Círculo Nacional D’Arte e Poesia
Antologia
Neste Post Nº 300, divulgamos o Poema “Saudades ”, de Ermelinda Negreiros , de Olhão.
“Saudades”
“Tenho tantas saudades
de tudo!
Ah! Como o tempo se esvai!
Estou cansada de correr atrás da vida
e o tempo urge!
Sinto falta do que já tive,
do que desejei possuir,
e nunca alcancei...
tanta coisa bela e simples
que não agarrei!
Mas porque perdi o que tanto amei?!
Ah! Que saudades
dos teus braços...
e tal como o tempo que não volta
o teu amor já não renasce...
Quem te mandou partir e não voltar?!
Tenho saudades de tudo, sim!
Queria tanto ir ao campo no Maio
e colher papoilas vermelhas
para te oferecer como dádiva do meu amor...
Ah! Mas onde perdi o tempo
que não vivi
com a intensidade que algemei?!
E agora?!
Daria tudo por matar esta sede
que me sufoca e afoga em pranto
pela limitação dos gestos fracassados
que o tempo e a vida coartam em mim...
Que saudades eu tenho, confesso,
de tudo o que foi bom, em tempo novo,
e que fez pulsar meu coração!
Ah! Que saudades...”
Ermelinda Negreiros, Olhão
Ilustramos o Poema com bonitas fotos , originais de D.A.P.L ., de 2014. Uma ilustração de Maio e de papoilas, não as do campo, mas as do quintal...
E quem não tem Saudade de "...ir ao campo no Maio / e colher papoilas vermelhas ..."?!
Círculo Nacional D’Arte e Poesia
Antologia
Neste Post Nº 299, volto à XIII Antologia de Poesia, do Círculo Nacional D’Arte e Poesia, 2015.
Um Poema cheio de ironia, “Já Tenho Licenciatura ”, de Fernando Máximo , de S. Julião, Portalegre.
“Já Tenho Licenciatura”
“Já tenho licenciatura
Agora sou um doutor,
Tenho montes de cultura
Vou ser Ministro... e se for?”
“Inscrevi-me ao fim do dia
Naquela universidade
Dos diplomas de inverdade
P’ra testar o que sabia;
Já de manhã, mal se via,
De maneira prematura
Eu fiz muito má figura
Mas mesmo sem saber nada
Formei-me na Tabuada
Já tenho licenciatura!
Dei cem erros no ditado
E agora o mais curioso:
Por estar muito nervoso
À recta, chamei quadrado!
Quando me foi perguntado
Se conhecia o Reitor
Respondi que não senhor
Embora fosse meu tio...
Disse mentiras a fio
Agora sou um doutor!
Foi mesquinhez mas contudo
Puxei das equivalências
Juntei outras mil valências
Deram-me mais um canudo;
Com diplomas e com tudo
Era fácil a leitura:
Deixei de ser um pendura
Sou político afamado
Sou falado em todo o lado
Tenho montes de cultura
Já sou Mestre em Corrupção
A todos sei enganar
Habituei-me a roubar
Tirei curso de ladrão;
E agora, queiram ou não,
Mesmo sem nenhum valor
Eu falo que é um primor
Na Assembleia sentado
Para já sou deputado,
Vou ser Ministro... e se for?"
Fernando Máximo, S. Julião (Portalegre)
Ilustramos com uma sugestiva imagem extraída da internet.
Imagem: In. educar.wordpress.pt
In. educar.wordpress.pt