Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Retornando ao referido no último post, quem herdou o lado artístico da Matriarca Veronika foi Gro. Após a “descoberta” da célebre Obra, em que Signe está representada, de 1989, ano em que a Mãe “abandonou” a Filha, intitulada pelos peritos (Robert e Kim) como “Corpus”, Gro já delineou uma outra, a partir dos restos de coleção da Mãe: uma cabeça de peixe, com uns galhos na boca. Robert já se prepara para a certificar e atestar, preocupado inclusive com o nome a dar-lhe.
Então, e as medidas implementadas por Signe no sentido de ter alguma privacidade e independência no Solar?!
Acha que ela conseguiu?! Tiveram os resultados esperados?
Conhecendo as peças que constituem aquele jogo desconjuntado, de personagens destrambelhadas, já se vê que Signe não conseguiu alcançar os objetivos pretendidos.
Não só continuam a invadir-lhe a Casa, a torto-e-a-direito, como lhe tomam conta da própria Vida, fazem asneiras como crianças traquinas e ainda Signe assume a responsabilidade pelas parvoíces daquelas prendas.
Thomas, pai de Gro e de Melody, supostamente pessoa adulta é o mais irresponsável de todos. Não toma conta de si mesmo, nem da filha bebé, deixa Isa tomar álcool, e conduzir sob esse efeito e age com Emil, como se fossem dois adolescentes retardados, à descoberta do tempo perdido.
Tinha que dar bronca. Isa a conduzir, na tentativa de parar, enervada e bêbeda, espetou o carro de Emil no avião estacionado no átrio da Casa. Tomás teve que ser hospitalizado, meteu bombeiros e polícias, mas quem ficou como responsável e encobriu os factos, foi Signe.
Signe herdou o Solar, e aquela família desconjuntada, como os galhos que Gro colocou na boca do peixe, talvez a próxima obra de Veronika, “descoberta” por Gro, atestada por Robert e “comercializada” nos circuitos da “Alta Cultura”, por Kim.
E assim prossegue a saga desta Família.
Signe a tomar conta deles todos, mesmo das asneiras. Sem privacidade, quase sem vida própria, a casa devassada e novamente ocupada, indo ela viver para a barraca de Tomás, que este, convalescendo, foi ocupar o quarto de Veronika, por sugestão de Gro, que mexe os cordelinhos institucionais da Família.
Frederik está fora de toda esta trama.
Continua isolado e cada vez mais só.
Robert, entretanto, contou a Solveig do ataque de loucura que ele teve na Tailândia, em que estrangulara Gro, quase a matando, e para ela ter cuidado com os filhos.
Solveig matutou no assunto, proibiu-o de visitá-os, e deu-lhe conhecimento que se vai divorciar.
No final, vê-lo-emos, finalmente, a chegar ao Solar, estava Emil a consertar o automóvel e, muito pesaroso, quase a chorar, abraçado ao irmão e a queixar-se de que a mulher o proibira de ver os filhos.
Retornou ao Solar, a Gronnegaarden, porto de abrigo de todos aqueles náufragos, apesar de todos os contratempos e contrariedades, face ao espaço e tempo em que nele terá sido menos feliz!
Mas o Solar é um espaço referencial para todos eles, memória de um tempo mais ou menos gratificante para todos, como habitualmente é a Infância, sempre imbuída de algum sentido de segurança e felicidade, indispensáveis a qualquer Ser Humano!
Quem vemos nesta fase é Melody. Anda e ciranda de colo em colo, de braço em braço, de mão em mão, tal qual as “Pombinhas da Katrina”!
Isa resolveu fugir daquele ambiente, gente sempre em movimento e altercação, perturbante para uma pessoa frágil como ela. E levou a filha.
Sorte, Emil e Signe terem-se apercebido e impedido que ela levasse a criança.
Pois que seria da menina entregue aos cuidados daquela rapariga?!
E quem fica a tomar conta da miúda, cada vez mais engraçadinha?!
Depois de dois dias sem publicar, fiz como que uma espécie de luto, volto à Série!
Mas, já estou como Signe. Farto daquela Família!
Que viver naquela e com aquela família é um verdadeiro pesadelo!
Diz ela: “Vivo com uma família que estraga tudo e não quer saber de mim!”
Os que fazendo parte daquela família alargada, ali vivem naquela Casa, Solar Gronnegaard, vive cada um a seu jeito, não querendo saber nada de Signe. Basicamente todos se aproveitam dela, da Casa, cirandando por ali, nos seus interesses, sem cuidar dos dela.
Thomas, sempre numa boa, tudo bem, que a passa ajuda muito, teve o desplante de semear cannabis por entre o cânhamo industrial. A fiscalização que, nestes aspetos é rigorosa, mandou cortar tudo e queimar. Lá se foi a produção agrícola. E Signe, que projetara ser agricultora, vê os seus sonhos serem consumidos pelo fogo.
O namoro com Martin, com um papel também relevante no Clube de Andebol, em que John é treinador, também se foi abaixo com o estatelamento de Martin, socado pelo Mister, pai da moça.
Decididamente a rapariga vai ficar para Tia!
Mas ela tem sangue de Verónica e, certamente, as respetivas mitocôndrias.
Tenta vender a Casa, prioritariamente a Frederik, cada vez mais alienado, vivendo isolado na casa de campo, com vista para braço de mar ou lago, que não observo sinais de marés. Abandonado pela mulher e filho, que é impossível viver com ele, dedica-se à pesca e abate de árvores centenárias. Acompanha-o a filha Hannah, mas mesmo esta será expulsa pelo pai, cada vez mais em perigo, para si mesmo e para os que o rodeiam.
Frederik não quer comprar.
Gro também não, exalta-se também com Signe, mas acaba por lhe oferecer um empréstimo de 200 mil, para ela continuar com o negócio agrícola e os seus Sonhos!
Signe não aceita.
Todavia, face aos fracassos: na venda do solar, no pretendido abandono da família alargada, na impossibilidade de voltar, ainda que temporariamente, à família de adoção, e a uma noite mal dormida no carro, à beira do porto, Signe retorna à sua Casa. O Solar Gronnegaard, seu, por Direito Familiar!
Começa por convidar a sair, melhor, expulsa o bando de artistas que Thomas, em mais uma das suas ideias luminosas dos anos sessenta, para aí levara, para formarem uma casa ou família comunitária, que não me lembro bem do termo exato.
Depois decide reunir todos os familiares que ali vivem: Tomás, Emil, Leone, Gro e Isa, entretanto também retornada com Melody.
E decide aceitar o empréstimo de Gro, impondo condições. E define regras e normas de conduta aos irmãos e Thomas, que são os que mais coabitam os espaços e deles usufruem.
Restringe e confina cada um deles a espaços específicos na Casa, proíbe-os de circularem livremente pela sua própria parte da Casa, fechando inclusivamente uma das entradas ao 1º andar.
Impõe-lhes uma renda pela utilização dos locais que lhes destinou, pois, de facto, tudo é sua propriedade. Aos que terão mais dificuldades financeiras, define-lhes trabalho na Casa, que há muito que fazer.
Ou seja, assumiu as rédeas da sua própria propriedade, de que eles usufruíam a seu bel prazer, sem pensarem nela.
Assumiu o Poder. Da sua própria Vida e Destino.
Interiorizou o papel de Matriarca, da matriarca Veronika, que, neste aspeto de Educação, deixara os filhos cada um para seu lado. Custa-me dizer, mas a palavra exata será que ela falhou na educação dos filhos, mais dedicada ao seu lado artístico.
Signe tomou esse papel de Educadora.
Impôs limites, regras, normas. Definiu quem manda ali. Quem é quem!
E, pelo menos aparentemente, todos aceitaram.
Isa até a elogiou: “És fantástica!”
No final, Robert regressou novamente cheio de amor por Gro.
Seguindo o seu conselho, fora a Hamburgo visitar os filhos, falar com a mulher Cláudia, mas voltou. Decidido a comprar um apartamento em comum, com quartos para os filhos os visitarem.
Por enquanto, regressaram ainda ao apartamento de Gro, em Copenhague, desejosos de renovarem os votos de amor eterno.
Mas quem tinham à espera, no corredor do andar?
Hannah, sobrinha de Gro, filha de Solveig e Frederik, que fora expulsa por este e de que não sabiam o paradeiro.
Aflita com o comportamento do pai, recorre à única ajuda, que julga possível.
A tia Gro, de certo modo também a Matriarca daquela Família!
Nota final:
Hoje decidi ilustrar o post com uma imagem diferente.
E o que será?!
Poderá ser o protótipo de uma nova instalação de Veronika, ainda não “descoberta” por Gro; também poderá ser o esboço de um berço ou porta bebés para Melody, mas também não.
E o que é?
É o desenho de uma “mitocôndria”, de que sabemos Signe será portadora das de Veronika.
E, hoje, ficamos por aqui, aguardando o desenrolar de próximos episódios, que não me admira que Signe ainda agarre a veia artística da Mãe biológica!
E vou narrar algumas peripécias do enredo reportando-me a alguns factos marcantes destes episódios, sem os reportar especificadamente a cada um dos mesmos, que não me recordo de tudo, nem terá sentido esmiuçar todos os pormenores, dado serem já três episódios passados e muitos aspetos terem-se alterado na sequência narrativa.
Ontem, no final, assistiu-se à prisão de Emil na distante Tailândia. E poderemos ajuizar das condições deploráveis em que se encontram os prisioneiros naqueles “aljubes”. Preso por estar na posse de uns quantos charros, fornecidos pelo seu ex-sócio, Hirun, também seu denunciante à polícia, despeitado por Emil ter vendido o empreendimento turístico, sem o seu consentimento e por uma tuta-e-meia.
Mais uma vez, é à família que recorre, neste caso Gro, para pagar a garantia, para poder ir a julgamento. Que estas prisões de estrangeiros funcionam também como uma forma de obtenção de divisas, num sistema corrupto a todos os níveis.
Que ao entrar naquele antro assustador, onde nem quase há espaço para se sentar, apesar de tudo, uma mão amiga, igualmente de um estrangeiro, Ken, o convidou a sentar-se junto dele, numa nesga do lajedo do chão. Que já ali estava há três meses, que estão sempre a pedir mais dinheiro de garantia. “Acho que nunca mais sairei daqui!”
E daqui poderemos ajuizar o que também poderá acontecer a Emil!
Gro esfalfou-se para obter o dinheiro, que também não o tem, Frederik também não quer ceder nada, pois está possesso com o irmão, não sei se contei porquê, mas talvez ainda conte...
Gro só consegue dinheiro líquido, vendendo Obras da Mãe. Sempre Veronika presente naquela família.
Andava em negociações da última peça produzida pela mãe, uma designada “Bico”. Negociava com um oligarca russo que queria a peça para assentar no hall da sua mansão, quando na respetiva conceção ela era para figurar pendurada no teto. Também negociava com um museu finlandês, que pretendia a obra para lhe dar um destaque merecido, à Obra da Mãe Veronika, em sala específica e adequada, nas condições originalmente previstas, apropriadas e de realce.
Mas face ao bico-de-obra, mais um, em que Emil se enfronhou, e na premência de obter a massa, decidiu-se por vendê-la aos russos, apesar de todos os constrangimentos e pruridos que tivera, pelo manifesto desconhecimento que o novo-rico apresentara face ao sentido estético da Obra!
Bom, mas que importa a Estética face, não direi Ganância, mas premente Necessidade?! E, nesta situação, por uma causa nobre, a de salvar o irmão. Amor Fraternal e Altruísmo.
Nestas mudanças a que todos se tiveram que adaptar, após o julgamento e respetiva sentença, Gro talvez seja a que se está a desenvencilhar melhor.
Voltou a estar na ribalta, ligada às “Altas Esferas Culturais”, inclusive voltou ao posto que lhe tinham oferecido antes, na chefia de um Instituto Cultural, cujo nome não consegui fixar, que as nomenclaturas dinamarquesas são quase como as do célebre vulcão islandês, perdoem-me o exagero.
Aí voltou novamente a brilhar, como ela gosta de estar, resplandecente, com um copo de vinho de qualidade e fama, pavoneando-se entre os assistentes inaugurais. Bebericando. Apenas bebericando.
Nada como a víramos na última vernissage, a camisa branca toda enojada de bebedeira.
Mas para isso agarrou-se às armas que tinha. Sabedora de que houvera qualquer coisa com umas Obras da Mãe, que Kim usara como garantia para obter um empréstimo qualquer, no princípio da sua vida cultural, tratou de esmiuçar esse assunto com Leone, a advogada da matriarca e que está por dentro destes meandros, mesmo que podres. Ela e Thomas, com quem aliás tem uma espécie de namoro, funcionam como pontos e contrapontos na narrativa, estruturando e desbloqueando o enredo, quando as coisas precisam de avançar.
E assim soube, na garantia de não citar o nome de Leone, que Kim usara algumas das Obras da Mãe, como garantia dum empréstimo, mas que no final não devolvera uma das mesmas. Que Veronika soubera, mas acabara por não fazer muito caso do assunto. Peça artística que figura num museu.
E foi com este conhecimento e argumento que Gro chantageou Kim, não vou esmiuçar muito o assunto, e o fez mudar de atitude em relação à própria, nomeadamente propondo-a novamente para Diretora do tal “Instituto ou o Que Quer Que Seja Cultural”, a que ela agora preside.
Também no plano afetivo a sua vida melhorou, pois Robert que já se oferecera para se juntar ou casar ou lá o que seja, com ela, apareceu-lhe em boa hora, no final de um dos episódios anteriores, vindo da Alemanha de carro e informando-a que deixara a mulher, Cláudia, para vir viver com Gro. Sopa no mel!
E foi com Robert, agora a viver no seu apartamento, julgo que em Copenhague, que não me confirmaram o endereço, que ela congemina mais uma das suas man(Obras) Culturais.
Tendo já vendido o célebre “Bico” ao russo endinheirado, enviado até dinheiro para pagar a fiança do irmão, recebeu, finalmente, a proposta de compra do Museu Finlandês!
E, vai daí, não esteve com meias medidas. Vendeu também aos finlandeses, que ela não é mulher para se atrapalhar.
E como se desenrascar dessa embrulhada?
Pois foi com Robert que “descobriram” a solução. A partir das plantas e esboços que a mãe deixou, congeminaram criar um outro “Bico”. Um “Bico de Obra”, diga-se. Mas afinal não se destina para um russo?! E a simbologia imperial da Antiga Rússia, cujas tradições têm sido restauradas pelos novos oligarcas, não é uma Águia de duas cabeças? Logo, dois bicos/”Bicos”.
E é nestes afazeres que ela agora se acha. Nos ateliês do Solar, com Rene, assistente de Veronika, a iniciarem a “criação” de uma novel Obra.
A que Signe também assistiu.
Relativamente a Signe, é caso para dizermos: Que farei com esta “Herança”?
Tomou conta do Solar e dos campos. E que lindos são os campos! O arvoredo, a paisagem de encostas e colinas suaves. No tempo narrativo em causa, julgo que será Verão.
Estão a modificar a Casa, pretensamente reconstituindo o apartamento onde vivia originalmente com Andreas, dentro do Solar! Para agradar a Andreas, que os espaços do Solar são enormes e desconfortáveis!
Mas o interesse dela, agora, são os campos, pois quer tornar-se agricultura. Produtora de cânhamo, para fins industriais, material isolante para casas, nada de maconhas, que ela não é rapariga dessas coisas.
Thomas, que voltou a viver na barraca, que não se adaptou à vivenda de Leone, nem ao corte de cabelo que ela lhe fez, nem às regras burguesas de viver engavetado, é que achará aliciante, tanto material para charros, à mão de semear. Isto, quando tal acontecer!
Que, por enquanto, ainda está tudo congeminado, na fase de projeto, as sementeiras serão só na primavera. Signe, apesar de obstinada, não está a conseguir dar conta do recado, nem está a ser capaz de segurar o namorado, que se sente excluído em todos aqueles seus projetos.
Aquela teimosia e estado selvagem dela, sinais de Veronika, como lhe dirá mais tarde a Mãe Adotiva, afloraram novamente à superfície comportamental e problematizam o seu relacionamento com o namorado.
Que os sonhos dele são outros. Quer formar Família com Signe, que ama e é reciprocamente amado, quer ter filhos. E ela, confusa como se confessa, o que quer é tornar-se lavradora.
“- Como é que a nossa família se encaixa nos teus planos?” Lhe perguntou Andreas.
“- Agora, quero plantar estes campos!”
E com valores e projetos antagónicos, apesar de se amarem, o inevitável aconteceria.
Andreas abandonou-a.
Signe ficou triste, só, acabrunhada, sentindo-se abandonada.
Nem Thomas lhe valeria, nem a sua música monocórdica, nem o colorido e rosado de uma amiga deste, Isa, diretamente chegada da Índia. Não da Tailândia, como diria o saudoso ator português falecido há alguns anos, Camacho Costa, quando por aí proliferavam os produtos made in.
(Nestes dias em que outro nome sonante do mundo artístico, também nos deixou, Nicolau, Nico, de inexcedível Obra! Nico D’Obra!)
Mas nestas ocasiões é sempre bom ter Mãe!
E, Lise, apesar de ser Mãe Adotiva, foi a verdadeira Mãe de Signe.
E foi ela que chegou para confortar a filha, a dar-lhe o seu Amor!
E a propósito de Amor, que é feito de Frederik? E de Solveig?!
No episódio oito, já após o julgamento, fora visto muito animado no célebre jogo em que a equipa de Andreas e John ganhou por 23 – 22 e subiu de divisão e foi uma alegria para todos. Que o Desporto tem este efeito redentor. Esta capacidade de libertação, quando jogado com Desportivismo, fair-play.
E parecia encaminhar-se tudo pelo melhor naquela família.
Parecia.
Havia aquele problema entre Emil e Solveig, mas só eles sabiam e se constrangiam, apesar de disfarçarem.
Só que de uma conversa entre ambos, a filha do casal, Hannah, ouviu qualquer coisa.
Idades complicadas, catorze anos, e a miúda ficou muito acabrunhada, agressiva com a mãe e o tio, isolando-se, assumindo uma postura meio gótica...
Bem não vou aprofundar muito este aspeto, apenas frisar que Solveig acabou por contar ao marido o que acontecera.
Muitos constrangimentos, mas acabou por dizer, em momento e ocasião preparada para tal, pelos vários intervenientes.
Após alguns rodeios e hesitações, terá proferido as palavras, não direi mágicas, mas terríficas.
“- Sabes, dormi com teu irmão!”
Forma simplista e muito linear de dizer. Porque, dormir, dormir não dormiu. Antes usasse o conceito bíblico de “entrar”. Ou a terminologia tão modernaça de “rapidinha”, teriam sido palavras mais adequadas ao acontecido. Mas foi “dormi” que foi traduzido, que também ignoro completamente qual o conceito usado pela artista em dinamarquês.
Mas adiante.
E perante este dizer, Solveig esperaria do marido uma reação brutal, que lhe chamasse nomes: “sua esta... ou aquela...”, omitimos os substantivos, que aqui não usamos palavrões; talvez até que a agredisse, apesar disso representar violência doméstica e também não fica bem no politicamente correto... Não sei! Só sei que ela ficou muitíssimo frustrada com a forma como Frederik reagiu.
E como foi essa reação.
Sem mais nem menos, de forma fria e calculista, dirigiu-se à secretária, pegou no computador, confirmou as contas e decidiu-se por não atribuir mais dinheiro nenhum a Emil, que já se fartara de receber da Mãe.
Nem mais um centavo! Nem menos um cêntimo!
Solveig abalou frustrada, lançando-lhe: “És sempre o mesmo!”
Mas tudo isto já foi noutro episódio mais anterior, que ontem ela e Frederik já estavam numa boa. “Eu sempre soube que era a ti que queria. Amo-te”, lhe disse ela.
(Mas neste contar há imensos excertos que não conto.)
Que a situação de Frederik tem sido a mais complicada de todas a entrar nos eixos. Alucinações com a Mãe, disfuncionamento sexual, idas a médico, tomada de anti depressivos, consulta de analista, quase tentativa de violação da própria mulher, eu sei lá.
(A imagem apresentada reporta-se ao enterramento do que restou das cinzas de Veronika. E, simultaneamente, a plantação de uma macieira nesse mesmo local! Cerimónia simples, mas carregada de simbolismos.)
Aguardemos os próximos episódios, para vermos como se irá processar todo o desenrolar do enredo!
Não voltei a escrever sobre a Série, desde o 2º episódio, apesar de ter visualizado os episódios três, quatro e cinco. Tentarei abordar algumas questões do enredo, de forma lacunar, diga-se.
A partir do terceiro episódio, foram-se criando e/ou estreitando laços entre os irmãos, foram-se congeminando conluios entre as partes, no sentido de articular o modo de cada um obter o máximo da herança para si mesmo e os respetivos interesses egoístas.
Até tudo explodir.
E aqui aproveito para falar sobre a imagem do genérico. Numa jarra, um lindo “bouquet”, como sói dizer-se. Lindas flores, parecem-me rosas, túlipas, frésias coloridas e cheirosas, imagino eu, pelas que tenho agora, no jardim.
Um simbolizado da Mãe, Veronika, ausente, mas sempre presente?!
Da Família?!
Que subitamente se estilhaça, se desfaz em mil pedaços, como se houvesse uma explosão no seu seio.
(Tal como aconteceu com as cinzas da Matriarca... no último episódio. Quebra-se o vaso e espalham-se as cinzas e precisamente sobre quem?! ...)
Que é isso que acontece naquela Família, naquelas Famílias, na sequência da herança da célebre Casa. Explodem. Quebram-se, partem-se todos os laços...
As posições de Gro e Frederik situam-se praticamente em polos opostos. São só irmãos do lado da mãe e rivais, de ódio figadal. Ainda que recalcado, por puro interesse.
O papel de Signe é fundamental e imprescindível em qualquer esquema possível de solução.
Gro entendeu isso perfeitamente, que a advogada lhe explicou. Sabe que sem Signe, ou contra ela, não poderá fazer nada.
Daí, tentou e conseguiu conquistá-la, seduzi-la, manipulá-la, puxá-la para o seu lado, “integrá-la” na Família, enredá-la, através das memórias guardadas e gravadas de quando ela era criança e frequentava o Solar, antes de ser definitivamente adotada e impedida de voltar junto da mãe verdadeira e dos irmãos.
E até lhe ofertou um vestido...
Fios, teias, em que Signe se foi deixando prender, embora ainda distante da questão da herança propriamente dita, que esse continua a ser o fito dos outros três.
A ponto de, no final do 3º episódio, dizer para o namorado, Andreas, que não queria voltar a ver os Pais que a criaram: o Pai verdadeiro, John e Lise, a Mãe Adotiva.
Esta atitude irá provocar complicações nesta Família e nos seus diversos membros, especialmente em Lise, em que se observam sinais perturbantes: devolver os objetos pessoais de Signe, quando criança, a pintura total do quarto, de branco; como se quisera riscar e apagar, branquear, parte da sua Vida, no respeitante à Filha que adotara.
Frederik, sempre com sinais de perturbação.
Na sua relação com a irmã Gro, imagem recalcada da Mãe, Veronika, que ele odeia.
Paradoxalmente no episódio de ontem, ele que tanto odeia a Mãe e quer afastar-se das suas lembranças, da sua memória, acabaria embebido, empoado, embrenhado, nas cinzas da própria mãe...
Esse ódio é projetado, no presente, sobre a irmã. Ao ponto de se lhe atirar a matar.
Ela devolve-lhe ódio igual, como se viu na reunião que Signe promoveu, na sua própria casa, e que se transformou numa cena de pancadaria. E ódios subitamente explodidos, mal Gro lhe arremessou pedra a um ponto sensível. Que foi Carl, pai de Frederik e Emil, que se suicidou no palheiro, tendo sido Frederik a encontrá-lo pendurado na trave mestra. Após aquele ter vindo da Califórnia, doente, no final dos célebres anos oitenta e Veronika o ter expulsado da sua própria casa. E sequencialmente os rapazes terem ido viver com uma tia, praticamente também expulsos...
Essa perturbação também se expressa no seu relacionamento com os filhos.
Na sua relação, ausente de relação, com a mulher.
Na sua obsessão com o trabalho e com a herança, que nem a esposa compreende, pois estão muito bem materialmente.
Gro, a todos tentou enganar, falsificando a assinatura, mas acabou desmascarada por Frederik, precisamente no dia da reunião com os investidores e promotores da Fundação. Em que também Signe já participava. E até Thomas, que inicialmente Gro lhe dissera que o excluía, como fizera no livro sobre a Mãe. E, zangada, também o ameaçara de expulsão, juntamente com a barraca onde vivia. E, nessa sequência, Thomas, despeitado, a denunciara a Frederik sobre as assinaturas. Não, sem antes confirmar, que não seria expulso da cabana, caso Frederik ficasse com a Casa.
E foi com essa delação que terminara o 4º episódio.
Emil, no meio destas lutas entre irmão e irmã, o que precisa urgentemente é de dinheiro líquido, que já foi ameaçado, de forma velada e subtil, pela máfia oriental a quem pediu emprestado.
E, no sexto episódio, ontem, Frederik conseguiu ser ele a comandar as hostes e a questão da herança. Promoveu uma reunião com os irmãos, às dez, com Gro, ameaçada de denúncia à polícia, e com Emil, definindo previamente uma estratégia para “derrotar” Signe, com quem marcou só para as onze, oferecendo-lhe 2,5 milhões e assim ver-se livre dela, que a não considera da Família. Que ele tem plena consciência que o direito à Casa é de Signe.
E não a considerar da Família e dizer-lho na cara, foi o erro tático dele.
Que ela não aceitou a sua oferta.
E foi assim que terminou o 5º episódio.
E Signe, para o bem ou para o mal, continua a ser a charneira em todo o processo da Herança, que até apresentou uma proposta muito conciliatória, no quarto episódio, mas que os dois irmãos rivais não aceitaram e na sequência da qual se gerou aquela luta de morte.
Vamos ver como ela vai conduzir o processo. Que também já aprendeu o cinismo com os irmãos!