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Aquém Tejo

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Há quem do Tejo só veja o além porque é distância. Mas quem de Além Tejo almeja um sabor, uma fragrância, estando aquém ou além verseja, do Alentejo a substância.

Antologia da APP – Associação Portuguesa de Poetas (IV)

“A Nossa Antologia”

XX Volume - 2016

(57 Autores)

Editor: Euedito

 

*******

 

Continuando na divulgação de Poesias da XX Antologia da APP.

Agora, o 4º grupo.

Seguem-se Poemas de: Carlos Fernandes, Catarina Malanho, Clara Mestre, Conceição Oliveira e Cynthia Porto.

 

Lisboa nascer do sol Foto original DAPL 2016.jpg

 

 

*******

 

CARLOS FERNANDES

 

“A GAIVOTA QUE AMAVA LISBOA”

 

“Gaivota perdida e encontrada por esta maresia,

De cheiros a águas esverdeadas do Tejo,

Levantas-te como o tempo quando a aragem se arriba,

Mas logo num brado da asa vens e mergulhas nas margens,

Da tua Terra amada que é Lisboa.

E vais esvoaçando numa dança divinal,

E bailando por entre raios de luz,

No grande palco que é o teu Tejo,

Tendo como cenário Lisboa,

Por entre as suas águas murmurando,

E dançando do Nascente ao Poente

Vais bailando docemente numa exaltação,

Para quem te vê deixasses um libido amor,

A esta terra esta cidade chamada Lisboa.

E no final da tarde quando regressas da viagem

Para descansar, num cais que se chama das colunas

Que o entendeu como seu, no cimo do mastro Real,

Poisas sempre a ver os cacilheiros chegar,

E agradeces a esta tua linda Lisboa,

Que é a rainha de Portugal.”

 

*******

 

Frutos Outono I 2015. Foto original DAPL jpg

 

CATARINA MALANHO

 

“PASSOU-ME O OUTONO À PORTA”

 

“Sentada a olhar a rua

Pela janela envidraçada,

Vi passar esvoaçando

Muitas folhas descoradas…

 

Eram amarelas, castanhas

Algumas amarfanhadas,

 

Observei melhor…

 

Prestando mais atenção;

Era o vento que soprava

Pois já não havia Verão

E o Outono chegava…”

 

*******

 

CLARA MESTRE

 

“RECORDAÇÕES (Gradil)”

 

“No meu tempo de menina

A aldeia cheirava

A pão quente

Agora

Os passos cansados

Da minha imaginação

Ainda atravessam

O forno

Lembrando o cozer do pão

Passa o destino a correr

No sangue fraco das veias

Há emaranhado de teias

Que ainda tento defender

Mas…

Na minha imaginação

Não há tempo

Não às guerras

Há sempre satisfação

Porque o cheiro

Da minha aldeia

Trago no meu

Coração…”

 

*******

 

CONCEIÇÃO OLIVEIRA

 

“GENTE FELIZ”

 

“Ali não há rios

há mar, muito mar.

 

E cheiro a peixe fresco.

e cães a descansar sobre redes

até que os pescadores voltem ao mar.

E gente, muita gente.

Jovens

Velhos

Crianças.

Tudo junto. Tudo feliz”

 

*******

 

CYNTHIA PORTO

 

“A QUEM VAI CHEGAR”

“(Soneto Futurista)”

 

“Espero-te em um clima de ternura,

Em prece, abrindo aos Céus, meu coração,

Pois, sei que chegarás, de alma tão pura,

Neste teu novo lar, com afeição…

 

A música será uma recepção,

Acolhedor banquete de candura,

A tua vinda a nós, como canção,

Porque é festiva, vem, e assim, perdura…

 

Terás uma morada aconchegante,

Em meio a muito amor e poesia,

Com fluido angelical, que segue adiante…

 

Como um presépio, é pleno de harmonia,

Serás a doce Vida radiante,

Também perene fonte de alegria!...” 

 

Notas Finais:

Este post é acompanhado por sugestivas fotografias originais de D.A.P.L., de 2015 e 2016.

Suponho que, enquanto publico este documento ilustrativo do trabalho da APP, da respetiva Direção e dos Antologiados, estará a decorrer o lançamento de livro do Associado, António José da Silva. Desejo-lhe as maiores felicidades e êxitos.

Irei continuando na divulgação da Poesia constante na XX Antologia.

 

 

Antologia da APP – Associação Portuguesa de Poetas (II)

“A Nossa ANTOLOGIA

XX Volume - 2016

(57 Autores)

Editor: Euedito

 

Solar Zagallos Foto original DAPL 2015.jpg

 

Introdução:

Conforme prometido, divulgo, no blogue, um segundo conjunto de poesias.

Autoria de:

- António José da Silva, António Pais da Rosa, António Teles, Aurélio Tavares.

 

*******

ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA

 

“POEMA DUM DIA AUSENTE”

 

“Hoje não te vi, nem li, nem ouvi…

Vi o teu corpo como se fosses pedra,

esculpida no colo do meu poema.

 

Ontem, falámos muito… Deixaste-me letras que só nós

sabíamos,

Decifrámos palavras que só nós entendíamos!

e quando apaguei a luz, desliguei a própria lua, e disse-te:

Até amanhã, anjo!...

 

Depois dormi como tempo, e sabia que ao acordar tinha uma

palavra tua… e tive!

Mas sabia que hoje não estavas, não me decifravas, nem me

lias, nem ouvias.

 

A tua imagem soprou nos meus cortinados, trazendo os teus

lindos olhos de veludo.

Esperarei por ti!... Porque me disseste que vinhas.

Hoje!...”

 

*******

 

ANTÓNIO PAIS DA ROSA

 

“CANAS DE SENHORIM”

 

“Tua beleza talhada,

Com cores do meu pensamento,

Em ouro foste gravada,

Como era meu intento.

 

És a luz do meu olhar,

A beleza do meu ser,

Não te posso olvidar

És fulcro do meu viver.

 

Quando lá longe… bem longe,

Em terras ricas, pomposas,

Seguia-te, como monge,

Meu rico jardim de rosas.

 

Quero avivar meu passado,

Ser refém do meu presente

Ou de um futuro sonhado,

Mas tão frágil como ausente…

 

E, assim, CANAS te vejo,

Dar brilho ao meu ser,

E, como último desejo,

Vou cantar-te até morrer.”

 

*******

 

ANTÓNIO TELES

 

“TUDO TEM UM TEMPO”

 

“Neste momento eu queria estar

Olhando todas as mulheres que amei

Talvez até pra me decepcionar

Se se confirmasse que me enganei

 

Cada coisa no seu tempo é essência

Quando se elabora com convicção

O coração sempre manda na ciência

Mesmo quando ela nos vence na acção

 

É consabido não ser racional

A força que emana de um grande amor

A intensidade não tem igual

Nesse mais que desejado sabor

 

O amor só acaba quando nos damos

Conta, da queda das folhas da flor

Então, e mesmo que o chão, varremos

Jamais brilhará a antiga cor”

 

 

*******

 

AURÉLIO TAVARES

 

“UM LINDO FILHO”

 

“Eu tenho longe um lindo filho

Para além do mar há muitos dias

Triste espero que por muito sorrindo

Esteja vivendo sãs alegrias

 

É longa e vai sendo maior ainda

Esta primeira longa separação

Mas não é por estar longe que finda

A nossa já bem longa comunhão

 

Meu coração triste vai batendo

Bem mais fraco e quase sem vigor

Mas tenho eu mesmo de ir vivendo

Porque é bem vivo o nosso amor

 

Se assim não fora eu não vivia

Desde que há muito a medo vivo

Perdi muita coragem e alegria

Por ti tão só à vida estou cativo

 

Já velho e triste resta-me o sonho

Dum filho lindo longe mas risonho.”

 

 

Nota Final:

Ilustro o post com uma foto original de D.A.P.L., 2015, igualmente com a imagem de uma hortense rosa, no bonito “Solar dos Zagallos”, em Almada.

Sugestionado a partir da capa da XX Antologia.

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