conselho e reforçou o seu Poder, que o Inquisidor tanto deseja.

Este, após a ocorrência e nos bastidores, no corredor, perante o Capelão, Padre Bernardo, saltou-lhe completamente a tampa, berrou-lhe que nem fera enlouquecida, não o engoliu vivo porque não pôde, explodiu de raiva e informou-o de que o iria mandar prender pelo Santo Ofício.

 

E isto porque a carta, que o amigo de Doutor Devesa lhe escreveu, foi parar às mãos da Enfermeira Mor, Dona Úrsula, o “Dragão”, de Komodo, lhe chamo eu, víbora que também é cascavel. Que conduz a narrativa pelos caminhos ínvios da destruição e malvadez.

Portadora da carta e conhecedora do segredo do Doutor Devesa, resolveu mudar-lhe o endereço e atribuir-lhe outro destinatário: o Capelão Mor, Padre Bernardo, Alma caridosa e boa, que não merecia tal destino. Assim, simultaneamente, atacava dois opositores, de forma imediata, o Capelão e quem sabe, futuramente, o Cirurgião!

Na posse da carta dirige-se ao Inquisidor, supondo que levava um trunfo imbatível, exigindo ou propondo, não sei bem, a troca da carta pelo original do testamento do Padre Damião, que ela falsificara.

Pensava ela que levava um trunfo imbatível, disse eu. Só que o feitiço se virou contra o feiticeiro e, o Inquisidor, víbora ainda mais peçonhenta, não só lhe confiscou a carta, como não lhe deu o testamento, e cumulativamente ameaçou-a de Tribunal e cadeia e ainda a subjugou mais à sua vontade e fome de Poder!

 

Do Poder que quer ganhar no Hospital, que nós já sabíamos, pois ele já o explicitara ao Capelão, frisando-lhe que o seu papel na Instituição era precisamente esse e não outro qualquer. Ajudá-lo a obter o lugar de Administrador, retirando-o a Dom Andrés. E, por isso mesmo, fora designado para as funções de Capelão Mor.

Objetivo que, a partir de agora, Dom Andrés também já ficou sabedor, pois que o Capelão lho deu a conhecer, quando dele se foi despedir.

Que o Capelão não quis esperar que viessem buscá-lo para ir para a prisão do Santo Ofício. “Adianto-me aos seus enviados. Ninguém sentirá a minha falta”, disse ele a Somoza, Inquisidor Mor, ao apresentar-se para ser preso.

 

Que não lhe sentissem a falta não é verdade, que Dom Andrés manifestou-lhe logo a sua estima e relevância no Hospital.

Doutor Devesa, ao saber que era devido à célebre carta, em que certamente se falaria de uma amizade, só que colorida e, malevolamente, fora endereçada para o Capelão, logo ali quis assumir os seus pecados, que ninguém tinha que pagar por eles. O Capelão lhe disse que os seus pecados, já confessados, expiaram com a morte do seu Amigo, Aníbal.

Interrogando-se como a carta poderá ter ido parar a Somoza e deduzindo que só poderia ter sido a cascavel, a ela se dirigiu, apelidando-a precisamente de víbora, o que nós já fazemos há alguns episódios, e, exaltado, lhe gritou: “Vou encarregar-me que pague pelo que fez com Bernardo!”

Pelo que bisbilhotámos do próximo episódio, vislumbrámos que o Destino se vai encarregar desta ameaça!

 

E ficam-nos sempre temáticas por abordar, personagens por mencionar, excertos por comentar.

 

Já referi a simpatia de Duarte por Olalla.

Ontem, quando no quarto dela entrou, muitas ideias malévolas se supuseram! Quando abriu a navalha com que degolou as suas vítimas, e da jovem se aproximou, um arrepio surgiu, como se ele fosse executar o papel do Destino…

Afinal, tão somente e apenas se abeirou dela para lhe cortar uma madeixa de cabelo, que guardou cuidadosamente num bolso, junto ao coração.

E é assim, este assassino. Simultaneamente crudelíssimo e ao mesmo tempo capaz de gestos simples de carinho, só carinho (?), nomeadamente quando olha, enlevado, para a mocinha, heroína da novela!

 

E, a outra moça, Rosália, continua se derretendo com o seu Cristobal, o boticário!

 

E, assim, termino, por hoje!

Espero que tenha gostado!

 

“Hospital Real” – 10º Episódio

Série RTP2

6ª Feira - 11 de Setembro de 2015

 

E vamos de abordagem ao décimo episódio, ontem apresentado.

 

sites.google.com     anjo.jpg

 

Não tendo morrido Dona Clara, será que ressuscitou?

 

E, mais uma vez, se colocam em confronto, perspetivas contraditórias próprias de uma sociedade à beira de grandes transformações.

 

O lado científico, positivista, afirmava que teria havido uma sobredosagem de estramónio, tomado por iniciativa da própria paciente, mas que nós sabemos ter sido obra da malvada bruxa, encarnada de “Dragão”, disfarçada de monja.

Propunham-se comprová-lo, experimentando com uma rã, o que fizeram, confirmando a hipótese formulada e afirmando a tese de que a dose excessiva do medicamento provocou o pretenso estado de morte, aparente, e o subsequente despertar, após passar o efeito do mesmo.

Estavam deste lado da barricada os médicos, o boticário e o administrador.

 

Do outro lado, uma perspetiva metafísica, suportada pelos clérigos, afirmando ter sido uma Ressurreição. Mas com opiniões contrárias. O capelão, que fora Obra Divina, o inquisidor, que fora ação do Demo, querendo partir para exorcismo!

 

Valeu a chegada inesperada, mas providencial, do Arcebispo Malvar, que afirmou diretamente para o Administrador que “ Na recuperação de sua filha, não esteve o demónio, mas Deus!” e, deste modo, encerrando uma questão, que sendo experimental e científica, se tornara teológica e perigosa de discutir, porque ideologicamente contrária à vontade e desejo do Inquisidor, tornando-se motivo de heresia, com as consequências inquisitoriais da época.

Arcebispo que, publicamente, não se coibiu de afirmar a sua Amizade para com o Administrador, apesar de se verem pouco.

 

O Inquisidor, literalmente, “meteu o rabo entre as pernas”, desculpe-se-me a expressão e foi congeminar intrigas para corredores e esconsos do Hospital.

Aproveita-se da sinceridade ingénua do Capelão, que lhe entrega o original do testamento do Padre Damião, confirmando que houve troca fraudulenta do mesmo; e coloca em "xeque" o “Dragão”, Dona Úrsula, confrontando-a com o facto de ela ser, por isso, responsável e exige-lhe, em troca do seu silêncio, que ela diligencie no sentido de o Capelão ser expulso do Hospital, invocando que é Jesuíta, sendo que ele mesmo também o é.

Duas cobras-cascaveis em confronto, quem vencerá?

 

A Enfermeira Mor sempre a bisbilhotar tudo quanto se passa na Instituição, arrastando, silenciosa, o hábito, que a cobre e protege, as mãos que tantos crimes cometem, sempre escondidas, mas prontas a esconder, nesse mesmo manto encobridor, qualquer objeto que possa incriminar outros indefesos, desde um simples botão, achado em local inusitado, a uma carta possivelmente comprometedora.

 

E, a propósito de cartas, lembramos que, no nono episódio, Dom Andrés recebeu uma anónima, em que se afirmava “Conheço o teu segredo.”

E, no episódio de ontem, décimo, a empregada Flora, que trata da sua mulher, cujo nome ainda não fixei, entregou-lhe outra, quando ele foi visitar a esposa, que andara desaparecida, que supostamente regressou sozinha, mas nós sabemos que foi a bruxa má que a levou e que até bebericou um chazinho e papou, regalada, uns bolinhos, que ela é gulosa como a sua parenta da célebre história, que queria papar os meninos, na casinha de chocolate.

E nessa carta o que dizia?!

Que ele deveria ir depositar mil cruzados na Fonte de São Pedro, não sei se aí haveria alguma caixa de multibanco, nem se ela teria dado o IBAN, mas as chantagens já eram comuns na época!

Para que o seu segredo fosse guardado.

 

imagem santo in sncultura.org.jpg

 

E a narrativa vai neste ponto. E São Tiago observa e vela para que tudo se estruture bem no respetivo Caminho! 

 

Mas quando idealizei este post, pensei estrutura-lo de outro modo. Mas a narrativa toma conta de mim e leva-me por outros caminhos, que por vezes são atalhos.

 

Inicialmente projetara falar de Amor, Amizade e Morte! Mas comecei por Ressureição e daí o narrador foi seguindo ao sabor da narração.

 

De Morte que compõe e estrutura todo o enredo, seja provocada ou natural, que tanto assusta o novel médico, porque é suposto que a Medicina ajude a salvar quem precisa, mas que está sempre rodeada pela presença da imagem do segador de gadanha, ceifando a Vida.

Morte que, pelos vistos, também atemoriza o médico experiente, como é Doutor Devesa, que também soçobra perante a iminência da sua chegada junto de um Amigo de longa data, mas de prolongada ausência e afastamento, e que chegou ao Hospital, na esperança que o Amigo Sebastian o ajudasse a salvar-se. Este, consciente da sua impotência e incapaz de enfrentar a situação, refugia-se no álcool, percorre as tabernas da Cidade Santa, à procura de Baco e é achado por Duarte, essa figura providencial, para o Mal, mas também para o Bem, que o carrega de volta para o seu mester, a mando de Doutor Daniel, que foi incumbido de informar o paciente da irreversibilidade da chegada, dolorosa, da Dona Morte!

 

Da Morte, cujas novas também vêm por carta (agora chegam de SMS), mas foi por carta que o Intendente informou o Administrador que o soldado Salcedo fora enforcado nessa manhã. E também assim se soube que o Capitão Ulloa seria sujeito a castigo por ter participado na fuga do soldado e sorte tiveram as enfermeiras novatas de não serem também castigadas.

E o Capitão foi sujeito ao suplício das basquetas, passando entre duas filas de soldados, sendo que cada um deles o sovou nas costas com uma bastonada. Livrou-se da forca, que bem poderia ter acontecido. O facto de o Intendente ser seu tio terá tido alguma influência?

 

E cumprido o castigo, ficou o Capitão com as costas em chaga, para que a enfermeira Olalla lhe fizesse o curativo. E aqui falamos também de Amizade!

Mas ao falarmos de Olalla também falamos de Amor!

Do Amor que a une a Daniel, mas que agora convencionam ser Amizade, porque ele é casado com Clara, que sendo morta foi ressuscitada.

“Seremos Amigos, os melhores que há!”, lhe disse ela, ingénua, mas sensata, que foi o que lhe valeu, a sua sensatez! Se não, o que não valeria um simples botão encontrado em local inusitado?

E, por causa de um simples botão, foi sujeita a prova de fogo, humilhada pela bruxa má, à procura da integridade do seu botão de rosa!

E de Amor, também nomeamos o da enfermeira Rosália e do boticário Cristobal, apatetado é certo, mas confirmado, que nem foi precisa a intervenção cruel, cínica e despótica do “Dragão”, sempre pronta a humilhar os mais fracos.

 

E, de Amizade, também falamos da que une Dona Irene e Dom Andrés, que até se poderia transformar em Amor, até cheguei a supor que isso aconteceria, mas não pode, que a esposa ainda é viva e ele por ela demonstra muito carinho e também Amor. Pena que esteja louca!

 

E também de Amor e Paixão falamos dos sentimentos que unem Ulloa e Rebeca.

 

E de Amizade, embora já velha, também falamos da que unia Doutor Sebastian Devesa ao doente à beira da morte. Moribundo, que redigiu uma carta dirigida ao seu Amigo, mas que, desencaminhada, foi parar às mãos da bruxa má, sempre ela, que a guardou no regaço e logo que pode, abriu e ficou a conhecer o que nela estava escrito.

Alguma confissão, um hipotético segredo, que ela usará como melhor lhe convier! Ou não fosse ela uma das grandes condutoras dos trilhos do enredo da série.

 

Também podemos designar como Amizade o sentimento que Duarte nutre por Ollala e que vai manifestando por gestos simples, mas carinhosos, ao longo da trama. Ontem, após ela ter sido sujeita à humilhante e cruel prova de fogo, arrefecendo ao relento nos claustros, chegou este e colocou-lhe o seu casaco nos ombros.

 

Também podemos informar que Dona Irene, afinal, não está grávida. Na consulta com Doutor Daniel, este deu-lhe conhecimento que ela tinha um pólipo, que lhe seria extraído através de uma pequena operação.

À data, já seria possível realizar tal operação?! Não sei, foi o que foi verbalizado pelo médico, ele é que sabe…

 

E voltando ao início deste, já longo texto, de que se vive uma época de grandes transformações, de que eles próprios se apercebem, como referem os nossos protagonistas, o par romântico.

“Vivemos tempos extraordinários. Os reis perdem a cabeça. As moças da aldeia são enfermeiras no Hospital Real. Os mortos ressuscitam!”

Hospital Real” – 9º Episódio

Série da RTP2

5ª Feira, 10 de Setembro

 

Prólogo

 

Antes de escrevinhar alguns comentários sobre o nono episódio, devo, antes de tudo o mais, enquadrar algumas palavras neste breve prólogo.

Prologuemos então.

Estimado/a leitor/a,

Quero agradecer-lhe a amabilidade em visitar este blogue, a gentileza em percorrer os posts que nele vou colocando. As suas leituras muito têm contribuído para que as visitas e visualizações deste “canal de comunicação” tenham crescido substancialmente. Relativamente ao contexto em que se insere, claro!

Espero que aprecie os textos, que se divirta e que tire algum proveito dos mesmos.

Não tenho qualquer pretensão com o que escrevo. Apenas transmitir algumas opiniões, tecer uns breves comentários. E, sinceramente, desenvolvo esta atividade com gosto e por gosto! Sabendo que há quem leia, ainda me dá maior satisfação.

Pois continue lendo. Desejo que ganhe gosto a estas leituras. E que continue vendo a série.

E o meu sincero muito obrigado!

 

in thegypsynomads.com catedral santiago.jpg

 

Desenvolvimento

 

E prossigamos, então, para alguns comentários sobre a Série e o Episódio 9, de 5ª feira.

 

O desenrolar desta série não deixa de nos surpreender. Quando julgamos que vai terminar e o enredo se vai desenrolar, lá aparece outro nó na trama.

Ontem equivoquei-me, pois na 4ª feira vira mal a programação e supusera que na 5ª feira, ontem, haveria dois episódios e deste modo finalizariam a série. Erro meu… e o meu pedido de desculpas.

 

Que eu já estou ansioso não que ela termine, que as temáticas nos prendem ao enredo, mas por saber o final.

Se fosse livro, já o tinha lido todo. Como quando leio determinados romances, como já referi em post anterior, no respeitante a Jorge Amado.

 

Mas esta pequena novela tem algumas características que no-la tornam muito apelativa.

À partida é uma série histórica, pelo que se me torna desde logo e, à priori, apetecível. E, neste aspeto, é impecável, reconstituição exemplar do tempo histórico a que se reporta. Inclusive com o cuidado de nos ir situando nos momentos cruciais. Ontem, soubemos que a Espanha já estava em guerra com a França. Guerra de que já falámos em post anterior. Logo, a ação que ocorria nos primeiros meses de 1793, já foi também precisado o mês de Fevereiro, agora estará a processar-se na 2ª quinzena de Abril de 1793.

Num cenário de Guerra, o que altera completamente as vivências e o quotidiano das personagens. O Hospital já reuniu o respetivo Conselho, na sequência do conhecimento que o Administrador teve dessa declaração de Guerra, por meio de carta enviada diretamente do Rei, através de um emissário militar.

Militares que agora passam a ter um papel mais importante na narrativa, para além do que já desempenhava o nosso célebre Capitão, mas o desempenho deste, até agora, resumira-se apenas a outras lutas, que não as militares, nomeadamente o ferimento que o levara ao Hospital, nada teve a ver com Guerras. Só as de alcova.

 

E abrimos já duas vias neste pequeno excerto: falámos do Conselho e do papel dos Militares na narrativa…

 

No concernente ao Conselho, presenciámos a respetiva constituição: além do Administrador, o Cirurgião Mor, o Capelão Mor, Dona Irene e o Inquisidor e a Enfermeira Mor.

Surpreendeu-me não ter visto o Alcaide. Não pertencerá? A sua função será outra? Ou terá ido buscar o dinheiro do desfalque que fez?! Pois, sinceramente não sei!

Os jogos de Poder decorreram em cenas de momentos seguintes, nos corredores e meandros do Hospital.

O Inquisidor pressiona o Capelão, situando-o na sua verdadeira missão ali: agir no sentido de que o Inquisidor venha a ser o Administrador!

Por sua vez, faz um jogo tático com Dona Úrsula… é um verdadeiro jogador de xadrez, cerebral, no xadrez e campo de luta da política hospitalar.

 

Don Manuel de Godoy in lavozdegalicia.es.jpg

 

E tomando o rumo dos Militares… Quem foi para o xadrez, por enquanto apenas no Hospital, foi um soldado, cuja arma se disparou ou que ele fez disparar na mão esquerda. Em tempo de Guerra, tal procedimento, quando propositado, tem sentença de morte: a forca.

Que será, provavelmente o destino do imprudente soldado, que na ânsia de perder dois dedos com o disparo, com medo a perder a vida com os disparos na Guerra, acabará, provavelmente, por se finar, mas numa morte considerada desonrosa para si e família.

Foi submetido a julgamento, no próprio Hospital, que é autónomo jurisdicionalmente no respetivo espaço e contexto institucional. O Administrador considerou não haver provas suficientes de que o jovem militar agira propositadamente, mas o Oficial Militar, presente como membro do Júri, teve opinião contrária.

Pelo que o rapaz será condenado à forca, após estar curado.

 

“Então vamos mandá-lo para a morte depois de o termos curado?!” Interrogou a nossa mocinha, enfermeira ingénua, Olalla.

E fica esta questão como ponto de reflexão sobre a Guerra, sobre o sentido de todas as Guerras.

 

E pegando na deixa, Olalla… esta e o seu amado já avançaram bastante, no seu próprio quarto, no que de Amor se trata, mas por enquanto ainda se ficaram apenas por preliminares, valeu-lhe a sua própria sensatez! Que ela é uma verdadeira mocinha!

Já o seu amado, Daniel, o herói, resolveu armar-se em cow-boy e teve honras de abertura deste nono episódio, numa cena de pugilato, numa taberna dos subterrâneos de Santiago, para onde fora levado por Duarte, para afogar o desgosto pela morte da, agora, sua esposa, Clara. Enraivecido pela sua impotência enquanto médico, na incapacidade de salvar uma vida, quase matou, de raiva, o seu opositor. Valeu-lhe Duarte!

“… na nossa profissão, temos que nos habituar a conviver com a Morte…”, já o alertara o Cirurgião Mor, seu mentor, quase Pai espiritual. Que também lhe lembrou a importância das suas mãos, na profissão que exerce.

 

E a narrativa direciona-nos para o assunto com que queremos finalizar… mas aguardemos ainda.

 

Voltemos ao quarto de Ollala e da sua colega Rosália, enfermeira Castelo.

O quarto agora transformado em alcova…

Pois a enfermeira Rosália, mais expedita, não se ficou apenas pelos preliminares com o seu boticário…

E se ela já andava sempre meio na lua, agora ficou totalmente de olhar vagueando no espaço sideral.

 

O boticário tem também outras evasões, quem as não tem (?), mas tenta libertar-se da sua dependência do ópio.

 

Dona Irene descobre, sim, ela tomou consciência disso a pós a consulta com Doutor Daniel, apercebe-se que está grávida.

E, imagine-se, naqueles tempos de tantos preconceitos, uma senhora da sua condição, viúva, ficar grávida…

E cumulativamente resultante de uma violação, de que apenas ela tem conhecimento e também o seu bom amigo, Dom Andrés, para além de Dona Elvira, que presenciou a cena, que ocorreu no seu palácio e na sua mesa da sala!

Imagine-se a bomba, quando se souber… Numa sociedade tão recheada de tabus, falsidades e aparências.

Aguardemos como este assunto irá ser abordado.

 

Que outro aspeto enriquecedor nesta série é a forma como vai apresentando várias temáticas, sempre num contexto de época. Há certamente um trabalho de pesquisa prévio muito relevante.

Veja-se como nos apresenta os problemas do exercício da Medicina, agora a problemática da Guerra nos seus reflexos na Sociedade…

 

E ainda sobre personagens, Dona Elvira de Santamaria e Dona Úrsula.

Já foram episodicamente aliadas, agora definitivamente inimigas. Que Dona Úrsula já avisara que sempre cobra as dívidas. Mas não sabemos quem deve mais a quem, ou quem tem mais a temer.

Duas mulheres, no mesmo tempo e espaço ficcional, pertencentes a duas Classes Sociais distintas, mas poderosas na altura, uma da Nobreza, ainda que falida, a outra do Clero Regular, cada uma usando as armas de que dispõe, sempre tecendo e enredando a narrativa, pelo lado da malvadez. Harpias, que não se limitam a profetizar, mas agem condicionando e dirigindo a narração, no sentido que pretendem: o seu benefício pessoal, o seu egoísmo, os seus apetites, a sua fome de poder e influência, a fome que se avizinha com as guerras que se aproximam. Recorrendo a táticas e estratégias diversas, mas sempre com uma metodologia comum: pisar os outros, especialmente os mais fracos e indefesos; bajular os ricos e poderosos, mas apunhalando-os pelas costas, sempre que possível.

 

E, julgo que, agora, finalmente, vamos ao cerne do episódio.

 

Enquanto todos estes acontecimentos decorriam e os que eu não relatei, porque de todo não me é possível, Clara, a jovem que padecia de doença psíquica, incurável, que sofrera um ataque de epilepsia, provavelmente provocado pela bebida de estramónio que a “Dragão”, bruxa má e malvada, lhe dera, Clara, dizia, jazia no esquife, na Capela do Hospital.

Velada pelo pai, por Dona Irene, pelo marido, Dom Daniel, não sei se por mais alguém, que não vi e nem sempre foi possível estar gente a velar o seu corpo defunto.

Enquanto todos estes acontecimentos aconteciam, se desenrolavam intrigas e conluios nos corredores, nas enfermarias os doentes padeciam, os amantes se enrolavam nos quartos e escadarias do Hospital, e nas respetivas salas se discutiam assuntos nobres e se sabia de Guerras que aconteceriam nos Pirinéus, lá para a França e na taberna galega se guerreavam dois homens enraivecidos pelo Destino, e Dona Irene desmaiava e vomitava; enquanto tudo isto acontecia, Clara Osório, permanecia imóvel no seu esquife, uma quase santa, na Capela Real do Hospital de Santiago de Compostela, na Galiza, uma das Pátrias de Espanha e  irmã de Portugal, aguardando que a Morte chegasse e a viesse buscar.

Só que a Morte tardou… Não chegou. E não a veio buscar!

E a jovem doente e que fora prometida e agora já não era, porque sendo noiva se casou… a jovem Clara, não morreu!

 

 

 

 

"Hospital Real" - Episódio 7

 

Série da RTP2

3ª Feira – 8 de Setembro

 

org.wikipedia.pt.jpg

 

E o “assalto” ao Hospital Real já se equaciona às claras, não se subentende apenas...

 

O Alcaide e os seus apaniguados, reunidos no Clube só para homens, congeminam o ataque e definem estratégias e objetivos. Tomar conta do Hospital em duas frentes.

Economicamente, através de um fornecedor de víveres, que seja da sua confiança, alguém comandado por eles e que certamente já terão escolhido. Daí o assassinato do marido de Dona Irene, e das agressões e ameaças que lhe têm sido movidas, de modo a afastá-la dessa função.

Política e administrativamente, controlarem o Conselho do Hospital através da colocação de um elemento do grupo conspirador nesse mesmo órgão de decisão da Instituição. Presumo que o Alcaide, por inerência das funções exercidas na Cidade, já faça parte desse mesmo órgão decisor.

 

Paralelamente, os elementos do Clero também planeiam, verbalizam e expõem esse mesmo objetivo. Colocar o reverendo Somoza, inquisidor, nesse mesmo Conselho, no lugar vago deixado pelo fidalgo, entretanto assassinado, pelas mesmas razões de controlo da mina de dinheiro que é o Hospital.

 

Posta a situação neste ponto, com dois candidatos, a votação para a respetiva seleção estaria empatada, segundo as contas do Inquisidor, sendo que teria que ser o Administrador do Hospital a ter o voto de desempate. Será caso para dizer que “venha o diabo e escolha!”

 

O Administrador carregando nos ombros e no rosto todo o peso e fardo institucional, segundo disse a própria comerciante, vive atormentado, não só pela gestão e administração normais em qualquer instituição, mas pelos imbróglios que nela surgiram.

Primeiro, os assassinatos em série, todos relacionados com o Hospital; as mortes por envenenamento casual de funcionários e quase envenenamento dos doentes; a descoberta de um desfalque, aparentemente realizado pelo fidalgo; o roubo do livro da contabilidade, de que este era responsável.

Para além do peso e preocupação sempre presente na filha, portadora de uma doença psíquica, para que não encontram tratamento.

E, descobriu-se no final, que afinal a esposa não está morta, mas antes vive resguardada ou enclausurada, por ser portadora também de uma doença mental, que, à época, era um anátema que estigmatizava quem quer que dela fosse portador, bem como toda a família. Daí serem estas pessoas escondidas, isoladas do convívio social, quando os familiares tinham condições económicas para tal.

O facto de a mulher ainda ser viva faz-nos agora perceber a sua recusa e hesitação em aceitar outras mulheres, situação que até a “enfermeira entontada”, amada do boticário, uma vez se lhe referiu designando-o como “trouxa”.

 

E o nosso “Dragão”, de Komodo, lhe chamaria eu, sempre fareja o que de podre existe, a carniça morta. Está empenhada em descobrir o que o administrador esconde. O que nós já sabemos e que acabámos de revelar. A respetiva esposa ainda é viva!

Nesta sua obsessão em torturar e aproveitar-se sempre dos mais fracos e desvalidos, Irmã Úrsula, sempre à frente dos acontecimentos, com o vestido de noiva de Clara, que era o da sua própria mãe, encenou uma visita desta, supostamente morta, para que, Clara, a noiva prometida, imaginasse que seria a própria mãe que a teria vindo visitar de além-túmulo, deixando-lhe o nome, Clara, escrito a sangue na parede!

Cena macabra, que a todos deixou estarrecidos, mas que ela soube muito bem controlar, sempre impávida, serena, seráfica, santa, auto beatificada já em vida.

 

Mas sempre a organizar enredos e tramas.

Tendo sido interpelada pelo facto de ter supostamente descuidado as chaves do gabinete e armário do Administrador, o que foi um facto, ela, conhecedora dos meandros em que se movimenta nos corredores do Hospital, e das personagens com que se cruza, depressa deduziu que quem lhe terá roubado as chaves, assaltado o armário e levado o livro vermelho, só poderá ter sido Duarte.

E foi este interpelado nesse sentido.

“Tu não vales nada. Ninguém sabe que existes e se desapareceres também ninguém dará pela tua falta.” E lembrou-lhe a sua condição de exposto, marcado a ferro e de que fora ela que lhe valera, quando ele vagueava sem rumo pela Cidade. “Sei que foste tu que roubaste o livro, não sei ainda porquê… Que tu és mudo, mas não és parvo. O que te vale é o teu silêncio!” Terão sido sensivelmente deste teor as palavras proferidas pela enfermeira mor, para Duarte, moço de fretes e assassino.

 

E assim este rapaz, que serviu para tudo o que lhes convinha, agora vai-se tornando um estorvo, um empecilho a eliminar.

O Alcaide também já o informou diretamente desse propósito.

E, pelo que vislumbrámos do episódio que será transmitido hoje, atuou!

 

Aguardemos pelo que irá suceder.

 

E o destino do dinheiro roubado, melhor dizendo, desviado, pelo fidalgo, Senhor de Rastavales, para onde foi destinado?!

Esta pergunta também formula a equipa de investigação, agora formada pelos dois médicos e pelo administrador. A iniciante de enfermeira já não pertence a esta equipa, muita coisa mudou no enredo, para além dos handicaps que lhe são inerentes: ser mulher, jovem, aprendiz, de profissão subalterna, como o próprio amado, Dom Daniel, lhe fez ver!

 

E outros personagens e muitas outras questões ficam em aberto…

 

E Dona Irene?!

 

E Dona Elvira de Santamaria?

 

E Dom Cristobal, o boticário?

 

E o Capitão Ulloa?!

 

E os enredos romanescos?

E o par romântico e protagonistas da série?!

 ...   ... ...

protagonistas in. mag.sapo.pt.jpg

Mas caríssimo leitor/leitora, que teve a amabilidade e paciência de chegar até aqui, situação por que lhe estou eternamente grato, se eu fosse a rever tudo seria o guionista da série, não acha? E também não quero privar-lhe o prazer de congeminar as suas próprias análises e conclusões…

Pois, visualizemos o episódio oito, que ocorrerá dentro de poucas horas.

 

P.S. – Será que esta série terá sido baseada nalgum livro já existente?

 

 

 

“Hospital Real” – Episódio 6

Série Galega na RTP2

2ª feira – 7 de Setembro

 

Santiago Arcada na Rua do Villar. In wikipedia.jpg

 

Já me pediu vários favores. E, antes ou depois, vou-lhos cobrar!”

Resposta da enfermeira-mor, irmã Úrsula, para a fidalga viúva, Dona Elvira de Santa Maria, na sequência de uma questão com que esta a interpelou.

 

Nem sei por que ponta pegue na estória, se pela enfermeira, se pela viúva.

 

Esta, a fidalga, cada vez mais enredada na história, como na sua própria vida, sempre mais nós por desatar e criando mais embaraços na sua caminhada, tropeçando, até descambar de vez. Talvez.

Mas também sem desistir, como náufraga à deriva, agarrando-se a qualquer tábua de salvação, desesperada, perdendo até a sua honra, que tanto dizia defender. Até cair nas mãos dos inimigos que ela mesma criou, caso do Capitão Ulloa. Ah! Se ela tivesse sabido que ele era homem de fortuna! Fortuna que não herdou do marido, que só lhe deixou dívidas e falsos amigos, agora cínicos e indiferentes, caso do Alcaide. Fortuna sua que ele desbaratou.

 

Mas não deixa de congeminar trapaças para atingir os seus fins, nomeadamente o hipotético dote que receberia se o filho casasse com Clara, filha de Dom Andrés, administrador do Hospital e prometida de Dom Daniel.

Nem que para isso tenha que levar uma inocente à perdição, diligenciando para que um livro de Martinho Lutero, proibido pela Inquisição, fosse encontrado entre os respetivos pertences.

 

Falamos da enfermeira Rosália, apaixonada do boticário, que perante a iminência da sua amada ir parar aos calabouços da Santa Inquisição, num ato de puro altruísmo, assumiu ele a propriedade do livro e assim foi bater com os costados nas referidas tarimbas e antros de tortura.

 

E neste papel de condutora do enredo, sempre pelo lado da malvadez, mulher algoz, temos a nossa famigerada enfermeira-chefe, o Dragão.

Sempre a manipular, a congeminar artimanhas, a atormentar inocentes e criminosos, a criar teias e tramas onde, mais cedo ou mais tarde, possa prender as suas vítimas.

 

Duarte, carrasco e vítima, assassino a mando, vai executando os golpes de mão, agora diretamente às ordens do Alcaide. Em obediência a este, roubou um “livro vermelho”, ah! Os livros vermelhos!, do escritório do Administrador. Depreende-se ser o livro da contabilidade do Hospital, função que era exercida, imagine-se, por Dom Leopoldo!

Leitura, decifração, que o administrador andava tentando e não conseguia. Tal seria a trapalhada que nele haveria…

E em que estaria incriminado o próprio fidalgo e o alcaide, que eram face e coroa da mesma moeda: a corrupção!

E, agora, o Hospital! Frisou novamente.

 

Enquanto estes imbróglios aconteciam no Hospital e outros que omiti ou ainda não falei, o nosso bom Andrés, Dom Andrés, acompanhava a nossa boa Dona Irene pelas praias da Galiza, na busca de peixe para o Hospital.

 

Quando chegou, o primeiro grande impacto foi por causa da filha. Clara, fora sujeita a um brutal tratamento de choque de água fria, em pleno Fevereiro. (Assim confirmamos com exatidão o tempo em que decorre a ação da narrativa!)

Um reputado médico, Doutor de La Cueva, assim prescrevera essa tentativa de cura através da hidroterapia, em pleno Inverno, para a doença que lhe diagnosticara: histeria nervosa.

O nosso jovem e bom médico discordou. Explicou que Doutor Pinet, afamado médico francês, propunha para estas doenças outro tipo de tratamentos: atenção e acompanhamento do paciente.

Nada da brutalidade de enfiar a rapariga numa tina, cheia de água gelada e, posteriormente, após tapar-lhe a cabeça com uma toalha de linho, despejar-lhe um balde de água gelada pela cabeça abaixo! É caso para dizer que “se não se morre do mal se morre da cura”!

Tão impressionado ficou o nosso herói, que já se ofereceu para apressar o casamento para poder dar mais atenção à sua prometida noiva! E fazer dela sua esposa e, assim, com maior probabilidade ajudá-la a curar-se! Como se pode constatar, Dom Daniel tinha grande fé no matrimónio e até já esquecia a outra sua amada, a mocinha Olalla!

Só que o pai da prometida Clara, Dom Andrés, respondeu-lhe que não.

Que o problema era o pai dele, isto é, Dom Leopoldo!

 

E assim deixamos este relato da história, esta estória muito lacunar, que temos que ir visualizar o 7º episódio! 

 

 

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