Um Soneto de Manuel Valente!
«A Meus Paes»
«Noite silenciosa em que a tristeza
Fala baixinho ao coração aflicto…
Uma estrella sequer, se o céu eu fito
Brilhar não vejo na amplidão acesa
*
Dorme por toda a parte a Natureza
Na doce paz, no seio do infinito…
No entretanto afanoso eu ressuscito
Uma lembrança entre soluços presa.
*
Talvez que lá no meu Paiz distante
Onde vivem meus paes e irmãos queridos
(recordação que beijo a cada instante!)
*
Talvez nest`hora de silencio eterno,
Que os olhos todos cerrem-se endormidos
Que só não durma o coração paterno!...»
*
Manuel
Rio de Janeiro, 16/4/912
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Voltamos à Poesia. Num modelo clássico: o Soneto! Talvez a forma mais perfeita de expressão do sentimento poético. Para muitos apreciadores de Poesia, não é talvez, é de certeza.
Divulgamos, novamente, Poesia de “Outros Poetas”. Uma estruturação temática transversal ao blogue. Muitos textos poéticos de “Outros Poetas e Poetisas” constituem acervo de “Aquém-Tejo”.
Se quiser saber como surgiu este poema no blogue, é ter a amabilidade de ler os comentários do penúltimo postal “Rota Histórica de Flor da Rosa”. Aí se contextualiza o surgimento deste Poema.
Se quiser saber sobre Manuel Valente, faça favor de consultar.
Obrigado!
Segundo Mª J. Brito de Sousa, de “poetaporkedeusker”, “é o único dos sonetos dele que sobreviveu aos anos, às perseguições e aos exílios…”
A temática da Saudade dos Paes e Familiares, para quem está distante. Se faz favor, repare também na “ortographia”.
Muita Saúde e PAZ!