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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“HOSPITAL REAL” (Síntese) Série de Television de Galicia

Série de Television de Galicia

Transmitida na RTP2

15 Episódios: De  1 a 18 de Setembro de 2015

 

máscara in youtube.com

 

Terminou recentemente, 6ª feira passada, esta excelente Série de “Television de Galicia” que a RTP2, em boa hora, resolveu adquirir. Aliás, na sequência de outras séries europeias que vem transmitindo, desde 2014 e com as quais me comecei a “prender”, a partir de “BORGEN”.

Sobre estas obras fui escrevendo alguns posts, sobre que fui notando o agrado crescente das Pessoas que têm a amabilidade de visitar o blogue. Assim também me fui entusiasmando na escrita e, após Agosto, em que apenas coloquei dois posts, em Setembro procurei responder ao crescente interesse constatado, colocando textos maioritariamente sobre a Série supra citada, mas também diversificando outros temas.

Obrigado a todos os Visitantes e Visualizadores, pelo estímulo e desafio a que me incentivaram.

 

E, agora e sob a forma de síntese, registaria alguns aspetos relevantes desta série, que me fizeram ficar “pegado” ao écran durante estas três semanas e ainda escrever textos comentando os episódios.

 

Par romântico in betafilm.com

 

A saber:

 

- O facto de ser uma série histórica.

 

- No respeitante a História, enquadrar-se numa época de grandes mudanças na sociedade europeia. O final do Antigo Regime, a eclosão da Revolução Francesa e o mais que virá, caso a série continue.

- Cuidado nessa reconstituição, embora não saiba muito sobre o assunto, mas o vestuário; os temas abordados tanto na medicina como na ciência; os objetos utilizados pelos médicos e enfermeiras, as plantas usadas na botica; o papel e transformações nas classes sociais; as problemáticas na Igreja e os vários posicionamentos relativos dos vários intervenientes, por vezes até contraditórios e contrários à própria essência do cristianismo; a Santa Inquisição.

A intencionalidade em ir-nos situando no tempo narrativo, referência à decapitação de Luís XVI, à declaração de guerra da Espanha a França. E, até no tempo meteorológico. Talvez nem sempre se reparasse, mas quando a narrativa foi avançando e já se estava na Primavera, após a declaração de guerra, quando apresentavam exteriores, tinham o cuidado de mostrar flores, aves a chilrear e saltitar nos arbustos.

 

- A ação decorrer em Santiago de Compostela.

 

- Os temas, o texto e os diálogos. Eram sugestivos e ricos.

Valores, atitudes e comportamentos da época e possibilidade de comparar com a atualidade, constatar mudanças ou verificar persistências.

Preconceitos e tabus, versus surgimento de novas ideias e problemáticas.

A estruturação classista da época, papéis sociais, funcionais e profissionais bem definidos. A estruturação sexista da sociedade.

 

- A representação. Os atores fizeram um ótimo trabalho individual e resultaram muito bem no plano coletivo.

 

- O enredo romanesco. Não posso de deixar de frisar o romance entre os protagonistas, Daniel e Olalha; o par engraçado que formaram Cristobal e Rosália. O Amor de Dom Andrés por Dona Irene.

 

- A intriga, a luta pelo Poder dos vários interessados. As alianças táticas que foram estruturando. Os conluios que foram congeminando.

 

- O mistério dos assassinatos que se vai desvendando, em termos de narrativa, embora não tenham chegado a conclusões finais, mas que para o espetador foi revelado mais cedo, quando Duarte retirou a máscara, após assassinar o Padre Damião.

Mas, e lá vou eu com opiniões, se só tivessem revelado quando ele matou o fidalgo, Dom Leopoldo, ter-se-ia ficado mais tempo na dúvida e consequente expetativa.

 

A estruturação da narração e desenrolar do enredo, como se de uma partida de xadrez se tratasse, sugestão que o narrador formula num diálogo entre Mendonza e Elvira.

 

- A caraterização das personagens através das ações que vão executando e como também vão evoluindo, mudando até na sequenciação temporal e também conforme o contexto e a contracenação.

Destaco mais especialmente Duarte, que foi ganhando protagonismo.

Dona Elvira que se foi afundando, tal qual a classe que simboliza.

…   … …

- O enquadramento num perfil psicológico e de personalidade, personagens que nos vão revelando princípios, valores, atitudes caracterizadoras, agindo nos seus comportamentos em função desses princípios. Os seus conflitos interiores, os seus dilemas, ... 

 

Contudo, acho que se esta série fosse produzida por outros canais televisivos com muitos mais recursos, teria sido tecnicamente muito mais enriquecida.

Veja-se que nos exteriores não há utilização de quaisquer outros meios que não os humanos.

Estando-se em guerra ou em vias disso, não há qualquer sinal, para além da presença de três atores, vestidos de soldados. Não há cavalos, coches, canhões… Não circula qualquer veículo de transporte. A explosão foi filmada como se estivesse a ver-se ao longe…   …

Mas cada um faz o que pode, com o que tem e, nesse aspeto, o trabalho de Television de Galicia foi excecional, sob todos os pontos de vista.

 

E como não tenho a pretensão de esgotar o assunto, diga-nos também a sua opinião sobre o que reteve como síntese da Série. Se faz favor!

 

Ah! E por último: Seria de todo importante que a RTP2 pensasse numa reposição desta série, como está a fazer com Borgen!

Concorda comigo?

16º Episódio

 

“Hospital Real” – 15º Episódio Television de Galicia - Parte IV

Série da RTP2

6ª Feira 18/09/15

Parte IV

 

in clag.es.jpg

 

E ainda volto ao enredo desta pequena novela, que tem dado pano para mangas.

 

Volto a falar do par Cristobal e Rosália, os mais derretidos da ação, mas ao que parece, os ânimos ficaram esfriados por parte de Rosália, depois das descobertas que foi fazendo, graças aos estratagemas de Duarte.

 

Cristobal bem se explicou, explicando como fora também a estória dele com Alicia, que também envolveu o seu pai que a expulsou, quando soube da gravidez, que Alicia era apenas criada em sua casa, pouco menos que gente e o pai de Cristobal quereria melhor para ele e ameaçando-o de deserdamento, sempre acabou por repudiá-lo.

E Alicia ficou na rua, para onde entretanto voltou novamente, como também já sabemos. E o mais que lhe poderá suceder, agora que Espanha está em guerra com França, por enquanto lá para o Rossilhão, para lá dos Pirinéus, mas em breve alastrará por todas as Espanhas… E o que ainda está para vir, que os franceses virão, primeiro de boamente e a pedido de governantes espanhóis, mas depois ficaram e ocuparam Espanha, roubaram o trono, prenderam o Rei e muito mais que não cabe aqui falar, que apenas falamos de pessoas comuns, como o par de que vimos falando…

E se Cristobal agora tentou ajudá-la, da outra vez nem isso fez e, por isso, ela vagueando grávida por Santiago, subnutrida, a criança nasceu muito débil e depressa morreria.

Cristobal considera que foi desprezível, mas que agora está diferente e pede a Rosália que não o deixe só. Mas esta acha que ele não sabe o que é o Amor e não quer que ele lhe atormente a Vida.

E nisto ficamos, que não sei se haverá continuidade, embora já me tivessem dito que sim. O que sabemos também é que o nosso boticário voltou a injetar-se com ópio!

 

Dona Úrsula, que não me lembro se ela era assim tratada, mas é deste modo que a gosto de nomear, também tem que ser falada, nem ela nos perdoaria… e ela é uma torre preta, que também tem muito poder na narrativa.

Está sabido, porque já nos foi revelado, que ela tem algo que ver com os Dominicanos, que até lhes enviou uma carta, por Duarte, dirigida a Frei Vicente, com exigência de resposta, que veio pelo mesmo portador. E vimos que Úrsula ficou muito apreensiva.

Úrsula, Enfermeira Mor, mão indutora do roubo do original do tão propalado testamento que, pelas suas mãos, fora destinado aos Frades Dominicanos, foi confrontada sobre o facto, por Gaspar Somoza, Inquisidor do Santo Ofício.

Que uma guerra tem muitas batalhas e que tendo ela o testamento roubado, pagar-lhe-ia muito caro por isso, que ir-se-ia livrar dela. Que muito dinheiro roubou ao Hospital para pagar a educação de um rapaz nos Dominicanos, por detrás disso tudo terá que haver uma história muito sentimental. Mas que os seus esforços foram em vão, porque ele, Somoza, ordenou que expulsassem o moço de Compostela, a ponto de ela nunca mais o encontrar.

Que neste jogo de xadrez, as peças variam muito de posição e função e os aliados de há pouco são agora inimigos.

E, como inimiga rancorosa, a que fora aliada tática durante tanto tempo, lhe disse: “… Passou uma linha que nunca deveria ter passado.

 

E, por aqui ficamos sobre a Enfermeira Mor, ficando sem saber que rapaz será esse e que relação poderá ter com Dona Úrsula.

Este é também um dos assuntos que ficou também em aberto para uma eventual, mas possível e desejável, 2ª temporada.

 

E ainda sobre personagens e ocorrências no Hospital, não podemos esquecer o ocorrido no meio de toda a confusa situação de emergência hospitalar, o encontro, quase embate, de Duarte e Mendonza, e o olhar de ódio que este, rei preto, lançou a Duarte, peão que o colocou em xeque, só que ele disso não sabe, julgando que é o cavalo branco, Daniel!

 

E ainda sobre acontecimentos no Hospital, não posso deixar de mencionar a autópsia ao ajudante de oficial de justiça, feita por Doutor Devesa, que concluindo ter sido uma arma branca a causadora imediata da ferida, mas que, caso ele não tivesse o fígado tão cirrosado, talvez se tivesse salvado.

Argumento que Dom Andrés, na ânsia de tentar salvar Dona Irene, ainda tentou que fosse usado, mas Doutor Devesa lhe fez ver que isso era de todo impossível, pois que a causa da morte fora o golpe desferido.

 

in paginasde historia.blogspot.com jpg

E, talvez para findarmos, lembramos que Breixo Tabuada, irmão da nossa mocinha heroína, Olalla, anda à solta pelas ruas de Santiago de Compostela e, com ele, os Ideais da Revolução Francesa.

Que chegaram ainda antes dos próprios franceses.

Veja também aqui!, se faz favor.

 

 

“Hospital Real” – 15º Episódio Television de Galicia - Parte II

Série da RTP2

6ª Feira 18/09/15

Parte II

Cristo en la cruz (Goya) in wikipedia.jpg

“E desde a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até à hora nona.

E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lama sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste? ”

S. Mateus, 27; 45 e 46.

 

E Dom Andrés, Administrador do Hospital Real de Santiago de Compostela, hospital pejado de doentes e feridos, aleijados e estropiados, moribundos e mortos; porque houvera uma explosão no armazém de pólvora seca da Cidade, que se ouvira no hospital e para onde foram encaminhados todos, na esperança de tratamento; todos os profissionais zelosos e atarefados, numa correria de um lado para o outro…    Pai extremoso de Clara, filha a quem escondera a situação da mãe, para a proteger; mas que não aceitara esse segredo, o ter-lhe escondido a verdade e, que para dele se vingar, triste vingança que contra ela própria se voltou; voltou grávida da casa da sogra, mas não do filho desta, seu marido, que nem sequer sabia, mas grávida do Alcaide, maior inimigo do pai e que à cara lhe atirara essa notícia, como se lhe desse um murro nela ou nela escarrasse, ao chamá-lo de sogro; Pai que, desesperado, confirmou com a filha, tamanha barbaridade, lhe gritou e lhe apeteceu esganá-la, mas depois de troca de palavras sobre verdades e mentiras, omissões e afirmações; diálogos como os que nesta série a tornam tão interessante, lhe disse, verdade absoluta, que consegue a todos reconciliar: “A criatura que tens dentro de ti é inocente!”… Amigo de Dona Irene, porque mais não pode ser, porque é fiel à mulher, Dona Laura, enclausurada, mas assistida e bem tratada; em permanente tensão, carregando nos ombros o peso do Hospital, qual Hércules, segurando o mundo; porque honesto, trabalhador, zeloso e preocupado com o bem-estar de funcionários e doentes, agora ainda mais por causa da explosão, para além da doença que grassava e ainda não haviam debelado…

Pois, Dom Andrés, sentindo-se impotente, desesperado, incapaz de segurar o mundo que trazia sobre os ombros, gritou… gritou… berrou, será melhor e mais forte o termo, com quantas forças tinha, nos corredores do Hospital… que se ouviu mais alto que o som da explosão que se ouvira, provinda do armazém de pólvora seca, dos arrabaldes da Cidade de Compostela, com nome de Santo.

Qual Cristo no Gólgota, sentindo-se abandonado por Deus!

 

Basílica_de_Santiago in wikipedia.JPG

 

E, quase poderíamos ficar por aqui, e não escrevermos mais, mas julgo que seríamos injustos para com outras personagens até porque o 15º episódio, tendo deixado muitas questões em aberto, é certo, também respondeu a outras.

 

Não posso deixar de referir que:

Clara queixou-se do pai, culpabilizou-o e quis fazê-lo sofrer, talvez por sentir-se desamada pelo marido, mas foi ela que escolheu o seu próprio Caminho, que quis carregar a sua própria Cruz…

 

E, ainda haverá mais?...

 

 

 

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