Um Poema de Despedida!
“REQUIEM PARA UM IRMÃO”
“Partiste
Assim como um suspiro, folha de árvore que cai
Alguma aragem, tão livre, como a natureza quis.
Olha, irmão,
Por aqui, o mundo gira igual, louco, caótico e indiferente.
O sol volta a pôr-se magnífico em fogo, lá no horizonte
Há vidas que hoje se te vão juntar e amanhã
Sempre a vida brotará de outros seres e haverá novo sol.
Perdeste o respirar, o olhar, a magia desta Primavera
Saberás de nós nesse outro lado? Como tudo é insondável!
E assim nos deixaste sem queixas, sem remorsos, como um guerreiro.
Onde estarás agora?
As tuas coisas, os teus objectos estão iguais no seu canto
Mas não são mais os mesmos sem ti
E esperam, esperam, sem jeito.
No bosque dos meus afectos sinto-te mais perto
O rio escorre seus murmúrios e continua
Com as libélulas, os peixes, os minúsculos insectos
Tudo no seu ritmo natural de sempre.
Flores selvagens, os pequenos algodões e os fulgores.
É primavera, as aves cantam e tudo mexe,
Há sinais ao redor, há perfumes, há rastolhadas,
Seres da terra de que não sei o nome
E por vezes o vento, nas ramagens,
Que tudo agita e tudo harmoniza.
Olha, meu irmão
Oiço o Réquiem de Mozart e deixo-me sucumbir
É tão belo, é tão triste, tão fora deste mundo
Como tu estás, agora!
Se por alguma razão que não sei
Se por algum profundo mistério
Se também tu estiveres a ouvir…
Será, será que também te comoves?”
ROLANDO AMADO RAIMUNDO
24 DE MAIO DE 2020
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Voltamos à Poesia.
Como algumas vezes neste blogue, um lindíssimo Poema de Despedida. Também tenho alguns meus escritos e aqui divulgados, acenando Adeus a Pessoas que nos são queridas. Também de outras pessoas.
Muito bonito, este Poema.
De Rolando A. Raimundo, também sócio do CNAP – um dos organizadores e participantes nas Tertúlias do Círculo. Também um dos colaboradores do Boletim Cultural, tal como D. Olívia, Alma Mater do Círculo, ativa divulgadora e promotora da Cultura ligada à Poesia e Artes; António Diniz Sampaio e Luís Filipe Soares, sócio nº 1 e fundador da APP, organizador e dinamizador das Antologias de Poesia, das Maratonas e outras atividades culturais, nos anos oitenta do séc. XX.
A divulgação deste Poema insere-se num dos propósitos deste blogue que é a divulgação de Poesia de “Outros Poetas e Poetisas”! Desiderato bastante bem documentado, com Poesia. De elementos da APP, do CNAP, de “Momentos de Poesia”, da SCALA; de Pessoas de Aldeia da Mata.
Poucos blogues, ou nenhuns (?), neste universo (digital), realizam ação igual ou semelhante.
Eu também agradeço a amabilidade de todos os participantes, que desse modo também engrandeçam este universo particular e específico de Aquém Tejo.
(Foto? - Original de Cidade de Régio, vista do "Passadiço".)