Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Tão iluminadas, pela solina de ontem à tarde, que tive que me colocar contra o sol, para lhes retirar luminosidade e atenuar a reverberação da luz!
Algures, na entrada de um centro comercial famoso, de uma Cidade não menos famosa!
Vá lá a gente entender o tempo!!!
Ontem e hoje, têm estado verdadeiros dias de Verão! Primavera?! Isto parece mais Verão. Pior é que, há bem poucos dias, tinhamos dias de verdadeiro Inverno!
Atualmente estão espalhadas por várias regiões, nomeadamente em contexto urbano. Frequentam, com à vontade, as povoações, nidificando nos locais mais insólitos, aparentemente indiferentes à presença humana! Ou talvez atraídos por ela e com quem interagem, naqueles seus movimentos peculiares.
Se ainda nunca observou, preste atenção, SFF, que qualquer dia surge-lhe um destes pássaros a saltitar-lhe à frente.
Bons passeios, que o tempo, hoje, mais do que primaveril, pareceu de verão. Em contrapartida, no início da semana, os dias foram de verdadeiro inverno!
Um provérbio sobre o tempo e a “Senhora das Candeias / Senhora da Luz / Candelária” diz que “Senhora das Candeias a chorar, o Inverno está para acabar. Senhora das Candeias a rir, o Inverno está para vir.”
Neste ano de 2024, aconteceu esta segunda parte do provérbio: “A Senhora esteve a rir-se…” Isto é, esteve um dia de sol! E não é que estando um dia agradável, de sol, nesse dia 02/02/2024, o Inverno chegou em força, nomeadamente nestas duas últimas semanas, finais de Fevereiro, inícios de Março?! Antes das eleições, a chuva, o vento, o frio, frio, a neve, deram-nos mostras do verdadeiro Inverno. Confirmaram o ditado. (E irá continuar o tempo invernoso?!)
No dia 10 – dia de eleições – o tempo melhorou, a convidar a votos! E os portugueses, ajudados pelo tempo, certamente conscientes da importância do ato eleitoral, acorreram às urnas.
E os resultados foram o que foram. Toda a gente conhece.
Outro ditado, este de Março: “Março marçagão, de manhã Inverno, à tarde Verão”. Face às escolhas efetuadas, o ditado ganha outra interpretação: “Março marçagão – tempestade ao serão”!
De acordo com os resultados, embora falte saber, quem é quem, do círculo da emigração – “não será pôr o carro à frente dos bois?!”, supostamente será o Srº Montenegro a ser indigitado para futuro primeiro-ministro. A sua coligação “venceu” as eleições, por margem mínima, mas “venceu”. Uma “vitória”, sobre a qual o rei Pirro, se ele por aí andar, terá muito a dizer. (Outro provérbio!)
Nada disto importa, ou talvez importe. O que observamos, face à distribuição dos deputados por partidos, ao que cada um disse e repetiu durante a campanha eleitoral, não é possível uma maioria estável de governação.
Vimos de duas eleições antecipadas – ambas desnecessárias – e o que nos espera?!
Antes de mais, apresentar este panorama de instabilidade a quem teve uma responsabilidade, por demais relevante, para que isto ocorresse.
Ora aqui está, Vossas Excelências! Para si, que tanto batalhou por eleições antecipadas. E para você, que desperdiçou uma maioria absoluta!
Face ao que se avizinha, e tornando ao provérbio inicial, depreendo que o “Inverno ainda está para vir”! Mesmo que, entretanto, haja um “Verão quente”!
Alguns pormenores…
Se os nossos partidos se regessem, realmente, pelo interesse nacional, havia um “Governo do Bloco Central”. Mas como, se PS e PSD nunca se entenderam nestes cinquenta anos?! Se criaram uma divisão - “esquerdas – direitas” - precisamente colocando estes dois partidos em polos opostos?! Se ambos os partidos são dirigidos por personalidades cada qual de ego mais flamejante que o outro?! Para além dos personagens que, dentro de cada partido, querem brilhar nos corredores do Poder!
Ainda…
Não estou, nem de longe nem de perto, nem na forma nem no conteúdo, chegado ao Sr. Ventura! Mas quem votou nele é tão pessoa como quem votou noutro qualquer partido.
É tempo de olhar, valorizar, mais de um milhão de votantes. Integrar, construtivamente, 48 deputados! Educá-los, fazendo-os participar em cargos de responsabilidade. Há por ali também gente de valor! Não serão apenas “uma tropa de choque”!
A ver vamos no que vai isto dar!
Veremos como vão “descalçar a bota”! Nestes casos, são várias botas. Nalguns casos “não bate a bota com a perdigota”!
Sua Excelência que “descalce a bota”, que se meteu numa “camisa-de-onze-varas”!
O pior, é que “quem paga as favas” somos nós e “quem se lixa é sempre o mexilhão”!
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E, ainda, e para finalizar, um provérbio que ouvi ontem, ao Amigo Zé António. Nunca ouvira antes! “Vinagre em casa de pobre é vinho do Porto.”!
“Vi o filme, quando foi estreado em Portugal, após o 25 de Abril. Não li o livro. Mas a primeira vez que ouvi falar do livro e do autor, Anthony Burgess, foi em 1973, ao Professor Adriano Moreira, no antigo ISCSPU!”
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A referência ao livro e ao autor supracitados ocorreu na disciplina de “Noções Fundamentais de Direito”, no 2º ano dos Cursos de Economia e Ciências do Trabalho, no ano letivo de 1973/74, no ISCSPU – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Ultramarinas – Universidade Técnica de Lisboa.
No Capítulo I – Teoria das Normas – O Problema da Valoração – A variação no tempo e no espaço, refere-se.
Pag. 56
«… a ideia da variação que, no tempo e no espaço, tem a escala das valorações. E isso é um elemento importantíssimo da instabilidade da vida social, porque os valores estão constantemente em evolução, constantemente as circunstâncias levam a pôr em causa as valorações em que o grupo acredita. Mesmo as normas que estão em vigor hoje, muitas vezes no que toca ao seu conteúdo, são susceptíveis de valorações diferenciadas, consoante os lugares e conforme o tempo.» (…)
Pag. 58
«Isto é um acontecimento que está a dar-se todos os dias. O autor da “Laranja Mecânica” publicou um livro “La Folle Semence” onde põe em causa um valor fundamental da nossa cultura, que é o respeito pelo corpo humano. Se formos um pouco mais longe na interpretação do que ele diz, o respeito pela vida humana. Um dos elementos fundamentais das nossas valorações, no nosso sistema actual de valores, é o respeito pela vida e integridade do homem, a integridade do corpo do homem.» (…)
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O Professor aborda o conteúdo fundamental defendido pelo autor de “Laranja Mecânica” no livro “La Folle Semence”, integrando-o no contexto das nossas próprias valorações, à data referida, e as especulações e repercussões que teve na época.
Não vou transcrever mais excertos das lições proferidas, sobre o assunto.
Polémicas como eram as abordagens do autor Anthony Burgess, se viu o filme “Laranja Mecânica” ou leu o livro, pode imaginar.
Eu, pela minha parte, só pretendia registar como e em que contexto tomei conhecimento e ouvi a primeira abordagem à obra do autor referido.
Foi um assunto que registei e que ao visualizar o filme, pude constatar a perceção controversa que o autor tinha da realidade.
(Notas Finais:
Posso registar que as lições do Professor eram de excelência.
“Não é de um hotel que precisamos, em Fortitude. É de uma morgue maior!”, dissera Hildur, outra vez!
E eu acrescento.
Neste episódio e no seguinte, o que irão precisar é de um inseticida! De um potente inseticida!
E lá vamos nós à narração!
Após alguma indecisão de Dan, alguma é como quem diz, que o pedido de Henry foi formulado no episódio anterior, décimo, e cumulativamente interpôs-se o fim-de-semana, de modo que só ontem, 2ª feira, no episódio XI, é que se processou a intervenção de Dan.
Bem, de helicóptero chega-se rapidamente. E ao chegar, Dan, logo constatou a dimensão do desastre. Henry, estendido na neve gelada, um tiro na cabeça, vermelho de sangue a colorir o branco gelado.
Encostado à moto, Morton, afinal ainda não estava morto, apenas moribundo, eu é que julgara que ele morrera na 6ª feira. Mas não! Esteve todo o fim-de-semana para morrer, que sábados e domingos os serviços públicos estão encerrados. Morton, quase acabado, ainda esperava que o xerife chegasse, mas não quis que o levasse para ser socorrido, queria ficar já ali, que o glaciar é um sítio ideal para se encontrar a serenidade e a luz e com ela a morte, para mais com a garantia de se poder ficar congelado até à eternidade, ou até à próxima alteração climática!
Mas antes de partir, quis que Dan lhe contasse a verdade!
E Dan contou. Verdade nua e crua, trágica e cruel, para mais tendo ocorrido num dia sagrado. Num dia de Natal! E soubemos, através do relato para Morton, como tudo ocorrera, e que Dan sempre fora, de facto, o assassino de Billy Pettigrew. Que guardava esse crime na sua consciência também atormentada.
Não vou relatar os pormenores dos trágicos acontecimentos a esse assassinato associados. A foto apresentada, no post anterior, diz tudo.
Lembrar, só e apenas, que amor e ódio são duas faces da mesma moeda, que foi por amor a Elena, que Dan entregou a morte de urso, Billy, por quem o amor à sua amada se transformou em ódio a Billy, que a quisera possuir, agrilhoada à cabeceira da cama! Grilhão que serviu para acorrentar o geólogo ao poste do farolim, como isco para ursos tresloucados de fome.
“Confessa! Ou nunca terás Paz!” Lhe disse Morton, para que Dan fizesse.
Só depois, Morton morreu, suponho que em paz. Soube a verdade do que buscava, desde que chegara a Fortitude, que fora essa a sua razão de chegar. E, sabendo, já poderia partir!
Que partiria, o seu corpo, não para o Continente, que ele, como cidadão britânico, também é de uma ilha! A sua alma, essa terá ficado eternamente aprisionada no gelo do glaciar.
E Dan, após muitos avanços e recuos, conseguiu confessar a Elena, o que por várias vezes e em diversos episódios, ela lhe perguntara. Se fora ele que matara Billy.
Confessou e uma vez confessado, também ficou mais liberto para lhe confessar, ao seu jeito desajeitado, o seu amor, desde que Elena chegara a essas terras de fim de mundo gelado.
E depois de explicados os comos e os porquês, textos e contextos, de tudo o que e como e porquê se passou, Elena rematou à laia de conclusão:
“Estamos juntos, sozinhos!”
E haverá melhor definição para aquele amor?! Aguardemos o último episódio, que provavelmente, como é apanágio das séries, deixa tudo em aberto, para futuras temporadas. Estratégias de guionistas!
Voltando a Billy, morto logo no 1º episódio, mas cujo tema foi estruturando todo o enredo.
Nessa célebre, trágica e fatídica noite de Natal, ele, com os copos, desatara a língua com o russo Yuri, sobre o célebre tesouro escondido no glaciar. Centenas, milhares (?) de presas de mamute, aprisionadas no gelo! E, após a briga com Eric, para além de ficar com as ventas partidas, também perdeu o célebre documento cartografando o local de tão precioso e macabro achado! Documento que o russo apanhou.
Com base nele, Yuri, estudara as coordenadas do local e, neste episódio XI, com a ajuda de Max, resolveu assaltar o armazém onde se encontrava a broca para furar o gelo do glaciar, transportá-la no camião onde ela estava acondicionada e irem procurar o cemitério dos mamutes, para recolherem o marfim.
Consegui-lo-ão?!
Também só o saberemos no derradeiro episódio. Que Eric, apenas armado de rifle, também se dirigiu para o local onde eles se encontram, mas pensando que fora Jason que roubara a broca!
Que Jason, também já sabemos, está igualmente possuído por essa doença que atacou Liam, que matou Charlie Stoddart, o cientista; Liam que contaminou Margaret, a médica; que contagiou a filha, Shirley, que atacou a própria mãe. “Doença” que também terá contagiado e esventrado Ronnie, que estará escondido na cave da sua própria casa.
“Doença”, que tudo indica terá sido despoletada na sequência da descoberta macabra do mamute, que Ronnie e Jason esconderam num armazém, para onde Jason se foi refugiar novamente, obcecado por tão terrífico achado, que tantos dissabores trouxe à pacífica Fortitude. Antes tivesse ficado onde estava, ou tivessem tido o procedimento correto, dando a conhecer à comunidade científica, que até dispõem na ilha, que teria procedido com os formalismos adequados e exigidos nos protocolos próprios.
Mas a ganância, a ambição, a fome do dinheiro fácil, sobrepõem-se a tudo o mais!
E nisto ficamos. Jason agarrado ao mamute, após ter passado no laboratório e ter pregado um susto de morte a Natalie.
E a comunidade julgando que fora ele o autor do roubo da broca.
E pergunto eu. E Carrie não terá sido contaminada?!
No episódio apenas soubemos que ela, juntamente com Elena, foi visitar o amigo Liam. E que foram recebidas por Jules e que Frank também apareceria um pouco mais tarde.
E foram conversando todos, circunstancialmente!
E vamos para o excerto final desta narração.
A parte científica, que é o tema do enredo que ainda está por deslindar, uma vez que em princípio, os principais crimes estão esclarecidos.
Natalie e Vincent continuam nas suas investigações e centram-nas no cão do cientista, que, quando Vincent entrou na cozinha, onde estava o corpo de Charlie, reagiu muito agressivamente para Vincent. Que o cão poderia ter sido contaminado por aquilo que contaminou o dono.
Por acaso, ironia da sorte, ou perspicácia do guionista, o dito cujo estava para ser embalsamado, pelo já falado xamã, que não queria sê-lo, que era apenas embalsamador, conforme referiu a Henry.
E fazendo autópsia ao animal, inicial e aparentemente inconclusiva, mas graças à persistência de Natalie, acabou por ser descoberto um verme estranho no interior do tubo digestivo do cão.
O que seria? Como evoluiria?! Que o verme corresponderia a um estádio larvar de desenvolvimento de outro animal qualquer. E o que será?!
Não tardámos a saber de forma bem preocupante e arrepiante!
Os jovens cientistas decidiram avançar na investigação e partir para a pesquisa na própria médica, Drª Margaret, não sem antes se terem questionado sobre a ética de tal procedimento numa pessoa ainda viva!
E, foram!
Mas a evolução natural das coisas não se compadeceu com quaisquer procedimentos ou pruridos éticos ou não éticos.
Estando Vincent no compartimento isolado em que a Drª Margaret estava deitada, e começando a observá-la, foi ficando sem palavras, mudo de espanto, admirado e estarrecido com o que os seus olhos viam! Sem acreditar, nem dizer palavra.
E até nós, apesar de sabermos estar em ficção.
Do rosto, dos braços, do corpo, da senhora, formavam-se furúnculos, abriam-se pústulas, de onde brotavam dezenas, centenas de insetos voadores que encheram o compartimento.
De onde vinham tantos bichos?!
Lembremos que as zonas boreais, as planícies de tundra, no verão boreal, são infestadas por milhões e milhões de mosquitos que fazem a vida negra às renas.
E aquela bicharada toda terá ressuscitado do túmulo em que estivera trinta mil anos guardada no gelo do corpo dos mamutes? E, agora, subitamente tendo encontrado hospedeiro adequado, regressavam à vida, passados milénios?!
Aguardemos como irão proceder para extirpar tal ameaça.
Que Natalie ainda não havia entrado no compartimento isolado e providenciou a vinda de Dan, o xerife, que no exterior já observava aquele aterrador espetáculo.
E como exterminá-los sem eliminar também Vincent, encerrado também naquele contentor de morte?!
Quando vi a cena dos insetos a brotarem do corpo da médica, não pude deixar de me lembrar do filme “Allien – O Oitavo Passageiro”, quando aquele ser estranho brotara repentinamente do corpo do astronauta! Esse fora um viajante no Espaço!
Pegando na bola da última narrativa, sobre o triângulo amoroso, Trish, Eric e Hildur. Se a governadora não sabia ou fingia não saber, agora, se não sabe é porque não quer, ou não quer ver. Que o abraço entre os dois amantes, no hall do departamento policial, não engana ninguém. Tal o afeto e a força do amor escondido!
Então a Trish está bem?, perguntou Hildur. Não, a Trish não está bem. Está desfeita!, respondeu Eric.
E continuamos nesta área do campo narrativo. A do amor.
Que há casos preocupantes, não sei se efeitos da euforia provocada pelas condições climáticas de Svaalbard!
O professor e a sua Shirley são um caso patológico. A rapariga já está anafadinha, como se vê, abusa dos hambúrgueres, como se observa no comensal de Helena… e o mestre ainda insiste em que a moça coma sempre mais uma colherzinha, de uma comida processada à base de natas, que até lha mete pela boquinha, como se ela fosse um ganso, a enfiar-lhe gorduras pelas goelas para lhe deformar o fígado… Estranho e louco amor aquele, para na cama lhe dizer que ela está no bom caminho de um ideal de beleza, enquanto a acaricia nos bracinhos rechonchudos e lhe vai dando cabo da saúde.
A mãe de Shirley, Margaret, a médica de serviço na comunidade boreal, não aprova, vê-se no seu olhar de preocupação materna, até porque a filha, que tanto ama a mãe, lhe dá carne de baleia e lho diz a meio da refeição, como se dissesse que lhe serve maçã bravo esmolfe!
Inusitado e estranho amor!
E ainda de amor se trata…
A médica foi à prisão tratar de Frank, todo escavaqueirado por Dan, isto porque Frank ama e é amado por Elena, que não ama nem tem nada de amor com Dan, macho assim rejeitado, que o amor que lhe tem a ela, nele se transformou em ódio a Sutter, a ponto de o ter deixado, macho rival e pelos vistos alfa, naquele estado lastimoso de meter dó. Que a suposição de que ele seria o assassino do cientista, porque uma camisola ensanguentada, achada na casa de banho de Frank Sutter, a essa suposição poderia ter levado, apenas foi o pretexto inconsciente e irracional, para eliminar e sobrepor-se ao concorrente e vencedor. Também efeito desse estado de espírito resultante dessa mudança da noite eterna, para o quase sempre dia, mas também prova que os instintos animais mais primários permanecem eternamente no homem, emergindo com mais facilidade em situações extremas como as que se vivem nesse ambiente inóspito. E, mesmo no dia-a-dia. Basta lermos as notícias e relancearmos as redes sociais!
Ambiente de onde ainda provirão estranhas ameaças, que talvez Billy tenha descoberto, que Charlie também já conhecia e talvez, por isso, tenha morrido.
Que naquele espaço e tempo tão peculiar nem tudo é racional!
Nem sequer se sabia se o sangue da camisola seria de homem ou de animal, muito menos identificá-lo como pertencente a Charlie Stoddart, que só se soube mais tarde neste quinto episódio, quando já todo aquele tresloucamento de Dan acontecera, ainda no episódio quatro.
E ainda de amor vamos falar e também preocupante.
O amor paternal de Ronnie pela filha Carrie que o leva a levar uma criancinha para o meio de nenhures, onde só existem ursos famintos e desregulados também, que o ritmo biológico daquelas paragens de fim de mundo está-se alterando e ainda se aguardam novas, preocupantes e extraordinárias alterações.
Que a guarda numa tenda de campismo, a meio de uma paisagem gelada, ainda que exorbitantemente bela, mas de que serve a beleza, se a vida está em risco e ameaçada por múltiplos e variados perigos, conhecidos uns e outros de que se espera conhecer novos conhecimentos.
Ao mesmo tempo que a sossega e tranquiliza, mentindo-lhe, lhe ensina sobre o poder dos glaciares.
Que quem deveria andar na busca deles, como de todos os que eventualmente se perdem naqueles ambientes, isto é, Frank Sutter e Dan, estão estupidamente presos no departamento policial, por conta da doideira de Dan, num inquérito policial conduzido por Morton, na presença de Hildur, que já lá vamos.
E assim estão todos esquecidos de pai e filha, mas não o guionista que no-lo lembrou ao longo do episódio, mostrando a situação precária e limite em que estão, que o mineiro até já tem uma das mãos quase ou mesmo queimada.
E já que pegámos no inquérito, por aí vamos… que do amor ainda quero falar.
Morton, detetive britânico, ao serviço de Sua Real Majestade, The Queen, veio a estas terras para inquirir sobre a morte de Billy Pettigrew, igualmente cidadão do Reino Unido, como já sabemos. Agora com o assassinato de Charles Stoddart assumiu também a liderança da inquirição do caso, coadjuvado por Hildur, a governadora da ilha e da comunidade internacional Fortitude.
Inquérito que incidiu prioritariamente em Frank, que negou ter algo a ver com o assassinato, o que separadamente foi confirmado tanto pela mulher, Jules Sutter, como pela amante, Elena, através das questões e problemáticas sabiamente colocadas pelo guionista na boca do detetive.
Dessa inquirição outras respostas colaterais foram obtidas, outros conhecimentos da trama foram sendo desvendados tanto para nós espetadores, como para os personagens do enredo.
Destaco o que se soube de Elena, que Morton até já lhe perguntara de que fugia ela, e soubemos que fugia dela própria. Que já se chamara Esmeralda, algures numa terra de Espanha, que fora outra pessoa, que já se passaram mais de sete anos, que um psiquiatra lhe dissera que os átomos, palavra que não soubera designar, mas que o detetive ajudou, que os ditos cujos mudam nas pessoas a cada sete anos. E, que sendo assim, que ela acreditava na palavra de psiquiatra, ela que fora Esmeralda, agora era Elena!
Que muito aqui fica por contar sobre Elena, antigamente Esmeralda, ambos nomes lindos que o guionista soube bem escolher. Esmeralda, o mesmo da cigana do “Fantasma…” e Helena o da mítica de Tróia, ambas mulheres sedutoras.
E sobre o inquérito, muito mais fica por narrar, que não é propriamente propósito da minha narração, o de ser fiel e fidedigno à primogénita narrativa.
E ainda sobre o dito e cujo, assinalo, não me lembro bem se no episódio soubemos no decorrer da inquirição se já no fim, que o sangue da t-shirt era do cientista assassinado, Charles Stoddart.
Logo Frank Sutter, contrariamente ao que aparentemente houvera sido concluído, era o assassino!
Só que aqui, e também não consegui perceber outra vez, Dan teve mais um dos seus ataques de “gletti”. E que Frank não era o assassino e que não podia ser, e barafustava como só ele sabe, quando parece que está possesso, que às vezes é só o que nesta série se parece sugerir, que alguns personagens são possuídos por forças estranhas e irracionais. Comportamento que parece contradizer o que tivera no episódio anterior, em que agredira Frank.
Mas por outro lado esta atitude de inocentar, agora, o outro macho, alpha, só confirma o que escreveramos anteriormente, que toda a animosidade e agressão dirigida a Sutter era motivada por pulsões sexuais recalcadas.
Algo que o guionista nos sugeriu também, bem como a todos os outros personagens da série, neste 5º episódio, na sequência e decurso do inquérito.
Uma das conclusões colaterais…
Voltamos, e para terminar esta narração tão parcelar e parcial, a de amor falar.
No de Frank e de Elena, que é amor e paixão, que até o fez esquecer o filho doente, para seguir a fogosa espanhola, que indo junto da casa dele, ao atirar-lhe uma pedrinha à janela como sinal, lhe fez sinal e o chamou para uma casa isolada aonde estiveram.
Que ambos confirmaram separadamente no inquérito, como firmaram o que estiveram fazendo, que ele até o disse usando vernáculo, que eu não escrevo aqui por pudor, que este é um blogue em que, até ao momento, ainda não se usaram palavrões. Que acho não deverem ser usados a torto-e-a-direito só porque sim, mas também não vejo objeção, quando devidamente contextualizados.
O que até poderia ter sido utilizado aqui!
E para findar, findo com a descrição infiel, que as imagens dizem mais que palavras, do acontecido no final do episódio, em que Dan, nessa sua tresloucação, se dirigiu a casa de Frank, onde estava apenas a esposa, Jules, que ele está na prisão e o filho no hospital, e revolteou tudo à procura de não sei quê, muito menos a mulher, também espantada com aquele desregulamento de alguém, Dan, com quem há pouco até conversara tão calmamente.
E Dan procurou, e tanto vasculhou, que acabou por encontrar, no quarto do miúdo, Liam, detrás da cama, uma outra t-shirt também ensanguentada.
Estranha e nova descoberta!
Que a primeira camisola ensanguentada revelara ser sangue do assassinado, mas Frank sempre dissera, ao ser inquirido, que tinha a camisola dele com sangue, porque o filho tinha um abcesso que rebentara e lhe sujara toda a t-shirt.
E, agora, aparecia uma outra camisola, igualmente toda ensanguentada.
Depois não entendi a subsequente sequência narrativa, não percebi se ainda estavam a narrar o episódio cinco, se era já uma sinopse do sexto, mas falaram de um xamã, ou qualquer coisa assim, que Frank não era de facto o assassino, não sei…
Aguardemos o episódio seguinte, o sexto, só na próxima 2ª feira.
E que terá sido feito do documento roubado e de quem o roubou?!
E, obrigado por me ter lido até aqui, diz o texto narrado, e eu, narrador infiel.
Pelos vistos esta série é, afinal, mais demorada do que previra. Sempre pensei, dado o tempo de cada episódio, que fosse para concluir numa semana.
O enredo também é muito mais complexo do que parecia e as conclusões vão-se demorando.
A qualidade da peça fílmica, o rigor do trabalho desenvolvido, sob variados aspetos, assim o exige!
Situemo-nos…
O espaço da ação decorre na cidade de Santiago de Compostela, maioritariamente no Hospital Real. Depreende-se que filmado em espaços naturalistas, provavelmente não no espaço original, uma vez que o antigo Hospital é agora um parador de luxo, pousada, como se designa em Portugal. Pareceu-me ter lido qualquer coisa sobre Pontevedra…
O tempo, a que se reporta este exercício de reconstituição cuidadosa, situa-se no final do século XVIII, na última década, poderíamos precisar 1793.
Menciono esta data, porque já várias vezes e, a propósito de França, em que o novo médico estudou, um “afrancesado”, a propósito da França revolucionária, foi citado que haviam cortado a cabeça ao Rei. Facto que ocorreu em 21/Janeiro/1793, data em que Luís XVI foi decapitado.
Também já se ouviu sobre o perigo de guerra com a França. Deduzimos que a Espanha ainda não estaria a participar na designada “Campanha do Rossilhão”, em que Portugal também viria a envolver-se.
Também designada “Guerra dos Pirenéus” ocorreu de 7/03/1793 a 22/07/1795, sendo que a Espanha declarou guerra à França em 17 de Abril de 1793.
A decapitação do rei francês e a declaração de guerra da Espanha à França estão relacionadas na realidade e também na série.
Pelo que poderemos deduzir que o tempo em que se desenrola a ação da série apresentada tem decorrido neste intervalo de tempo: primeiros meses do ano de 1793.
Voltemos ao enredo.
Pouco a pouco ele vai-se desvendando.
No que respeita aos crimes em série, “a investigação está num ponto morto”, palavras de Dom Daniel. E o assassino literalmente debaixo das respetivas barbas.
Também para esta equipa de investigação o conceito de “serial-killer” ainda não era conhecido, ainda não tinham chegado à era do cinema…
“O nosso objetivo é o Hospital Real”, repete-se e relembra-se esta frase, novamente proferida pelo Alcaide, para Duarte, o assassino, mudo que não é mudo, que cada vez se revela menos “pau-mandado”, apesar de ser “homem-de-mão” de outros poderosos.
Mas mostra-lhes também, e sempre mais, o seu próprio poder. A junção de um veneno (?) no vinho do Alcaide. A recusa em servir-lhe mais água… O sorriso cínico que entreabre para quem espera vingar-se…
E até que ponto vai o seu próprio poder ou estará ele ao serviço de outros ainda mais poderosos?! Até onde vai a sua própria autonomia?
Porque interessados em controlar o Hospital não faltam.
Para além dos que já conhecemos, outros se nos deparam.
A chegada do novo capelão-mor isso mesmo nos revela.
Ex jesuíta, tal como o fora o Padre Damião, tal como foi o atual Inquisidor, têm eles esse objetivo, enquanto membros do Clero. Como nos revelaram neste quinto episódio.
Recuperar para a Igreja um Poder que já fora desta Instituição.
Disfarçadamente, enquadrados noutras Ordens Religiosas, uma vez que os Jesuítas haviam sido expulsos de Espanha vinte anos antes, movem-se na sombra, disfarçadamente, para conseguirem tal desiderato.
Consegui-lo-ão? Num mundo e numa época em que se vislumbram grandes convulsões e mudanças tanto para Espanha como para toda a Europa e Américas, na sequência da Revolução Francesa, das Campanhas Napoleónicas que em breve se iniciarão e dos Movimentos Liberais, que na sequência destas eclodirão?!
Provavelmente não.
Entregue a direção do Hospital a um secular, Dom Andrés Osório, amigo do Rei, com poderes económicos de gestão e também jurisdicionais, no campo cível, reconhecia este a importância da nova classe social em ascensão, a Burguesia. Literalmente, o Rei ao entregar a gestão do Hospital a um burguês, retirava poderes tanto à nobreza como ao clero, e em seu próprio proveito, claro.
Porque o Hospital era imensamente rico!
Mas enveredemos por outro aspeto do enredo.
O “herói”, que continua apaixonado pela “mocinha”, frise-se, fez novamente das suas…
Enquanto jovem médico, o Doutor Alvarez de Castro, arrebatado, ainda inexperiente, mas imbuído de convicções e certezas próprias da idade, da sua experiência parisiense e ideais revolucionários, acha que deve fazer só o que “a sua consciência lhe dita” e novamente fez asneira.
Recusou-se a seguir ordens dos seus superiores hierárquicos, tanto no plano profissional como administrativo.
Não quis garrotar o pé gangrenado de um paciente, quis aplicar uma pretensamente nova metodologia e “a coisa deu para o torto”…
Foi expulso da Instituição e não fora a lucidez de Don Sebastian Devesa, cirurgião-mor, que o tem em grande estima, e nele reconhece qualidades e competências, apesar dos arroubos da juventude, e estaria no desemprego… E a Família falida, de que ele agora é o chefe.
E a propósito de Família…
A sua Mãe, Dona Elvira de Santa Maria, agora desamparada, mostra cada vez mais protagonismo em cena.
Para além de se humilhar perante Dom Andrés, uma nobre ajoelhar-se perante um burguês, a mendigar a readmissão do filho dileto, e a ouvir uma recusa, é ainda ameaçada de morte pelo amante da filha, Capitão Ulloa, militar e sobrinho do Intendente e um pinga-amor, que já se embeiçou pela iniciante de enfermeira, Olalla.
Aguardemos cenas dos próximos capítulos…
E a nossa freira chefe, enfermeira mor, irmã Úrsula, na sua postura seráfica e esfíngica, sempre sorrateira à espreita, “olhos e ouvidos” da Inquisição, sempre a delatar… “Limito-me a cumprir ordens da Santa Madre Igreja”! Ou dela própria? Qual o seu real papel em todo o desenrolar do enredo?
E não posso deixar de observar como eram as práticas médicas na época.
Com os conhecimentos possíveis, escassos e limitados; as restrições morais e religiosas à experimentação, base do conhecimento e desenvolvimento científico; a inexistência de antibióticos, desconhecimento dos micróbios; a não esterilização de instrumentos de uso clínico, as condições de higiene e alimentação precárias, apanhar uma doença era ser portador de sentença de morte.
Daí se compreende, apesar do aparente cinismo e desumanidade, da recusa de entrada da mulher prostituta no Hospital, que ocorreu no terceiro episódio e foi causa da primeira diatribe do jovem médico, Daniel.
A amputação de um membro a um doente, sem anestesia, com recurso a aguardente e uma rolha na boca, sem instrumentos cirúrgicos adequados, teria que ser um ato de grande coragem para todos os envolvidos.
E termino, que a crónica já vai longuíssima… com falas de Daniel e Ollala, ou não sejam eles os protagonistas principais da peça…