Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Escolhi estas 3 quadras vagabundas, perdidas nos meus apontamentos. Julgo que nunca as publiquei.
Escrevi-as em 2019 e também as disse em Tertúlias. Da APP – no Café Dâmaso – Lisboa, 12/10/19. Da SCALA - Almada, também em outubro desse ano, pré-pandemia!
A 1ª sintetiza uma situação observada na Avenida de Roma, em que um jovem casal ajudou um velho a atravessá-la. Ia para a Tertúlia do Vá-Vá, que nesse dia não se realizou ali. Fora mudada para a Sede, aos Olivais.
Nunca cheguei bem a saber quem era o senhor, que também não conheciam na APP- Associação Portuguesa de Poetas. Só sei que se chamava Silveira e vivia ali perto.
As duas quadras seguintes vêm um pouco nessa sequência.
Em todas elas há alguma “vivência” de Régio e do seu irmão pintor. Andava a “ler” obras de ambos.)
Almada – Praça S. João Baptista; Lisboa – Av. de Roma
Porque havemos de viver permanentemente condenados a esta sina de conexão umbilical à cultura de outros povos, à cultura global, esquecendo o que é nosso, o que nos identifica enquanto sujeitos autónomos, independentes e portadores de uma cultura específica, particular e peculiar?!
Não menosprezo a importância dos ditos cujos. Que, aliás, saúdo, os vencedores… (Sempre os vencedores que são louvados! E os “perdedores” não merecem também o nosso louvor? Que seria do vencedor se não houvesse vencido?!... Adiante.)
Venho falar-vos de Cultura, nossa e de Poesia também, Cultura sempre!
Na Oficina de Cultura – Almada foi inaugurada a 26ª Exposição de Artes Plásticas da SCALA. No postal anterior, escrevi que vislumbrara algumas das obras, agora já posso falar com mais conhecimento de causa, pelo que vi na inauguração, no passado sábado, dia oito.
Vá - Vá, não perderá o seu tempo, pelo contrário, sairá enriquecido/a, desfrutando da contemplação dos vários trabalhos expostos. Alguns até podem ser adquiridos.
Conforme já mencionei, nos fins-de-semana há programas específicos, envolvendo outros domínios artísticos. No sábado, cantou e encantou o Grupo de Cantares do Castelo de Sesimbra.
Iniciativa por demais louvável, que engrandece a nossa Cultura, a Cidade, a Oficina de Cultura, a Autarquia, a SCALA. E os seus associados agradecem. Está ali exposto muito trabalho, de muito boa gente, que se entrega a estas tarefas com muitíssima dedicação, desde a conceção até à organização e montagem de toda a logística expositiva. Parabéns e Obrigado a todos, realce especial aos Artistas!
E como me manda ir, ainda voltarei, pode crer.
E também fui, sim! Fui ao Vá – Vá, Avenida de Roma – Lisboa, à habitual Tertúlia da APP, do 2º sábado de cada mês. Ainda que apenas à 2ª parte. Mas valeu!
Após a degustação da praxe, como manda a sã convivência, iniciou-se a segunda ronda.
Joaquim Sustelo disse, dedicado aos Alentejanos, um belíssimo poema de Maria João Brito de Sousa, “… a Ceifeira dos trigais…”; bisou, de Felismina Mealha, alentejana “…Era Dezembro, Mãe, tão perto do Natal…” e ainda lhe ouvi, de sua autoria, “Poema de núpcias de D. Balbina”!
Maria da Encarnação Alexandre (MEA), disse “Enigma … para lá da luz o escuro da distância…” e um poema dedicado às Mulheres: “Mulher é poema de rima perfeita”.
Maria Helena disse um poema de homenagem a José Afonso e “Ser Poeta!”: “…só a Poesia pode salvar o mundo…”
Feliciana Maria disse “Apelo”, um poema sobre a preservação dos oceanos…
"VÁ – VÁ": Poesia – Antologia (XXIII) – APP – Associação Portuguesa de Poetas
Fertagus ?!
As Tertúlias da APP, do 2º sábado de cada mês, a partir das 16h. 30’, voltaram a ser realizadas no VÁ – VÁ. E bem! Que são uma ocorrência poética, que já há alguns anos se vem desenvolvendo naquele espaço lisboeta, sob a batuta da APP. E, anteriormente, noutros enquadramentos, alguns documentados em fotos no local. Comparecemos vinte pessoas, das quais dezoito “Disseram” Poesia, dos próprios ou de Outros.
Cada um a seu jeito e modo, contribuiu para o engrandecimento da Poesia! Da POESIA! (Que é esse desiderato que nos deve unir. E que nos chega e nos basta! A Poesia!)
Disseram “Presente!”: Graça Melo, Daniel Costa, Francisco Carita Mata, Aires Plácido, Júlia Pereira, Bia Maria, Joaquim Sustelo, Santos Zoio, Pais da Rosa, Felismina Mealha, Fernando Afonso, Fernanda Beatriz, Tita Tavares, Maria Saudade, Custódia, João Coelho dos Santos, Quim Marques, Maria Helena.
(Estranho a ausência de alguns poetas e poetisas, habitualmente presentes. Sobre alguns me informaram que estão doentes. Aproveito para lhes desejar rápidas melhores. Outros têm outros compromissos. Voltem todos, engrandecem a Associação e a Poesia!
Apesar do ruído que continua, o Vá – Vá é sempre o VÁ – VÁ!!!)
Também foi entregue a XXIII Antologia a quem o pretendeu. Está bonita, sim! (Os vinte e três anos!) Uma capa muito sugestiva, que nos apela ao desbravar da leitura. Que ainda não tive oportunidade de fazer totalmente. Mas já a folheei na totalidade, lendo em “diagonal” sobre os antologiados. Técnica e materialmente, apreciei o objeto, a forma, a dimensão, o tipo de papel…E também já li alguns poemas. Alguns Poemas de que gostei imenso e com algumas surpresas muito agradáveis, para mim! Estão todos de parabéns. Poderemos gostar mais ou menos de uns do que de outros, concordar ou não… é um direito de cada um expressar-se livremente… também com respeito e consideração por quem lê: o(s) Outro(s), para quem escrevemos! Os Organizadores, com todo o trabalho que tiveram, merecem a nossa especial consideração. Porque há sempre muito esforço organizativo.
Existirão algumas gralhas, mais ou menos técnicas, ou tipográficas. Existem sempre!
Não posso deixar de frisar o que já expressei pessoalmente: A ordenação dos participantes deverá ser feita alfabeticamente. É o critério mais objetivo! Qualquer outro método é sempre por demais subjetivo e aleatório.
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E não posso deixar de aproveitar para outro assunto. As minhas “deslocações capitais” são habitualmente via Fertagus! Fui numa carruagem das que tiveram lugares sentados reduzidos. Sábado, levava pouca gente, para o que é habitual em dias de semana e horas de ponta. Também já viajei nesses dias e horas… o tratamento é de gado para matadouro, ou pior! As Pessoas são tratadas “abaixo de cão”! (Que estes agora são chiques!) (Infelizmente a situação aplica-se a outros meios de transporte de toda a “Cintura de Lisboa”!)
É imperioso e urgente que as Cidades, nomeadamente Lisboa, sejam “pensadas” de outro modo, no que respeita às suas funcionalidades e serviços. Que os espaços, em todas as suas valências, sejam “pensados” globalmente, de forma articulada pelos diversos agentes fundamentais no terreno. E que as Pessoas sejam vistas e tratadas como PESSOAS!!!!!
No passado domingo, Tertúlia no Vá Vá. Catorze pessoas marcaram presença! Marcaram e disseram de sua justiça, “Dizendo Poesia”! E também cantando, quem sabe. E declamando ou recitando. E lendo.
Houve duas rondas de Poesia, enquanto estive. Numa primeira, um breve esboço de cada um, sobre o seu ser e querer poéticos. Na segunda, o versejar / poetar, simplesmente!
Maria Bia: “Esqueci-me do amor” e “Rosa que chorava”. Aborda o tema do “Amor”. Escreve sobre a Mãe e acerca do que a “toca” mais.
Aline Mamede, integrante dos Jograis da APP: “Novo amanhecer” de um seu livro. E “Jardim do tempo”. Gosta de escrever. Escreve sobre o tema do “Amor”, até ao que observa!
Graça Melo, atual Presidente da APP: “Pastor do monte” e “Vou para onde o vento me leva”. Do seu livro “Poemas Desconexos”, dedicado a Fernando Pessoa (Alberto Caeiro).
Fernando Afonso, um dos decanos dos Poetas da APP: “Brinca na poeira, brinca”, de Graça Melo. (Poema inspirado pelo neto da autora e na sua forma de brincar.) E um poema de Gonçalves Crespo, “… a farda não é morte…”. Como só ele sabe…!
Maria Augusta: “Nidação” e um soneto de Amor – “Metamorfose”. Começou a escrever mais, após a reforma. A escrita funciona como um processo de autoconhecimento, introspeção. Gosta de escrever com serenidade e paz!
Maria Teresa Pais da Rosa: “Desejo… nas ondas revoltas…” e “A demência do sentir”.
Abordou uma situação, que lhe aconteceu, ao ter “perdido” uma pasta com poemas seus…
Pais da Rosa: “Amor errante” e “Mãe eterna”. Muito jovem, 1944, sentiu-se “cortado” pela mãe, que não queria que ele escrevesse poesia. Ficou traumatizado. Mas escreve muito. Não publica nada. Satisfaz o seu ego!
Maria Deodata: “Fé na luta”, excerto adaptado, “… dividindo, faço a multiplicação…”, de Gabriel, o Pensador. E ”Sonho”. Gosta de Dizer e Ler, essencialmente. Às vezes escreve.
Angelina Fonseca: “Voluntário é um amigo”, dedicado ao filho. E “Mais um ano se passou”. Escreve Poesia, quando pensa em algo a que dá valor!
Feliciana Maria: Disse um poema de apresentação, versejando sobre si enquanto pessoa, integrante da sua Família. E três quadras de António Aleixo. Escreve desde criança. Na adolescência, para as desgarradas entre rapazes e raparigas. Assinou como “Maria do Tempo”. Publicou um livro de canções e poemas.
Júlia Pereira: “Numa noite de ilusão” e “Pudesse eu ser”. Vida de muito trabalho, numa família de dez irmãos, que ajudou a criar. Fez os estudos possíveis para a época. Após a reforma, começou a escrever. Ainda hoje com muitas atividades: Voluntariado, Universidade Sénior… estilista das suas roupas. Um livro de Poesia Tradicional: Quadras!
José Castrelas: “Sem nome” e “Carga d’água”. Exerceu trabalhos variados ao longo da vida, desde pastor a pintor / trolha… Começou a escrever na tropa e ainda mais quando enviuvou. Dois livros publicados.
José Branquinho: “E hoje era a vida sem sol”. E “Canção a Lisboa e Portalegre”. E cantou um fado na linha melódica do fado coimbrão. Professor aposentado, Alentejano, Ribeira de Nisa – Portalegre; sportinguista. Poeta lírico e bucólico. Vários livros.
Tertúlia no Vá – VÁ - 9 de Dezembro 2018 (Domingo)
Avenida de Roma - Lisboa
Volto à publicação no blogue. E com Poesia, que tem sido a temática dominante neste ano.
Muitos assuntos, poderia ter abordado neste interregno de não publicação. Neste mesmo domínio, vários acontecimentos ocorreram que não noticiei: tertúlias, lançamentos de livros, divulgação de Poesia… Mas não o fiz. Talvez ainda volte a algumas ocorrências. Que mais vale tarde…
(Outros acontecimentos, nomeadamente algumas das politiquices, me apeteceu abordar…)
Volto falando sobre Poesia!
Hoje, houve novamente Poesia no célebre café / restaurante da Avenida de Roma – cruzamento com a dos Estados Unidos, em Lisboa. A partir das dezasseis e trinta, como é costume.
E o espaço esteve bastante bem composto. Éramos vinte e três pessoas. Nem todos disseram poesia. Os que o fizeram, trouxeram fundamentalmente textos de sua autoria.
(O ruído mantem-se. Os talheres, o vozear, os pires e chávenas, a caixa registadora… Para o lado da cozinha, pudemos observar a preparação culinária, até vislumbrar ou ouvir algo sobre ementa e confeção dos pratos…
Bem… adiante!)
E, nesta tarde, e dada a próxima quadra festiva… a ementa poética foi precisamente sobre o Natal.
E quase todos os presentes procuraram seguir essa “carta”: poetar sobre o enquadramento natalício, segundo uma toada mais ou menos iconográfica e tradicional ou subvertendo um pouco essa imagem mais ideal e ritualizada da Natividade!
A Direção, ainda atual, fez-se representar por Carlos Cardoso Luís, Rogélio Mena Gomes, Mabel Cavalcanti e Fernando Afonso. Cada um teve oportunidade de expressar a sua opinião pessoal, face aos respetivos desempenhos, enquanto elementos diretivos. Justiça lhes seja feita! Cada um sabe de si e para além de os congratular pelo trabalho e agradecer pelo desempenho, ficou muito bem esta auto - avaliação pública.
Da minha parte, Parabéns e Obrigado, sempre!
E que a futura Direção continue o bom trabalho da cessante.
E houve Poesia! Natalícia, na sua maioria. Bem como a formulação de Votos de Boas Festas!
Fernando Afonso disse, de Lurdes Amaral: “Anúncio de Natal”.
Lurdes Mano disse, de Catarina Malanho: “Acordem, poetas!”
Para além dos poetas e poetisas mencionados, ainda estiveram presentes, embora não tendo dito poesia: João de Deus Rodrigues, Ilda Rodrigues, Ivone Magalhães, Nelice Palocal, Adelaide Zoio.
(E esta foi a primeira parte desta ementa poética! Atrevo-me a dizer que o prato principal. Pelas dezoito, saí. Já outros confrades o haviam feito anteriormente. Houve habitual consumo. Já o havia feito logo no início.
A segunda parte não posso referenciar como decorreu, porque não assisti. Mas não desmereceu, de certeza, da primeira!
Votos de Bom Natal, para todos e um Ótimo Ano Novo.
Qualquer incorreção nesta crónica, deixe comentário sugestivo, SFF.
Obrigado!)
Ah! A fotografia?! Para mim, associo inevitavelmente o Natal à minha Aldeia. Esta é a imagem da Igreja de Aldeia da Mata, com a célebre araucária, de que me lembro de toda a vida, num quintal junto ao adro, onde brinquei em criança. Imagens iconográficas! Foto original DAPL, como a maioria das fotos do blogue. De 2015.
No passado domingo, um grupo de resistentes, ainda, se aventurou na projeção da Poesia, no VÁ – VÁ. Resistentes e aventurosos, sim, porque as condições técnicas são, de facto, muito adversas. O barulho é, realmente, muito incomodativo. E inicio esta crónica exatamente por este lado negativo, contrariamente ao que é meu apanágio, que gosto de valorizar o lado bom da realidade, mas não posso deixar de mencionar esta situação. A Poesia merece melhor tratamento! O VÁ – VÁ também, ademais sendo uma “Loja com História”. Como seria agradável dizermos Poesia sem aquele ruído tão incomodativo.
Mas adiante, que a Poesia está acima, até do ruído, do comunicacional, inclusive, que só transmitem notícias de “barulho(s)” e ignoram totalmente a beleza poética!
Pois, no Domingo passado, a Poesia, no seu lado mais belo e sob diversas vertentes, perspetivas e temáticas, mais uma vez, disse “Presente!”, no VÁ – VÁ!
Ademais acompanhada pelo Fado, pela Canção Tradicional (alentejana)…
Parabéns a todos os presentes: Alzira Vairinho Borrêcho, Maria do Céu Borrêcho, que apresentaram o livro “PARA ALÉM DO PENSAMENTO”; Rogélio Mena Gomes, Carlos Cardoso Luís, Fernando Afonso, também organizadores, enquanto membros da Direção da APP e a todos os Poetas e Poetisas, além dos mencionados, que cantaram, disseram e nos encantaram com a sua Poesia ou de Autores clássicos e consagrados (Antero de Quental, há que realçar). A saber: Daniel Costa, Fernanda Beatriz, Suzete Viegas, Sofia Romano, Júlia Pereira, Bento Durão, Rosângela Marrafa, João de Deus Rodrigues.
E voltamos a “PARA ALÉM DO PENSAMENTO”, cuja apresentação iniciou a Tertúlia.
Cada um dos presentes disse, leu, declamou, a seu jeito e modo, um poema do livro.
Havendo vários poemas dedicados ou inspirados no Alentejo, onde a autora viveu algumas dezenas de anos, aproveitei para dizer, precisamente, um inspirado nessa temática e que transcrevo.
«Alentejo das casas caiadas
Que não me sais da memória.
As saudades redobradas
Na mente me fazem história.
As saudades redobradas
Que aparecem na lembrança
Deste coração sofrido.
Que a memória não descansa
Vai lembrando o tempo ido.»
Alzira Vairinho Borrêcho
E poderia continuar a cronicar que haveria muito a noticiar e referir. Nunca é demais realçar que estes encontros poéticos são sempre mágicos e preciosos. Renovados votos de continuação destas tertúlias, redobradas felicitações a todos os participantes e organizadores. A todos os “resistentes”, que continuem na divulgação da Poesia. Obrigado a todos por nos proporcionarem estas “vivências poéticas”.
OBRIGADO muito especial à gerência do VÁ – VÁ!
(Cada um dos presentes apresentou um poema seu, ou dois, para quem ficou para a 2ª parte. Lamento não referir o título de cada um dos apresentados, mas não consegui registá-los todos.
Pela minha parte, disse “Selfie” e outro ainda não divulgado no blogue.)
Círculo Nacional D’Arte e Poesia – CNAP – Casa do Alentejo
Perante tantas problemáticas e situações complexas, traumáticas e de sofrimento, em que nos encontramos, tanto no plano individual, como no coletivo, questiono-me, se faz algum sentido falar de assuntos aparentemente triviais, como sejam saraus, tertúlias, exposições…
Será que a Poesia pode ser libertadora e ter algum papel no alívio do sofrimento humano? Poderá ela apaziguar as almas e os corações dos que sofrem dores físicas ou psicológicas, suas e/ou alheias?
Não sei. Talvez e pelo menos, ou somente e apenas, possa libertar e fazer mais felizes os seus autores, os que a cultivam, que a compartilham, quer ouvindo, quer dizendo… lendo, declamando… Quiçá!
Vêm estas considerações a propósito de alguns acontecimentos poéticos, ocorridos neste final de semana.
A APP – Associação Portuguesa de Poetas promoveu ontem, 08/07, a sua habitual Tertúlia no Vá – Vá, aos segundos domingos de cada mês.
Aconteceu Poesia!
E como sempre houve momentos mágicos! Poesia, canções, arte de dizer, ensinamentos e aprendizagens, pedagogia, maestria de verdadeiros artistas presentes. Cada um com a sua riqueza poética, compartilhando-a com os Outros.
Parabéns a todos os intervenientes: Vitor Camarate e esposa, Esmeralda, Fernando Afonso, Graça Melo, Fernanda Beatriz, Júlia Pereira, Feliciana Maria (Maria do Tempo).
A sessão, nessa tarde, aconteceu num espaço diferente, dado que a sala habitual estava reservada. Num recanto, igualmente aconchegante, mas o barulho é impossível de erradicar.
Li, algures que o “VÁ – VÁ” é uma das lojas a integrar ou a concorrer ao conceito de “Lojas com História”, da Cidade de Lisboa!
Talvez as Tertúlias da APP, que já são tradicionais no estabelecimento, sejam uma mais-valia. Talvez!
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Um espaço inegavelmente com história, em Lisboa, é a Casa do Alentejo, às Portas de Santo Antão.
Uma verdadeira obra de arte ímpar, bem no centro da cidade e que só entrando… Do exterior passa até bastante despercebida, tal a profusão de restaurantes e esplanadas e turistas e mais turistas, na rua.
Mas franqueando a entrada e subindo ao pátio árabe… e continuando… Só mesmo vendo!
Pois então o Círculo Nacional D’Arte e Poesia não haveria de promover uma Exposição de Artes Plásticas neste verdadeiro ex-líbris artístico?! Nem mais nem por menos!
Uma autêntica Galeria de Artistas Plásticos, na Sala de Olivença. Alguns também Poetas… e Poetisas.
Catarina Semedo, Cecília Augustoe Méli, cada uma nos apresenta um trabalho individual, segundo o normativo “Sem Título”.
Elmanu apresenta-nos “Rota da Esfinge”, “A Esfinge e a Pirâmide”, “A Cascata”, “Apocalipse”.
Fernanda Carvalho: “Quando o Meu pensamento Voa” e “Fado”.
Maria Lourdes Guedes: “Flores Campestres” e “Vida nos Oceanos”.
Maria Rita Parada dos Reis: “Mistério e Vida”.
Vitor Hugo: “Marvão”.
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Bem eu, não sendo artista, muito menos artista plástico, tive a ousadia, se calhar inconsciência, de me apresentar no meio destes verdadeiros Artistas. Não com uma pintura, que não sou pintor, como sugestiona o cartaz evocativo da Exposição, mas com um trabalho que integro no conceito de “Poesia Visual”. Porque foi nesse contexto e procurando seguir essa metodologia de experimentação poética, que o elaborei na segunda metade da década de oitenta. E que, agora, após o concurso “Nau dos Sonhos – Prémio Maria Ivone Vairinho”, promovido pela APP – Associação Portuguesa de Poetas, a que o submeti e que venceu, na modalidade de “Poesia Ilustrada”, achei por bem expor.
Intitula-se “Poema Psicadélico”, título apresentado para efeitos do concurso 2018, e que foi elaborado com base num poema de 1979, intitulado “Fuga… à Solidão”!
Exposto na Casa do Alentejo!
Todo o Alentejano tem orgulho em apresentar os seus trabalhos, ademais pela primeira vez, na Casa que, em Lisboa - matriz da Diáspora, nos reporta para as nossas raízes primordiais.
É com muito orgulho que ele está exposto nessa Casa Mãe dos Alentejanos na Grande Lisboa. Cumulativamente, entre tão nobres e valiosos Mestres, como são os Artistas que expõem os seus trabalhos na Sala. Sala que, per si, é uma verdadeira joia artística, entre todo o templo de Arte que é aquela Casa!
(Perdoem-me a minha ousadia, talvez a minha insensatez…)
A Exposição inaugurada a sete, irá até dezanove do corrente mês.
Pena, que nesse dia da inauguração, não tenha havido o “Dizer Poesia”. Houve a montagem, de modo que o tempo talvez tenha escasseado…
Mas não houve Poesia nesse dia na Casa?!
Pois claro, que houve.
O “Grupo de Cante Os Rouxinóis”, da Escola Secundária Santiago Maior e o “Grupo Coral Cantadores do Desassossego", ambos de Beja, trouxeram-nos essa Poesia dos confins e imensidão da planura alentejana…
Todavia será de todo importante que o Círculo Nacional D’Arte e Poesia – CNAP -, promova uma sessão de Poesia, no âmbito e contexto da Exposição, como, aliás, é seu apanágio.
Aguardemos!
(Uma nota final: tenho constatado que nas últimas sessões poéticas em que tenho participado, nas diversas tertúlias das diferentes instituições a que me honro de pertencer, que há menos pessoas que o habitual. Questão de férias?!)
E ainda outra nota: Quando é que as TVs, que pagamos todos, todos os meses, nos brindam, mimoseiam, com tantos e tão bons Dizedores de Poesia que há por esse País fora.
E quando divulgam os Artistas como os que expõem nestes encontros de Arte?!
Também para falar da Associação Portuguesa de Poetas. E para continuar na divulgação dessa nobre Arte, a Poesia!.
A APP é uma Associação, com uma enorme vitalidade.
De certo modo, só faz sentido que assim seja, dado que está nos seus trinta e dois anos, mas esse facto também se deve ao dinamismo dos Associados e, obviamente, da respetiva Direção. Ao seu trabalho e competência.
Consultando as atividades mensais desenvolvidas e as previstas de realizar, verificamos uma grande azáfama, tanto da Associação, como dos Associados:
- Lançamentos de antologias coletivas, de livros individuais, de boletins culturais; organização de tertúlias variadas, eventos diversos de caráter cultural, por todo o Portugal e também no Brasil, centrados ou com a participação de sócios; prémios de poesia; reconhecimento do mérito e do trabalho de poetas e poetisas associados da APP, em ambos os Países irmãos, por diversas, diferentes e prestigiadas Instituições; programas de rádio, workshops poéticos, palestras, peças de teatro, blogues… artes plásticas, música, canto. Eu sei lá!
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Vou falar apenas e um pouco de três eventos a que assisti e/ou participei, no finado mês de Outubro.
A vinte e nove, (29/10), a habitual Tertúlia da APP, de final do mês, na sede da Associação: Rua Américo de Jesus Fernandes, nº 16 - A, aos Olivais, Lisboa.
Integrada e inaugurada nesse contexto, uma bela Exposição de Pintura, “Momentos”, da associada, pintora Helena Cruz.
São de sua autoria, os quadros, que tomei a liberdade de enquadrar como ilustradores deste post.
Obrigado!
Também nesse enquadramento, foi apresentada a XXI Antologia, “A Nossa Antologia”, com 89 Autores. (Quase a bater o record da “V Antologia de Poesia Contemporânea”, organizada por Luís Filipe Soares, sócio nº 1 da APP, em 1988! Com 97 autores.)
Com uma sugestiva capa, ilustrada a partir de “Camões”, desenho a tinta-da-china, de Teresa Maia. (Composição e arranjo gráfico de João Luís.) Editor: Euedito.
No decurso da Tertúlia, todos os Poetas e Poetisas presentes, a maioria participantes da Antologia, tiveram oportunidade de ler/dizer/recitar/declamar um dos seus poemas. Alguns até nos demonstraram o seu estro de cantantes!
No dia quinze, (15/10), reiniciou a APP a já tradicional “Tertúlia do VÁ VÁ”.
Evento já com história, dado que proveniente de anteriores Direções da Associação. Interrompido algum tempo, devido às obras no café – restaurante.
Oportunidade para a apresentação do livro de poemas de Alcina Viegas, “Versos Do Meu Sul”, Edições OZ, 2017.
A imagem de capa reproduz um óleo s/ tela, também da Autora. (A capa e paginação são de Paulo Reis e a revisão de Paula Oz.)
Deste livro, tomei a liberdade de transcrever o poema “Além do Tejo”, pag. 22.
«Para além do Tejo,
os campos que vejo
são de sol dourado…
Os verdes trigais
e o chão semeado
são pão amassado
com dores e com ais.
E os verdes fatais,
cor dos olivais
são belos poemas,
às moças morenas.
Tem de Florbela
a dor e a candura
são amores em chama,
de uma alma pura,
alma alentejana.»
(Já conhecia a poesia desta Autora do blogue “Rumo ao Sul”.)
(Neste evento, de sala cheia, com mais de quarenta pessoas, apenas assisti. Não participei na tertúlia.
Tenho a realçar que a sala, per si, é adequada. Mas é pena que a porta que dá para o café, tendo um bonito rendilhado na sua estrutura, este não esteja coberto com algum material, vidro, por ex., de que resulta que, mesmo estando fechada, é como se estivesse permanentemente aberta…
Mas lá diz o ditado: “ a cavalo dado…”)
A APP prevê continuar a realizar estas tertúlias, mensalmente, nos segundos domingos.
A próxima está prevista para 12, do corrente mês, pela 16h. 30’.
Café – restaurante "VÁ VÁ", Lisboa, cruzamento da Avenida de Roma, com a dos Estados Unidos da América!
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Ainda no domínio das tertúlias também a APP iniciou recentemente uma nova.
Em Almada, a “Tertúlia Almadam”: terceira 3ª feira de cada mês.
No Café “Le Bistrô”, Rua dos Espatários, 2.
(Junto da Igreja de S. Sebastião, bonita de visitar, diga-se e perto da paragem de Metro, precisamente de Almada.)
Tem coordenação de Maria Melo e responsabilidade de Maria Leonor Quaresma.
A próxima será dia vinte e um, (21/11), pelas 16 horas.
Participei, com muito gosto, na anterior, a segunda a ser realizada, no transato dia dezassete, (17/10/17).
Apresentei: “Aquém – Tejo” e “Retalhos do Alentejo”.
Excelentes “dizedores” de Poesia. (Que me sinto pequenino!)
Oportunidade ainda para mostrarem outros talentos.
Clara Mestre leu e cantou o belíssimo poema de Maria Guinot, “Silêncio e Tanta Gente”, canção que venceu o Festival da Canção de 1984.
Mabel Cavalcanti também cantou uma canção sobre um pássaro da Amazónia, que, quando canta, todos os outros se calam, cujo nome não consegui fixar. Não sei se é “irapunu”!