Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Há quem do Tejo só veja
o além porque é distância.
Mas quem de Além Tejo almeja
um sabor, uma fragrância,
estando aquém ou além verseja,
do Alentejo a substância.
Aviso os amáveis leitores destas simples narrações, que se sobre os outros capítulos tenho sido parcial e não muito fiel à narrativa… Nesta narração que apresento, reporto-me a dois episódios e apresento apenas excertos do enredo, numa visão muito parcelar e parcial de alguns temas da trama, que não tenho tido tempo de me debruçar mais profundamente sobre a série, como gostaria, e de que peço antecipadamente desculpa, mas sem prometer que voltarei a desenvolver os aspetos que me faltam, porque de promessas não cumpridas, estamos todos fartos!
Mas se puder…
Desenvolvimento (parcelar e parcial, como já frisei!)
Fui eu que falei em Esperança?
Quando idealizei esse conceito, lembrava-me do afeto crescente de Elena por Carrie, da confiança nascente entre Dan e Morton, mais da parte de Dan, que Morton joga mais distanciado; do apreço cada vez mais próximo daquele por Elena, da sua manifestação de um amor, muito recalcado, mas que se vai soltando, ténue, mas progressivo. Aproximação que o interesse mútuo por Carrie tem ajudado. Que Elena vai compreendendo e aceitando melhor a estima de Dan.
Da amizade entre Dan e Henry, mas essa está estruturada desde o início. E o que mais veremos…
Mas que dizer das sessões de tortura infligidas por Frank a Markus?
Que dizer da devastação que Ronnie está suportando e que em breve será revelada?
Como equacionar as descobertas de patologias cerebrais nos ursos, possivelmente causadoras das respetivas alterações comportamentais?
E se essas patologias também existirem nos humanos e forem elas as causadoras dos estranhos assassinatos ocorridos?
E se essas doenças resultarem da acumulação de elementos venenosos, através da ingestão contínua e sucessiva de alimentos contaminados?
E os nados-mortos entre as renas?!
E, se em última análise, se concluir que aquele ambiente, extraordinariamente belo e aparentemente imaculado, não passa de uma eficaz armadilha e engodo, que devora de forma trágica os seus habitantes humanos e animais?!
Pois diremos que nem Esperança nem Redenção, que Fortitude caminha inexoravelmente para o abismo!
Frank, severamente auto culpabilizando-se pela ação do filho, por tê-lo negligenciado, abandonando-o, recusa-se a aceitar o respetivo comportamento e mais irracional ainda, que não há qualquer explicação plausível para o que faz, no limiar superior do sadismo, tortura de forma atroz, gratuita e cruel, o professor Markus. Com o intuito de lhe obter uma suposta confissão de culpa dos atos da criança, que ele o levara ao local do crime, lhe dera a faca para o miúdo esventrar o cientista, lhe metera a mão na ferida, aí colocara uma unha arrancada a Liam!
Estranha obsessão paranoide, não suscetível de qualquer condescendência, porque ele agride violenta e sadicamente o homem, preso, amordaçado com fita-cola, levando pancada na cara e, para cúmulo, arrancando – lhe uma unha, esvaindo-se em sangue, e incapaz de qualquer ato de defesa, que está acorrentado.
E preocupante, porque sabemos, e não podemos ignorar, que essas práticas de tortura foram e são praticadas por seres que não merecem a designação de humanos, mas que por tal se intitulam, se consideram superiores a quem torturam e dessa prática fizeram e fazem modo corrente de atuação no seu dia-a-dia. Para obtenção de possíveis confissões de atos nunca praticados pelas vítimas, ou porque estas são defensoras de ideias e ideais contrários aos defendidos pelos torturadores e/ou seus mandantes.
E será que ainda irão continuar no futuro?!
Valeu, não sei se valeu de alguma coisa, a Markus, a chegada de Jules, mulher de Frank, que o desata, não desprende totalmente, o deixa ficar prostrado no local onde ele já estava.
Jules não o terá desatado totalmente, mas deixou-o em condições de o fazer.
Que o vimos já no episódio X, dirigindo-se ao local onde estava o corpo de Shirley, ter pedido para vê-la, ao que Natalie, a cientista, relutante, mas condescendente, acedeu. Após comentar que não havia violência em Shirley, ter sabido que o corpo seria entregue à família, no caso a ninguém, que a mãe continua hospitalizada, e a ter beijado, saiu.
Mais tarde vê-lo-emos entrar nesse espaço onde estivera antes e levar o corpo da namorada, na maca, para a sua carrinha.
Para junto do mar a levou e num barco a vimos, deitada como num esquife, barca de Caronte, rodeada de livros esventrados(?) ou outros papéis e fotos de Shirley e ainda o seu ursinho de estimação, que Markus aí colocou, qual óbolo para pagar a passagem. Ter-lhe-á derramado algum líquido inflamável, se não o fez deveria tê-lo feito, e pegou fogo ao conteúdo do barco, para igualmente incinerar o corpo de Shirley. E empurrou-o na direção da corrente descendente, qual Estige, que terá levado as cinzas para outros mundos.
No final do 10º episódio, comentou Hildur para Dan:
“Não é de um hotel que precisamos, é de uma morgue maior!”
Porque as mortes se sucedem.
Morton prosseguindo nas suas pesquisas sobre a morte do geólogo Billy Pettigrew perseguiu Henry, que se ausentara na moto.
Apesar das contrariedades, encontrá-lo-ia estendido na neve, ouvindo ópera e buscando uma superior qualidade de luz, que o gelo do glaciar lhe proporcionava, permitindo-lhe morrer mais purificado.
Purificação é também o que Morton pretende. Purificar aquele ambiente pesado de assassinatos e sobre isso confronta Henry, com a imagem do braço espoliado do corpo, preso na rede de proteção. E que não fora Dan que alvejara Billy, mas o próprio Henry e que sabia de tudo o que se passara.
Este, enervado, descontrolando-se, puxa da pistola e dispara sobre Morton, atingindo-o no peito, e, em breve, o vermelho tinge o branco imaculado do glaciar.
E ficam estes dois homens morrendo, contaminando aquela paisagem sublime, confrontando-se, enquanto a bala liberta o sangue de um, e com ele a sua vida, no outro, o cancro corrói-o internamente, comendo-lhe o fígado.
E nesse encontro de vidas em busca da morte, se Henry ao seu encontro viera, porque há muito a ela fora entregue, Morton não viera na sua procura, mas haveria de encontrá-la; que a moto não tinha gasolina, Henry planeara uma viagem só de ida, e o sangue dele escorria. Ocorreu-lhe que o fotógrafo poderia ligar para a polícia, a pedir ajuda a Dan.
E Henry, lento de raciocínio e pouco lesto na ação, que o cancro comia-o por dentro, talvez também lembrasse que o detetive sabia do que ele e o polícia vinham escondendo e protelou… Falou de si, da sua vida e de que amara a mãe de Dan, mulher de Nils, seu melhor amigo e pai de Dan, cuja mãe, Henry tanto desejara. E que nasceu Dan.
E que ele, Henry, os abandonara, entregues a Nils, que se tornara um monstro!
E Morton concluiu, e nós também, que Dan era filho de Henry. E assim também sabemos que a amizade entre ambos é, da parte do fotógrafo, amor, paternal. Desconhecemos se Dan sabe dessa filiação.
E Henry telefonou para a polícia, formulando um pedido de socorro, tendo atendido Dan, o xerife. Mas também frisando que Morton sabia de tudo o que eles vinham escondendo, que tinha todas as provas.
E Dan ficou petrificado, colou-se ao sofá onde se sentou, apático, absorto, asténico, sem ação. Anestesiado pelo que soubera, não agiu, voluntária ou inconscientemente, procrastinou! Atitude e comportamento antagónico do que deverá ser apanágio de um policial, cumulativamente xerife! Agir, refletida, mas expeditamente.
E com esse adiamento, essa indecisão…
O operador de câmara mostrou-nos o que se passava no glaciar.
Henry assiste à agonia e morte de Morton!
Finalmente, Dan decide-se!
E, com o mesmo revólver que alvejara Morton, Henry sobre si próprio dispara.
E com esta deixa, vos deixo. Com as falas de Hildur para Dan, já apresentadas, mas que serão apenas do Episódio XI, e, por isso, com direito a bisar.
“Não é de um hotel que precisamos, em Fortitude. É de uma morgue maior!”
Aqui em Portugal. Porque em Fortitude, no arquipélago de Svalbaard, na Noruega, para lá do Círculo Polar Ártico, será sempre Inverno…
E, neste terceiro episódio, já entrou em ação o detetive Morton, em nome da viúva e ao serviço do Governo Britânico, para investigar a morte de Billy Pettigrew. E, agora, também a do cientista Charlie Stoddard, assassinado, não sei se no final do 1º episódio se já no segundo, tempos narrativos que não visualizei.
Investiga em todas os contextos, não sendo especialmente bem recebido nos setores mais ligados à polícia, havendo mesmo animosidade da parte de Dan, comandante do posto de polícia, o xerife, e do coadjutor Eric, igualmente marido de Hildur, a governadora.
Apesar de todos os atritos entre Morton e Dan, animosidade e desconfiança da parte deste, mais por despeito, terminaram o episódio a beber um copo e a falar de uma bebida cavalgante das que fazem trepar um homem e uma mulher se a beberem jutos; no bar de Elena, a espanhola, que trepava no andar de cima com Frank, marido de Jules e pai de Liam, que estava doente, agora numa incubadora, talvez por ser doença contagiosa. (!)
Pelas razões já apontadas, ignoro partes do enredo, há tramas que não lhes apanho propriamente a ponta, mas irei tentando dar algum sentido aos novelos que for desfiando… Que podemos constatar estão todos centrados na morte do minerador, Billy, e mais recentemente também na do cientista, Charlie, situações inovadoras e inusitadas na pequena comunidade onde a polícia se queixava que não tinha nada para fazer. Agora, a tentativa de descoberta dos causadores destes crimes torna-se o fulcro da narrativa.
E é para isso que o nosso detetive Morton está na povoação.
Morton vai interrogando os vários membros da comunidade, hipoteticamente passíveis de terem algum relacionamento com os crimes. Entra em todos os ambientes e fala com todos por igual, sem se deixar propriamente envolver, antes mantendo uma certa distanciação técnica e científica.
Vincent estava preso, supostamente suspeito do assassinato de Charlie, talvez por ter sido a última pessoa a ser vista no respetivo apartamento. Entretanto pelas investigações que foram fazendo a polícia liberta-o no final.
Jason, o mineiro que no primeiro episódio tentou vender o mamute ao cientista e que este recusou, por ser contrário à lei, … está desaparecido. Depois de muito procurado, até por satélite, acabaria por ser localizado numa cabana isolada, aonde se aconchegara com Natalie, a cientista, que o tempo está muitíssimo frio, trinta graus negativos.
O outro mineiro, Ronnie, pai de Carrie, e que acompanhou Jason na tentativa de venda do achado, com medo que fosse associado ao assassinato do cientista, em que ele julgava Jason estar envolvido, resolveu agarrar na filha e fugir num barco para o continente norueguês.
Paralelamente, Hildur também faz as suas investigações.
Em casa de Henry, doente terminal, sabe que ele viu Charlie na manhã do assassinato e também acaba por saber que este não iria deixá-la fazer o pretendido hotel no glaciar.
Cabe aqui um parêntesis para explicar que a grande promotora do propalado hotel era a governadora, no sentido de dinamizar o mercado de trabalho na ilha, agora que a mina iria findar. Para instalar o hotel-abrigo precisava do parecer favorável do cientista, que tinha que elaborar um relatório técnico científico.
Outro aspeto inerente a esse parecer respeitava a algo que Charlie teria descoberto, algo desconhecido, mas precioso.
Henry também não sabia, questionava o tão grande empenho da governadora no hotel e quanto esta nele já teria investido.
Hildur interrogava se seria velho lixo tóxico, o que o cientista descobrira…
Hildur também falou com Trish, a esposa de Charlie, cientista assassinado, e também soube que este lhe dissera, julgo que via telemóvel, que haveria qualquer coisa terrível vinda do gelo.
A governadora também se disponibilizou para ajudar a viúva, que esse era também o seu papel de manda-chuva na ilha, que nem sei se, com aquele clima, alguma vez chove se não é apenas neve que cai do céu.
Morton, detetive, também foi interrogando todos, como já referi.
Iniciou com um casal, Markus e Shirley, sua namorada. O primeiro é professor de várias disciplinas até 7º ano e Shirley, além de o namorar, não sei o que faz. Aparentemente parecem não ter nada a ver com os assassinatos, mas o professor lembrou uma das máximas de Fortitude. Ninguém pode aí morrer ou ser enterrado, que os corpos não se decompõem. A ilha é uma casa de tesouros forenses.
E, neste ponto, voltamos à conversa de Hildur e Henry. A governadora, toda poderosa, informou-o que já assinara a ordem de exílio. Ele teria de ir para o continente, que as doenças não morrem no solo.
E a conversa entre Morton e Trish, a mulher do cientista, também incide sobre o que este teria descoberto e sobre o relatório de impacto ambiental. Ela o informou que recebera uma mensagem do marido, falando-lhe em algo de especial, mas que também desconhecia.
E não sei como, mas Morton descobriu que Eric andava a comer Trish. Desse modo pode chantagear o marido da governadora para visualizar, pelo circuito interno de TV, o interrogatório a que Jason estava a ser sujeito noutra sala do departamento da polícia. Interrogatório dirigido pela governadora, Hildur, e pelo chefe do departamento da polícia, Dan, o xerife.
Que Jason era um dos principais suspeitos do assassinato de Charlie.
Eric, Trish e Hildur constituíam um triângulo amoroso, sendo que a governadora supostamente desconheceria, sempre envolvida com os problemas da ilha.
E este terceto acabou jantando em casa do casal, Hildur a fazer de dona de casa e pau-de-cabeleira, neste negócio a três, ela preocupada com o refogado e os amantes a refogarem-se por estarem juntos.
Hildur também foi organizando as suas próprias investigações, como governadora superentendia na polícia e ela também era uma mulher de armas e ação. Não era de ficar quieta!
Entregou a Natalie, a cientista, o dente de mamute que obtivera de Jason. Para que ela estudasse, para que se soubesse se seria de facto desse animal extinto e se algum exemplar desse antigo parente do elefante estaria em território da ilha. Que, se isso fosse um facto, ela teria que lidar com essa nova realidade.
E se hipoteticamente esse poderia ter sido o móbil do crime. Assassinato, de que Jason era suspeito, mas que Natalie inocentou, afirmando que estava com ele. Se estava ou não, não sabemos, que é ela que o diz e, como se diz, o amor é cego.
Natalie também recebeu a visita de Morton, detetive ao serviço de Sua Majestade britânica e também da viúva, no caso do minerador Billy. Estando ela de volta do dente, não pôde o detetive deixar de colocar também a hipótese de ser tal achado a motivação criminosa, ouvindo a cientista, em replay, o mesmo pedido de exclusividade de conhecimento das conclusões, agora por parte do enviado de Sua Majestade!
E, anteriormente, também Morton visitara a família de Jason e interrogara a esposa.
Também Elena, no seu hotel, recebera o detetive anglo-saxónico, que também aí fora o último poiso do minerador Billy, antes de ter morrido de bala que por engano se desviara, que fora pensada e destinada ao urso que o esganava. Questionada sobre de que fugia, que uma fogosa mulher vinda das Espanhas, terras calientes de sol, praias e mar, para um fim de mundo gelado, sem sol nem calor, só podia estar fugida. Ela lhe respondeu sabiamente que, ali, todos andam fugidos de qualquer coisa. E Morton se quedou calado, que tamanha afirmação não tinha resposta e ele ainda tinha muitas perguntas para fazer…
E também já falara com Trish, a mulher do cientista assassinado, e lhe pedira a chave do gabinete do marido, para que pudesse ir revistá-lo e lhe pedira autorização para lá ir e pudesse fazer essa revista e que ela verbalizasse tal. O que ela verbalizara: “ Dou-lhe autorização para ir e revistar o gabinete do meu marido”. E assim ele foi.
E igualmente falara com Vincent, cientista recém-chegado à povoação, logo em maré de crimes, mas pouco falara, que não o deixaram porque ele era suspeito. Mas o suspeito, na cela onde estava, com o detetive falou, por telemóvel, que isto agora é assim e lhe disse, que embora preso, não matara o professor. Fora dos primeiros a chegar ao local do crime, que não o primeiro, que Dan, o xerife, já lá estaria dentro e a polícia chegou de repente.
Morton também iria visitar Henry Tyson, na sua própria casa, que agora era muito frequentada, mas estando este a dormir de ressaca, aquele o informou que voltaria mais tarde, quando ele estivesse sóbrio.
E Morton também participou de uma reconstituição do crime que estava a ser efetuada, no próprio local, por uma das policiais, de que não sei o nome, não sei se seria Ingrid. Esta não queria que ele participasse, mas não teve outro remédio se não autorizar, que o detetive se foi equipando ao modo de investigação, com modos e trajos apropriados e na reconstituição participou, formulou hipóteses e conjeturas. Esperemos que conclusivas e que essa colaboração continue e se torne frutuosa.
E terminamos como iniciámos, com Dan, o xerife e Morton, o inspetor, a tomarem um copo, no hotel de Elena, a espanhola, e a trocarem confidências de bar, em simultâneo estudando-se mutuamente.