Antologia da APP – Associação Portuguesa de Poetas (IX)
(57 Autores)
Editor: Euedito
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Introdução:
Continuo na divulgação de Poesia da XX Antologiada APP - 2016!
Neste 9º Grupo, quatro Poetisas e um Poeta:
- Landa Machado, Liliana Guerreiro, Liliana Josué, Lu Lourenço e Luís Branco.
De cada um, selecionei uma Poesia, como habitualmente.
Aprecie, caro/a Leitor/a.
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LANDA MACHADO
“SE QUERES SABER”
“Se queres saber de mim
Numa tarde de sol-pôr
Pede às rosas no jardim
Que te mostrem sua cor
Se quiseres entretanto
Saber de mim com certeza
Estarei em qualquer canto
Onde houver amor, beleza
E se de mim tens saudade
Longe não precisas ir
Estou onde há amizade
E alguém saiba sorrir
Se me queres encontrar
Pergunta à noite estrelada
À luz branca do luar
Vou subindo a minha estrada”
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LILIANA GUERREIRO
“LISBOA”
“Acabaram as férias e eu regresso do Sul
Com a alma cheia daquele mar manso e quente
Vejo um belo céu tão brilhante tão azul
Tornando a luz de Lisboa resplandecente
Entro na ponte atravessando o rio Tejo
As saudades, que eu já tinha, vão embora
Minha cidade, não sabes quanto te desejo
Quero passear nas tuas ruas, a toda a hora
As tuas cores, os teus cheiros, os teus sons
Envolvem-me com tanto carinho e tanto amor
Enchendo-me de tanta força e tanta energia
Fazendo desaparecer toda a amargura e dor
Depois de chegar a casa, abro todas as janelas
Para ver teu lindo sorriso dourado pelo entardecer
Antes que o sol se vá embora com as estrelas
E as sombras da noite brinquem até amanhecer”
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LILIANA JOSUÉ
“POEMA DEDICADO A ELES”
“ Vivo a solidão do tempo
no verde de cada folha
deste espaço que era vosso
a ti mãe eu dava a mão
numa indefinida e disfarçada ternura
não queria que te afoitasses
na erva mal aparada
ou no degrau do portão
a ti pai oferecia um sorriso
discreto e meio embaraçado
por me pareceres sempre mais longe
mesmo que tão unido ao meu peito.
Junto ao poço pejado de rachas e musgos
permanecíamos em cúmplice silêncio
em jeito desajeitado
que para nós era perfeito
voltem para mim
fazem-me falta
mesmo no meu sono fatigado”
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LU LOURENÇO
“MEU CANTO NA CIDADE”
“Estes blocos de cimento
que vejo da minha janela
são desalento, cansaços,
Infância sem mimo e regaços,
jardins com sebes e vento.
São o céu enegrecido
com densas nuvens cinzentas,
trovoada, enchente e lama,
nestas gentes da cidade
que tem pão e agasalho
mas vivem sem irmandade.
Ah, se umas gotas de orvalho
viessem humedecer
o horizonte na janela!
Eu seria barco à vela,
Borboleta em voo alado,
Primavera a acontecer,
E a alegria de viver
num jardim à beira-mar
sem blocos de cimento armado
P’rós meus sentidos turvar.
Baloiço no meu quintal,
entre azedas e papoulas,
sem medos, freios, algemas.
E o sol, a pino, a brilhar
Sem blocos de cimento armado
P’rós meus sentidos matar.”
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LUÍS BRANCO
“QUEM ÉS TU”
“Quem és tu que interrompestes-me em meio à multidão?
Quem és tu cujo olhar penetrou-me a alma e descobriu o
menino que abriga-se em mim?
Quem és tu que com tuas lágrimas regastes a minha esperança?
Quem és tu que do nada criastes-me um novo mundo?
Quem és tu que atraiu-me para mais perto?
Quem és tu que fizestes com que as minhas mais sólidas
estruturas balançassem com o soprar das palavras que saiam da
tua boca?
Quem és tu cujos lábios despertaram-me a fome?
Quem és tu que abristes a gaiola onde jazia minh’alma?
Quem és tu que como as filhas de Aqueloo fizestes-me
adormecer para a razão?
Quem és tu que tornastes-me o adeus uma tortura cruel?
Quem és tu que fizestes com que meu coração acelerasse seus
batimentos?
Quem és tu que fizestes com que a minha respiração fosse
alongada?
Quem és tu que fizestes-me agir como menino?
Quem és tu que com tuas lágrimas fizestes-me chorar por
dentro?
Quem és tu que com teu sorriso levastes-me ao devaneio?
Quem és tu que fizestes-me sonhar com o impossível, desejar o
inalcançavel, querer o proibido, amar profundamente o
efêmero e tocar o intangível?
Minha agonia é saber que talvez nunca te conheças.
Minha agonia é conhecer todas as distâncias que nos separam.
Minha agonia é sentar-me aqui e escrever meus versos, versos
invólucros, versos que talvez nunca leias e que a ninguém
importa.
Minha agonia é ser assim, sentimento.”
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Notas Finais:
- Se alguém de entre os Antologiados, neste grupo ou em qualquer dos anteriores, não concordar com a divulgação, agradeço que me comunique, Se Faz Favor.
- Se, por acaso, verificar algum erro “tipográfico”, ou de outro tipo, involuntário, frise-se, também agradeço que me dê conhecimento.
(Fotografias originais D.A.P.L. – 2015 - 2016.)