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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

“Mad Men”, Computadores, IBM e Memórias de há quarenta anos!

“Mad Men” - Homens Loucos

Computadores, Informática, IBM

E Memórias de há quarenta anos!

IBM_logo.svg in wikipedia.png

 

Noutro post sobre esta série, que vi de forma errática nesta sétima temporada, referi que haveria de abordar dois acontecimentos verídicos ocorridos na segunda metade da década de setenta, relacionados com computadores e informática.

 

Num dos primeiros episódios desta 7ª temporada, na firma “Sterling Cooper” procederam à instalação de computadores da IBM, nos respetivos escritórios.

Decorria a ação em 1969.

Eram, os computadores da época, uns caixotões enormes, ocupando bastante espaço nos escritórios. Esses aparelhos, bem como os técnicos que com eles trabalhavam e o conhecimento a eles inerente, a informática, eram detentores de uma áurea especial, simultaneamente associada à sua inevitável necessidade e ao desconhecimento da sua funcionalidade, pela maioria dos empregados, leigos no assunto. Funcionários que os viam como imprescindíveis, num contexto de progresso e de futuro, mas simultaneamente lhes suscitavam algum receio e incompreensão, pelo desconhecimento que deles tinham e medo inconsciente de anulação/substituição de postos de trabalho. E também a perplexidade inerente a algo desconhecido e de contornos funcionais apenas acessíveis a iniciáticos dessa sabedoria e especialistas nesse modus operandi.

Não havia nada do que hoje dispomos, nem sei se o modo de agir, de fazer, de pensar, de lidar com os computadores e a informática, como se processa atualmente, seria na época, 1969, imaginável! E ainda não se passaram cinquenta anos!

Mas as alterações e mudanças foram imensas! Nalguns campos, nomeadamente os tecnológicos. Porque, no plano das mentalidades, a evolução parece ser mais lenta…

 

Os acontecimentos que quero abordar ocorreram em Portugal um pouco mais tarde, já na década de setenta, especificamente em 1975 e 1976/77.

 

Em 1974 e 1975, enquanto estudante, trabalhei em várias atividades temporárias para duas firmas que não sei se ainda existem: a “NORMA” e o “IPOPE”.

Consistiram essas atividades na realização de inquéritos à opinião pública sobre os mais variados temas e assuntos, desde hábitos alimentares, consumo de bebidas, lançamento de novos produtos ou aparelhos, até sobre opiniões políticas, muito frequentes e recorrentes, após Abril de 74, em sondagens sobre partidos, líderes partidários e medidas a implementar.

Nesses trabalhos que eram remunerados, um valor X por cada inquérito, e cujo pecúlio dava imenso jeito, percorri Lisboa nos mais variados bairros, desde Alfama a Alvalade, de São Bento ao Poço do Bispo, Campolide e Campo de Ourique... Até fiz inquéritos no Casal Ventoso, bairro de casas degradadíssimas, mas de pessoas muito humildes e simpáticas e, na altura, 1974, cheias de esperanças e expectativas face a um futuro melhor, como aliás nesse Portugal recentemente saído da Ditadura de quase meio século.

Mal saberiam no que se tornaria o Bairro nos anos oitenta e noventa, e que levaria à sua demolição mais tarde.

Também fiz inquéritos em localidades da Grande Lisboa: Cascais, Porto Salvo (Carcavelos), Pragal (Almada), Amora… Que me lembre, de momento.

 

Em 1975 continuei na feitura desses inquéritos para a NORMA.

Já depois do célebre “Golpe de 11 de Março”, em Maio ou Junho, não sei precisar, calhou-me ir fazer um conjunto de inquéritos sobre questões políticas, para o Bairro de Alcântara, mais concretamente para a Rua Feliciano de Sousa.

 

A Empresa atribuía-nos um conjunto de inquéritos para realizarmos em determinada zona, com início em determinada Rua e num específico número de porta.

A orgânica estrutural de sequência dos inquéritos a realizar, onde os realizar, em que ruas, números de porta, número de andar, esquerdo ou direito e em cada casa selecionada, quem iria ser inquirido, tudo esse esquema sequencial estava previamente definido a partir do ponto de partida que era o nome da Rua e o nº do Prédio. Depois seguíamos essa estrutura sequencial, de que não me lembro agora de todos os pormenores. Mas tinha que se seguir esse esquema estrutural, de modo a que a pessoa a ser selecionada para ser inquirida o fosse da forma mais aleatória possível.

Por vezes seguir esse esquema tornava-se muito aborrecido, porque a pessoa que era selecionada no agregado familiar, não estava presente no momento. E então lá tínhamos que voltar novamente ao local, à rua, ao prédio, ao andar, numa hora em que a pessoa a inquirir pudesse estar presente e responder às perguntas.

 

Para evitar os contratempos resultantes da ausência das pessoas, procurávamos fazer os inquéritos ao final da tarde, início da noite, quando os trabalhadores já haviam regressado das suas empresas ou então nos fins-de-semana, de preferência aos sábados, em que havia mais disponibilidade.

Para aplicarmos esses inquéritos as empresas mencionadas proporcionaram-nos formação adequada ao fim em vista, ensinando-nos as regras gerais fundamentais de aplicação dos questionários e, sobre cada um deles, o conteúdo e a metodologia específica.

Para além das regras deontológicas gerais e especiais da função.

Um regra geral indispensável era levarmos o cartão identificativo que nos forneceram, colocado à vista no peito e, caso nos fosse pedido, o BI. E fazermos sempre a nossa apresentação pessoal e funcional e o objetivo da visita, agradecendo a amabilidade da pessoa em receber-nos.

 

Na aplicação desses inquéritos escolhi ir num sábado à tarde, pelas razões apontadas. Até porque durante os dias de semana havia aulas e este era um part-time, um dos que tive enquanto estudante. Deste, dos inquéritos, gostei muito especialmente, por andar de lado para lado e por contactar com muitas pessoas de todas as condições sociais e culturais, dos mais variados níveis de vida e idades, desde que adultas, e com as mais variadas opiniões. Foi um trabalho muito enriquecedor em termos humanos e possibilitou-me conhecer Lisboa, os vários bairros e localidades dos arredores.

 

Para quem se lembre, a NORMA ficava na Avenida Cinco de Outubro, num prédio de esquina com outra Avenida de que não me lembro o nome, que já não passo há algum tempo por aí, nem sei se a firma ainda existe, conforme já referi.

A nível do rés-do-chão tinha um relevante mostruário de computadores, esses “monstros enormes”, como os que vimos na série. Que estavam aí expostos, o prédio tinha grandes e rasgadas janelas que serviam de montra, pois esses computadores eram para venda. E, claro, made in U.S.A. e da I.B.M.!

 

O Bairro referido é um bairro popular, ainda hoje o será, sem certezas, que não passo por lá há anos! Quarenta anos atrás, com grande predominância, no plano sócio profissional, de operariado.

A zona que me fora destinada para realização dos inquéritos fica a norte do Bairro e num espaço relativamente confinado e, de certo modo, isolado, pela orografia e pelos acessos à Ponte Vinte e Cinco de Abril e pela Avenida de Ceuta. Espaço geográfico onde, pelas diversas tipologias e características, os habitantes praticamente se conheciam ou estavam ligados por laços, fossem familiares, de vizinhança, sócio profissionais e também ideológicos. E, quiçá, partidários!

 

Eu fora um estranho que ali entrara. Além do mais, numa tarde de sábado em que muitos dos habitantes estavam “sem fazer nada”, nas cavaqueiras e convívios de bairros populares, nas ruas, nos cafés, nas tascas…

Cumulativamente, vinha questionar, inquirir, interrogar, “vasculhar?”, opiniões, conceitos, ideias, sobre questões políticas e partidárias. Numa época quente da nossa recente Democracia! E que ainda “aqueceria” muito mais!

Na seleção aleatória que fazia, segundo a metodologia técnico-científica pré-determinada, ia calhando selecionar inquiridos que não estavam em casa, mas na rua ou em local de convívio público.

Fiz um ou dois inquéritos normalmente. A partir do terceiro ou quarto, passei a dispor de assistência, que não só ouvia o que o entrevistado dizia, mas também comentava. E também me interpelavam. E questionavam. De entrevistador também passei a entrevistado.

Quem era, quem não era, o que fazia ou não fazia, o que queria ou não queria, o que pretendia ou não pretendia…

Ao longo da rua foram-se formando grupinhos de vizinhos e vizinhas que cochichavam, comentavam, quiçá, formulariam conjeturas sobre o meu papel ali, naquele momento e naquela época.

E tudo isto, Como?! e Porquê?!

Porque apresentando-me, como era de praxe e obrigatório deontologicamente, o fazia como trabalhando na NORMA, com cartão identificador. O que era um facto intrinsecamente verdadeiro.

Algumas das pessoas que por ali estavam conheciam a NORMA, como a Empresa que “vendia” ou “tinha” aqueles Computadores todos nas montras!

E os computadores eram fabricados por que empresa?! Onde? Por quem? Pois, pela IBM – International Business Machines.

E que tipo de Empresa era essa?! Pois, uma Empresa Multinacional dos E.U.A. – Estados Unidos da América.

E o que significava, qual a meta significação da sigla EUA/USA?! Pois os Estados Unidos da América e os Americanos eram a essência e personificação do Imperialismo. O Imperialismo Americano, que para algumas mentes, nessa época, era o único existente. (Só nessa época?!)

Ali, naquele contexto, naquele local, naquela época, naquele momento quente que vivíamos, para aquelas “cabeças pensantes” o raciocínio linear e silogístico que delinearam foi o seguinte:

- Eu trabalhava para a NORMA, que vendia Computadores, que eram fabricados pela IBM, que era uma Empresa Multinacional, uma Empresa Americana dos Estados Unidos, Americanos que eram o supra sumo lapidar e único do IMPERIALISMO!

Logo, eu, ali, naquele espaço e tempo, para "aquelas cabeças pensantes" era… um Agente do Imperialismo Americano.

I want you in. brasilescola.com

 

E, logo a fazer perguntas às pessoas sobre questões de natureza política e partidária!...

Bem, dará para imaginar a cena?!

Talvez só para quem tenha vivido esses tempos…

 

Os hipotéticos inquiridos começaram a não querer responder; se procedia a outra seleção, obtinha idêntico procedimento, uma recusa de resposta; avançava na pesquisa e outro não; respostas negativas, maus modos, olhares de soslaio e algumas pessoas manifestavam alguma agressividade; grupinhos aqui e ali pela rua, sinais de mal-estar, desconforto; ameaças veladas e algumas mais explicitadas.

A situação tornou-se intolerável. Era impossível dar continuidade à feitura dos inquéritos. Porque, obtida a primeira recusa ninguém mais me quis responder. Para além dos sinais evidentes e explícitos de contrariedade e alguma agressividade.

Optei pela atitude mais sensata. Dei por terminada a minha função, saí da zona, vim-me embora sem concluir o conjunto dos inquéritos, que mal os tinha começado… e entreguei-os na Empresa. Propuseram-me ir fazê-los noutra zona da cidade com perfil semelhante, mas optei por não continuar a fazer esse tipo de inquéritos.

Ainda fiz mais inquéritos, mas de outras tipologias.

 

Passaram-se quarenta anos!

 

Lembrei-me de escrever no blogue sobre este acontecimento caricato, mas verídico, quando na série “Mad Men” passaram o episódio da instalação dos “monstros” dos computadores da IBM, na fictícia “Sterling Cooper”.

 

Terá a ficção alguma coisa a ver com a realidade?!

 

E terá esse peculiar acontecimento alguma coisa a ver com a atualidade?!

Terá? Não terá?!

Talvez ainda falemos alguma coisa sobre isso…

 

E qual foi o 2º acontecimento relacionado com computadores e referente a 1976/77?!

 

Por agora, termino, que o prosear já vai longo.

 

 

“MAD MEN” - American Movie Classics – AMC

“MAD MEN"

Série Americana na RTP2

Temporada 7

Episódios 12 e 13

“Sterling Cooper”: fusão ou confusão na “MacCann-Erickson”

fusão in theatlantic.com

 

E como se processou a integração dos quadros da antiga “Sterling” na "MacCann"?

 

Não foi nada fácil essa integração. Nessa fusão houve necessariamente muita confusão, principalmente nos quadros superiores. Imbuídos dum espírito de senhores dominantes numa empresa de pequenas dimensões, mas em que detinham um estatuto elevado, alguns dos sócios executivos tiveram dificuldade de integração ou não se integraram de todo.

 

Roger Sterling, principal acionista da firma com o seu próprio nome, que vendeu, não teria propriamente o objetivo de voltar a trabalhar. Reformou-se, que era esse o seu móbil. Gozar a vida. À grande e à francesa, daí ter juntado os trapinhos com uma canadense, que falava francês e com quem foi passear para a Cidade Luz, Paris!

Mas foi ele o elo de ligação entre a velha firma e a nova. Entre os quadros da “sua Sterling” e os executivos da “MacCann”. E essa interligação foi difícil de concretizar com alguns deles, ao ponto de Jim Hobbart, presidente da “MacCann”, o ter acusado de lhe ter vendido uma “maçã podre”.

 

Peggy Olson, redatora supervisora, vivenciou algumas dificuldades na sua passagem para a nova empresa, mais por questões inerentes ao funcionamento da empresa recetora. Que não dispunha, ou não disponibilizou desde logo, de um espaço próprio e específico para o seu trabalho, não lhe cedendo um escritório, nem os equipamentos necessários ao seu funcionamento. Essa ausência de ação traduzia, na ótica da profissional, uma falta de consideração pelas suas funções e estatuto, que ela tão arduamente conquistara, numa firma e num mundo sócio profissional liderado e dominado por homens. Finalmente ser-lhe-iam dadas as condições à sua cabal integração na nova empresa, conforme já abordámos no post anterior.

Até à sua transferência para a “MacCann”, foi permanecendo pelos escritórios da “Sterling”.

Aí lhe apareceria o próprio Roger, vindo da “MacCann”, angustiado e sequioso de álcool, que na nova empresa esse hábito não era cultivado, pelo menos à escala em que se abusava na sua firma, com o seu apelido batizada. Vasculhou o móvel-bar, mas não encontrou nada. Valeu-lhe Peggy, oferecendo uma garrafa de vermute, que compartilharam os dois. E foi vê-los, ele tocando piano e ela a andar de patins nos escritórios da “Sterling”, agora quase despidos de mobiliário, uns verdadeiros salões de baile e patinagem artística.

(E eu que julgava que só eu é que, por essa mesma época, finais de 60, inícios de 70, andava de bicicleta roda 28, em círculo, na cozinha da minha avó  Rosa! Mas não sob os efeitos de qualquer vermute!)

Pois sob esse efeito e de cigarro de lado na boca, conforme documenta a imagem seguinte, Peggy assim entrou triunfalmente, na nova empresa, senhora e dona do seu estatuto de mulher emancipada profissional e socialmente, demonstrando à saciedade e à sociedade conservadora da nova empresa, ser uma mulher livre e libertada! Uma menina pop!

 

entrada triunfal in stitoday.com

 

Imbuída desse espírito, impregnada desses valores também, Joan, que aliás fora a mentora de Peggy, julgou que faria uma entrada triunfal, com passadeira vermelha, na MacCann. Mas saíram-lhe furados todos os cálculos, todas as conjeturas.

Mercê de um conjunto de estereótipos e preconceitos, a que não seria de todo alheia a sua condição de mulher, sobreposta ao seu visual de mulher fatal, esteve sujeita a um conjunto de equívocos, desde ser rebaixada a trabalhar às ordens de um jovem muito menos experiente e capaz, até pedir ajuda a um executivo, que achou que ela o fora convidar para uma escapadela de fim-de-semana, para na alcova conquistar estatuto profissional e mercês do patrão.

O confronto com o presidente da empresa não foi menos redentor. Pelo contrário. Não valeu qualquer argumento, muito menos supostas ameaças de sindicatos ou movimentos libertários ou denúncias nos jornais da cidade. Que ela ignorava as páginas de anúncios publicitários que a “MacCann” comprava diariamente nos principais diários nova-iorquinos.

Ontem, como hoje, os media têm Dono! Na altura, os principais meios de comunicação eram os jornais, pese embora o peso que a rádio também tinha e a crescente importância da televisão. O cinema também era importante, relativamente muito mais do que é agora.

Internet era ficção científica!

E Tudo Isto Tem Dono ou Donos!

Vale-nos atualmente e, apesar de tudo, a Internet. Um espaço de Liberdade!

Mas Joan não teve sorte nenhuma, mas também não cedeu nem se sujeitou a ser humilhada nem enquanto profissional nem na condição de mulher.

E preferiu deixar a empresa e o emprego, vendendo as suas ações e participação na firma por metade do preço, que foi isso que o presidente da MacCann, Jim Hobbart, lhe ofereceu. Cinquenta cêntimos, por cada dólar por ela investido.

E com esse dinheiro se foi e investiu na sua produtora de filmes industriais, de que também já falámos no epílogo

 

Pete não só se integrou desde logo bem, que era “menino bem”, e sabia safar-se, como ainda ganhou emprego ainda melhor, de que também já falámos no respeitante ao episódio catorze e derradeiro.

 

Don, supostamente a “baleia branca” da “Sterling”, não saiu nem branca, nem preta, nem cinzenta, nem baleia. Saiu-lhes uma balela!

Na célebre reunião de diretores criativos, eles eram tantos e tão iguais, que Dan se confundiu.

Não se fundiu e fugiu.

Ver-se entre tantos e tão iguais, todos com mesuras simpáticas para com um palestrante chato, sempre a falar de um homem que todos conheciam, em quem todos pensavam, de que todos sabiam os hábitos, as atitudes e comportamentos, os costumes e que todos queriam convencer nos seus trabalhos publicitários, “o Homem Médio Americano”, que não era um, mas muitos milhões… fez Don devanear e vaguear nos topos dos arranha-céus da “Grande Maçã”, sair dessa reunião, não à procura de um “Homem Médio”, que não era apenas um, mas muitos milhões, mas à procura dele próprio, um único e apenas, na busca da sua identidade perdida, do seu original trocado.

E correu os “Estates”, na célebre “Estrada 66”, se não foi nessa foi noutra qualquer até lá ter chegado e no seu Cadillac, que na época tudo quanto se achava gente andava de Cadillac, e foi até à Califórnia frequentar um retiro espiritual na sua busca interior, que esperemos se tenha encontrado e achado.

 

busca de identidade in. visiteoseua.com.br..jpg

 

E assim falamos, ou não, na integração/não integração na nova empresa, que muito fica por dizer, por contar, especular e questionar.

 

Talvez ainda fale de dois episódios verídicos, vividos na segunda metade da década de setenta, relacionados com os computadores, na época, “verdadeiros monstros”. Enormes! Tão só e apenas!

“MAD MEN” - American Movie Classics – AMC - Epílogo

“MAD MEN”

Série Americana na RTP2

Temporada 7

Episódio 14

Epílogo

 

in rollingstone.com

 

Esta série dramática, exibida de 2007 a 2015, teve na quinta-feira transata, dia 5 de Novembro, o seu epílogo na RTP2, com o 14º Episódio desta 7ª Temporada.

Houve o cuidado, por parte dos guionistas, de rematar o enredo, atribuindo aos personagens principais, um final satisfatório aos seus anseios e objetivos, conforme foram manifestando ao longo do seu desempenho na narrativa.

 

primavera colorida in hollywood.reporter.com

 

 

Vejamos…

 

Pete Campbell, menino bem, de “boas famílias” tradicionais, ambicioso … arranjaram-lhe um novo emprego numa empresa de jatos privados e é vê-lo a ir passear num desses mini aviões, executivo topo de gama, acompanhado da filha e da mulher, com quem se reconciliou.

Ao abandonar a “MacCann – Erickson”, teve a amabilidade de se ir despedir de Peggy e de ser simpático com ela, com quem tinha sido por vezes grosseiro ao longo de vários episódios.

 

do joan peggy in telegraph.co.uk.jpg

 

Peggy Olson, secretária esforçada que fora subindo arduamente na “Sterling Cooper”, com uma entrada problemática na “MacCann”, acabou por ter o reconhecimento do seu estatuto e profissionalismo na nova empresa, sempre aspirando ao cargo de chefe criativa.

Paralelamente acabou por reconhecer-se enamorada de Stan Rizzo, iniciando um par romântico, um amor desencontrado que através do telefone se encontrou, em declarações apaixonadas, que frente a frente davam sempre para o torto. E foi vê-los a beijarem-se na sala de trabalho da secretária criativa, esforçada, centrada no trabalho e ascensão profissional e, finalmente, também recompensada com o desejado, aguardado e merecido Amor.

Cumulativamente, a sua ex-colega, Joan Holloway, ofereceu-lhe parceria num negócio de produção de filmes industriais, numa empresa independente, que Joan quer fundar e associar Peggy como guionista.

 

Aquela, Joan, realizou um dos seus sonhos: a criação da sua própria produtora, “Holloway & Harris”. Mulher assertiva e independente, proactiva, afirmando-se e afirmando o papel da Mulher no contexto social e profissional nessas décadas já tão distantes e ainda tão chegadas: anos sessenta e inícios de setenta do século XX.

No plano emocional, terá perdido o seu novo namorado, um pouco mais velho e já reformado, cheio de bago, que pretendia seguir com Joan para as curvas, que é o que não lhe falta a ela, e a ele, pelos vistos, dinheiro. Viajarem pelo mundo, gozando da sua companhia, que a ela não lhe desagradaria, mas também tem outros projetos para si mesma, que também tem em conta a sua realização profissional. E, nesse plano, ficou nas sete quintas.

Para ajudar a criação do filho também, e ainda, conta com a mãe. E teve uma ajuda preciosa de Roy, Roger Sterling, que deixou parte da sua herança à criança.

Se mal pergunto, mas o menino de Joan é filho de Roy ou do indivíduo com quem ela esteve a viver, não sei se casada?! Dúvidas de quem não viu todas as temporadas, nem nestas, todos os episódios…

 

Roger Sterling, após a venda da sua “Sterling…”, uma “maçã podre” na “Grande Maçã”, vai gozar da reforma… passeando pela Europa com uma jeitosa matrona da sua estirpe, que conheceu através de Megan Draper, que por acaso, só por acaso, é a sua própria mãe. E que fala francês! Só não sabemos se tocará piano…

 

Sally Draper, filha de Don e Betty, adolescente, que iniciara um processo natural de pequenas rebeldias de filha mimada, jogando com a separação dos pais e a “massa” destes, cresceu de repente. Tomando conhecimento da doença fatal da mãe e do desfecho iminente, ganhou maturidade e protagonismo no enredo e na sua própria vida e na dos que a ela estão mais chegados, os irmãos e a progenitora.

 

Esta, Betty Draper, após passar a maior parte da vida como esposa dondoca e boneca enfeitada, resolveu frequentar a Universidade e estudar Psicologia. Talvez à procura de si mesma, do tempo perdido e de um significado para a sua própria existência algo vazia, de aparências e cabelo sempre arranjado e vestidos aprumados. E foi precisamente aí, na Faculdade, que encontrou um primeiro sinal do seu destino. Ao cair na escada, subindo os degraus do estudo e do saber, viria precisamente a ter conhecimento, após os devidos exames, ser portadora de doença fatal, ainda hoje, muito mais naquela época, uma verdadeira sentença de morte: um cancro de pulmão. Inexoravelmente, morte certa!

Um sinal também da “morte” daquele modelo de Mulher?!

E um prenúncio das famigeradas campanhas anti tabagismo?

 

compaixão in latimes.com

 

E Don?!

Bem, o protagonista da série ficou para o final deste trecho narrativo.

Don, após a célebre e paradigmática reunião de diretores criativos na “MacCann – Erikson”, num 14º andar de um escritório nova-iorquino, com vista soberba sobre os arranha-céus, que menosprezam a torre da Catedral de São Patrício, deu-se ao devaneio… Abandonou a sala, o andar, o elevador, o edifício, a cidade e pôs-se a andar… “On the road”. Qual Kerouac, percorreu os Estados Unidos, de Leste para Oeste, no seu esbanjador de gasolina, à data, abundante e barata, que para a crise petrolífera ainda faltavam dois anos…

Viveu as peripécias da vida errante de cow-boy moderno, sem causa nem destino, sem um fim ou finalidade, que não fora fugir de si, à procura de algo que nem ele próprio é. Que ele não é quem diz ser, possuidor de uma falsa identidade que não lhe pertence.

Acabou num retiro espiritual, num local isolado da Califórnia, com uma soberba vista para o Pacífico, numa comunidade pacífica e de pacifistas, relaxando numa de yoga ou tai tchi, e frequentando psicoterapia de grupo.

Andando na sala sem destino, exprimido sentimentos sem nada dizer, tê-los-á alguma vez ele expresso?!... Preso ali, naquele espaço de aparente libertação, que o carro lhe fora roubado pela mulher, Stephanie, que o levara para aquele local recôndito de fim de mundo.

Desesperado, telefonou a Peggy, desabafou, que fizera tudo errado, que não era quem julgavam, que estragara tudo, que quebrara todos os seus juramentos…

Peggy apreensiva…

Afinal rematou que só ligara, porque percebeu que dela não se despedira e queria ouvir a sua voz… Mais um que foi simpático com a ex secretária subalterna, reconhecendo-lhe o valor, não devidamente reconhecido enquanto trabalhavam juntos.

E Draper voltou a novo seminário, também a convite de outra senhora.

E ouviu outro participante, Leonard, relatando a sua vida e um sonho…

“… passam por mim e não me veem… dizem que me amam… se calhar, amam… (…)

Sonho que estava numa prateleira de um frigorífico… …” E chorou, chorou. Caiu num choro convulsivo, incontrolável…

E Don, num gesto espontâneo e sentido, numa atitude de empatia, levantou-se da sua cadeira, dirigiu-se ao local do Outro, e abraçou-o. E também chorou!

E voltou a novo relaxamento com a memorável vista sobre o mar, em posição de yoga e exercícios respiratórios.

E um hino de agradecimento espiritual…

“Mãe Sol, adoramos-te! E agradecemos-te a doçura da Terra. De um novo Dia!” Hino muito peculiar daqueles tempos de “Make Peace, Not War!” De “The Flower Power”!

 

retiro espieitual in hollywoodreporter.com

 

 

Mas o episódio, a temporada, o seriado terminou não com este hino, mas com outro bem mais prosaico e, na verdade, mais consistente no tempo e no espaço, ou não fossem eles publicitários e delineadores do constructo, do designado “american dream”, sonho americano.

Pois a série findou ao som de um célebre spot publicitário de 1971: o “hino” à Coca-Cola, “que é a melhor bebida do mundo”.

Diz a publicidade…Publicidade!

 

Consciencializassem as pessoas de que é ela feita… e não lhe tocariam.

E quanto melhor não é beber um bom vinho português! Ou até uma boa cerveja!

E, esta opinião não tem nada a ver com nacionalismos!

 

E ficamos por aqui?!

E não falamos da célebre entrada destes pioneiros da Publicidade na nova empresa em que a “Sterling” foi incorporada, após a respetiva venda por Roy?!

Não sei! Talvez…

 

“MAD MEN” – Série Americana na RTP2

“MAD MEN” 

Série Americana na RTP2

Texto II

(Outubro 2015 – 19 a 23)

 

Alguns tópicos extraídos do enredo do seriado

 

Esta semana decorreram cinco episódios desta 7ª Temporada da série, de um total previsto de catorze. Várias fontes referem ser esta a derradeira temporada.

 

Nesta fase, a ação decorreu, temporalmente, até agora, em 1969.

No contexto de espaço, ocorre maioritariamente na Costa Leste, em Nova Iorque, onde está sediada a empresa fictícia de publicidade “Sterling Cooper”, nos respetivos escritórios, na Madison Avenue. Também na Costa Oeste, Los Angeles ou Hollywood, não sei com precisão, onde trabalha como atriz, a segunda mulher de Don Draper, Megan Draper. Noutros locais dos States não facilmente identificáveis por mim. Decorre fundamentalmente em espaços interiores, cenários fictícios, portanto.

 

Alguns aspetos que se realçam nesta série.

 

Em primeiro lugar, pensando especificamente em 1969, e, genericamente, na década de sessenta, o que nos ocorre?!

 

Para quem tenha nascido nos anos quarenta ou cinquenta do século passado, muitas das vivências retratadas ou sugeridas ou mencionadas ou visualizadas nesta série, lembram-nos situações por nós vividas direta ou indiretamente ou que delas tivemos conhecimento, através dos meios de comunicação, na altura quase exclusivamente em suporte de papel, jornais, algumas revistas; através da rádio, que era um veículo comunicacional de certo alcance, e embora de muito menos projeção, mas em constante crescimento, a televisão. E do cinema, que foi um dos meios marcantes da transmissão dos valores, atitudes, comportamentos e hábitos dos norte americanos.

Porque apesar de na década de sessenta ainda estar vivo o célebre "Senhor de Santa Comba", de estarmos em Guerra, de haver censura, exame prévio, e outras coisas mais e de pior gabarito, como a polícia política, a ameaça de prisão arbitrária... foi havendo gradualmente alguma abertura, até porque o dito senhor “caiu da cadeira” em 1968 e morreria em 1970.

 

De que nos lembramos em 1969 que de algum modo a série aborda?

 

A nível de acontecimentos, a Guerra do Vietname, a chegada à Lua, que teve direito a transmissão na RTP e sobre o que a maioria do País (Portugal) ficou relativamente incrédulo.

Sobre a Guerra já falaram, era um assunto problemático, porque já havia movimentos contrários à mesma, especialmente no seio das camadas mais jovens e que eram mal vistos nos meios mais conservadores. Mas também se referiu que Nixon, o presidente da altura, também já equacionava o fim da Guerra. Mas o que só aconteceria em 1975.

Sobre a chegada à Lua, ainda não acontecera nesta fase da narrativa, mas previa-se a sua efetivação para breve.

 

mad men  in. thorpebenefits.com

E a nível de hábitos, costumes, atitudes e comportamentos?!

 

Ressalta à vista o que de algum modo, atualmente, impressiona. O uso e abuso do tabaco e do álcool, de uma forma tão indiscriminada, no local de trabalho e no quotidiano da vida pessoal dos protagonistas. Fuma-se e bebe-se em todo o lado e local, a qualquer hora e momento, em qualquer circunstância. São atos e comportamentos rotineiros, socialmente bem aceites por todos. Ou não fossem esses homens promotores e encorajadores desses mesmos hábitos, enquanto publicitários dos respetivos consumos, através dos produtos específicos que vendem publicitariamente.

 

A generalização da mini-saia, lançada nessa década, em 1964, pela inglesa Mary Quant. As secretárias e funcionárias da agência, bem como as mulheres jovens em geral, fizeram desse trajar um modo de ser e de estar. Peggy Olson usou-a também como forma de mostrar a sua ascensão hierárquica, o seu poder e sedução feminista.

Algumas eram bem ousadas, que como se dizia na altura, “o que é bom é para se ver”.

Em 1967, no Festival da Eurovisão em Viena, a inglesa Sandie Shaw fez furor por cantar descalça e pela mini mini-saia atrevida com que se trajou. Venceu com "Puppet on a String"! Esses "fait-divers" tinham bastante repercussão naquele mundo tão fechado e atrasado que era Portugal de sessenta!

 

O movimento hippie, surgido na Costa Oeste, São Francisco, cuja canção evocativa, de 1967 e de Scott Mackenzie, também cá chegou. ‘Se fores a São Francisco, não esqueças de levar flores no teu cabelo…”

Em 1969, realizou-se o festival de Woodstock, cujos ecos ainda que repercutidos também cá chegaram.

A rádio e muito particularmente alguns programas do antigo Rádio Clube Português e da Rádio Renascença foram veículos importantes do fazer chegar ecos da boa música que se produzia nos E.U.A. e na Grã-Bretanha. Alguns desses ecos ouviram-se já nos primórdios de setenta.

Na série, os efeitos deste movimento também se observam, nomeadamente no trajar colorido e florido de alguns personagens. E também na adesão da filha de Roger Sterling a esse movimento, indo viver para uma comunidade hippie, no campo, abandonando família, marido e filho.

Paradigmática a cena de pai e filha, cada um trajado ao seu modo de estar socialmente, ele, como executivo; ela, como rapariga hippie, a discutirem afetos e desafetos, no meio de um charco de lama, numa comunidade campestre, junto a uma camioneta de caixa aberta, a cair de podre.

 

Ainda no plano dos hábitos e também relacionado com consumos e o movimento hippie, o “consumo de erva”, e outros consumos psicotrópicos, que em Portugal explodiriam mais tarde, já após 1974/75.

 

As festas particulares, com muito álcool, música, drogas e sexo. “Sex, Drugs and Rock and Roll”

 

No plano económico - empresarial

 

Para além da importância crescente da publicidade como mais-valia no processo produtivo, o destaque de algumas empresas que se tornariam ícones nos respetivos ramos empresariais.

A IBM e a instalação dos computadores nas empresas. Uns “monstros” enormes, que inclusive “assustavam e atemorizavam” alguns dos empregados mais suscetíveis e atormentados mentalmente.

A relevância da fast-food, observada na alimentação dos diversos executivos que com os hambúrgueres se deliciavam às refeições. Referência à “Burger Chef”, que contratou ou entrou em negociações com os serviços da agência publicitária.

Não posso deixar de mencionar a utilização das velhinhas e saudosas (?) máquinas de escrever mecânicas. E do seu sonar tão peculiar.

E dos telefones fixos, o único meio de comunicar à distância. E a importância e solenidade de fazer e receber uma chamada. E de ter um telefone!

 

Tudo isto faz parte da nossa História recente, pessoal e social, individual e coletiva!

 

E a nível de Valores?

 

O papel crescente da Mulher no plano das funções empresariais, materializado, por ex., na assunção dum cargo de chefia criativa por Peggy Olson, tendo às suas ordens, ainda que muito relutante e obstinadamente contrariado, o célebre criativo publicitário e um dos fundadores da firma, o reputado, Don Draper, macho alfa da empresa.

 

A rebeldia dos filhos adolescentes

 

As mudanças relativas à sexualidade para que, entre outros aspetos, contribuiu a generalização do uso da pílula.

 

As lutas pelos Direitos Cívicos são um aspeto contextual que também emerge da trama.

 

E estes são alguns dos assuntos que, de uma forma genérica e despretensiosa, consigo realçar do conteúdo temático desta série, pelo menos do que me lembro e me ressalta numa abordagem simplificada.

 

Alguns destes acontecimentos ou situações repercutiram-se em Portugal um pouco mais tarde. Uns para o Bem, outros para o Mal!

 

Se houver mais algum aspeto que me tenha faltado, agradeço que mo comunique, S.F.F..

 

 

 

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